Maria Gabriela Wanderley Pedrosa

 PERSPECTIVAS ECOCRÍTICAS SOBRE OBRAS ARTÍSTICAS SUL-COREANAS CONTEMPORÂNEAS


Introdução

Em primeira instância, escolher apenas uma obra para ser lida pareceu menos estimulante do que exercitar meditações acerca de uma seleção de produções sul-coreanas contemporâneas. Naturalmente, uma obra daria a chance de maior debruçamento analítico, mas, mesmo correndo o risco de cair em superficialidades, optei por falar brevemente das seguintes obras: O zoológico (2007) (tradução minha); Okja (2017) e Chiclete (2009), pois sustentarei o argumento de que essas obras 1) obviamente são contemporâneas entre si, portanto, em algum nível, os temas dialogam, explícita ou implicitamente, e 2) pertencem a formas e artistas diferentes, sendo assim, não é um tema caro a apenas uma forma de expressão artística, ou a um autor, mas a um pensamento coletivo; 3) por fim, a entrada de leitura que escolhi foi a da perspectiva ecocrítica, uma linha de estudo teórico interdisciplinar e comparativo.

Essa perspectiva, em particular, foi escolhida em razão dos processos históricos, sociais e econômicos pelos quais a Coreia do Sul enfrentou. A abertura de novos mercados culturais no Leste Asiático nas décadas de 80 e 90 caminharam junto à negociações políticas. Essa abertura leva aos discursos levantados sobre a globalização e mudanças expressivas nas economias nacionais, mas, enfaticamente nas relações diplomáticas internacionais (OSWELL, 2006).

 

No caso da Coreia do Sul, abordar a globalização é também abordar as noções de liberalização e do desenvolvimento de novas tecnologias a partir da redemocratização que a Coreia do Sul viveu em 1987, fator crucial para o desenvolvimento econômico do país, que, logo em seguida, apesar de viver momentos de altas e baixas, conseguiu encontrar uma maneira de ser a potência econômica que é hoje. 

Esse avanço culminou no boom da exportação de seus produtos culturais para o resto do mundo, espraiando dramas, webtoons, produtos de beleza, a música pop, dentre outros. Consequentemente, é comum referir-se a um korean way of life, no qual o consumo excessivo é o centro dessa ideia. Portanto, em resumo, essa abertura econômica e política gerou uma exportação de produtos culturais (a ideia do processo de soft power), ocasionando uma necessidade de um consumo excessivo.

Com isso posto, acredito que essas obras supracitadas podem ser lidas por meio de um viés teórico que compreende a relação entre consumo, homem e natureza como ponto principal. Normalmente essa tríade gera problemas ecológicos – muitas vezes chamada superficialmente de “sustentabilidade”, pauta principal das principais discussões em todo o mundo, mas que, amiúde, continuam não entrando em questões fulcrais. Esses problemas ecológicos e suas consequências inevitáveis são de interesse dos estudos ecocríticos, ou de termos conceituais afins. Um dos tropos que estão sob o guarda-chuva da Ecocrítica, apontado por Greg Garrard (2006), é o estudo das representações sobre o tratamento em relação aos animais. 

As obras brevemente analisadas aqui, interdisciplinarmente e comparativamente, por meio de formas de expressão diferentes, estão se propondo a pensar sobre a violência contra os animais seja comendo-os ou expondo-os, analisando a representação deles dentro da cultura sul-coreana contemporânea. Se, como diz Greg Garrard (p. 215), “na década de 1980 (...) Hollywood produzia filmes que exploravam e reforçavam a teriofobia, ou o medo dos animais”, a trajetória hercúlea desses artistas sul-coreanos é inverter justamente esses papéis, transformando os humanos – aqueles que mastigam, olham e matam esses animais – como os verdadeiros monstros a serem temidos.

 

Olhos imperiais

Suzy Lee é uma autora sul-coreana que começou a publicar livros no começo da década de 2000. A artista trabalha com o que se chama de livro-imagem (o livro sem palavras). Em 2007, a autora lança O zoológico no qual retrata uma garotinha que vislumbra um pavão colorido no meio de um zoológico insípido e o segue até um espaço colorido – algo semelhante ao que acontece com Alice, no país das maravilhas, seguindo o coelho –, onde todos os animais, que deveriam estar enjaulados, estão livres como podemos observar na Figura 1.

A primeira página do livro é um gorila saindo de uma jaula em direção aos outros animais, em um espaço que explode cores. A paisagem se duplica: um pertence ao plano da imaginação e outro da representação de uma realidade. No primeiro plano, os animais são livres; já no segundo são aprisionados. De acordo com Garrard (p. 211), “os animais dos jardins zoológicos cruzam a mesma fronteira que os animais ferais (...), eles são objeto do olhar imperial que dirigimos aos animais selvagens, no qual nossa distância alienada é proporcional a nosso poder”.

O zoológico de Suzy Lee pretende romper com essa construção de selvagem x dócil, da representação cultural que se alimentou do espaço do zoológico, fazendo isso através das cores: o cinzento é o apagamento desses animais, colocando-os na posição do Outro; as múltiplas cores, no entanto, mostram esses animais se rebelando, como eles realmente são, livres e amáveis. No entanto, como podemos ver, também na Figura 1, o espaço cinzento está sem animais, e o outro está repleto deles; é como se a história estivesse invertida a fim de refletir sobre essa natureza animal e humana e seus locais de pertencimento.

 

Figura 1: página da tradução francesa de O zoológico, de Suzy Lee.

 

Outros exemplos, dentro do campo infanto-juvenil no qual se encontra a arte de Suzy Lee, é, por exemplo, o universo dos filmes de Madagascar (2005, 2008 e 2012) que conseguem demonstrar bem a fuga dos animais, seja de zoológicos ou de circos, sempre de ambientes hostis criados por seres humanos a fim de gerar um consumo de entretenimento. A diferença, no entanto, é que em O zoológico a fuga acontece num plano do maravilhoso todoroviano, visto que em algum momento esses animais têm de voltar ao zoológico, como se a única escapatória fosse por meio da imaginação infantil e, portanto, pura. Dessa forma, O zoológico explora a noção de que o Outro pode transgredir o olhar imperial que o enjaula e o acinzenta, mesmo que por um momento único. Nesse livro, Suzy Lee rompe com as expectativas convencionais ao questionar se o poder determina quem enuncia, ou quem tem o direito de enunciar, ou, ainda mais, quem tem o direito de olhar.

Em 2017, Bong Joon-ho lança Okja, uma história fabular sobre a relação amigável entre uma garota e um superporco – um animal modificado geneticamente. Esse filme pode ser lido como parte de uma trilogia, que aqui chamarei de “trilogia ecológica”, do diretor, começando por O hospedeiro (2006), Expresso do amanhã (2013) e terminando em Okja (2017). Os dois primeiros filmes, cada um com sua especificidade, giram em torno de tropos como o habitar na terra, apocalipse e futuros da Terra, temas pertencentes ao escopo ecocrítico. Okja se alinha à minha proposta mais fortemente, mas considero relevante pontuar que esses outros filmes versam sobre essa preocupação, além de pertencer a um mesmo autor.

A obra, bastante panfletária, tem o intuito de colocar o espectador frente a frente com a reflexão sobre consumo de alimentos de origem animal. Se em documentários como A carne é fraca (2005), Terráqueos (2005), Cownspiracy (2014), What the health (2017) e o mais novo (a despeito das críticas que se fazem aos dados apresentados no documentário) Seaspiracy (2021) não poupam o espectador das imagens explícitas, o filme de Bong Joon-ho, apesar de perfazer um caminho por meio da convergência de gêneros cinematográficos, ainda se mostra como um produto do ecohorror da indústria do agronegócio, mesmo com todos as layers que compõem o filme. Durante um evento promocional, o diretor declarou que para a concepção de Okja, ele visitou abatedouros e viu documentários sobre o assunto, decidindo, até mesmo, parar de comer carne. No entanto, quando voltou à Coreia do Sul, encontrou o “paraíso do churrasco”, onde em cada esquina há um churrasco sendo feito, então voltou paulatinamente a ingerir alimentos de origem animal – processo semelhante ao que passou a autora Han Kang do romance sul-coreano A vegetariana.

Assim como em O zoológico, a discussão sobre a representação construída do que é um animal dócil e o que é um animal selvagem volta à tona. Okja é gigante, mas bastante dócil e apegado à Mija, sua amiga humana. Em um percurso comparativo, o Okja assemelha-se às esculturas hiper-realistas da artista australiana Patricia Piccinini, que, assim como Okja, coloca crianças e seres não-humanos, mutantes, em uma atmosfera pacífica, como podemos comparar nas Figuras 2 e 3. Segundo a artista, o que lhe move esteticamente é a tentativa de compreender as relações entre pessoas e seres não-humanos, entre as criaturas e o meio ambiente, entre o artificial e o natural.  O ser infantil é o ator que irá mediar essas relações existentes tão distintas, sem um julgamento a partir da aparência. Mija se relaciona com Okja com leveza, encantamento e tranquilidade. Ambos, Bong Joon-ho e Patricia Piccinini, abordam questões éticas mais profundas através da emoção e da empatia, saindo da superficialidade dos discursos que circundam temas como sustentabilidade e biotecnologia, presentes atualmente em agendas de novos acordos mundiais.

 


Figuras 2 e 3: em cima, The long awaited, 2008, de Patricia Piccinini; em baixo, cena do filme Okja, 2017.

 

Olhos que não podem se fechar

Kim Ki-taek desembala o Chiclete (2009) com o poema Nossos olhares se encontraram, no qual o eu-lírico se depara com um ser que lhe parece estranhamente familiar. O outro “estava enfiado no couro de um gato/ O seu andar sobre quatro patas parecia-lhe um tanto desajeitado/ Como se estivesse habituado à posição ereta” (p. 13). O gosto do Chiclete já se acentua amargo e se iguala ao tom do poema O bicho, de Manuel Bandeira: o bicho não era um cão,/ não era um gato,/ não era um rato./ O bicho, meu Deus, era um homem. A relação entre esses dois textos, no início, não se mostra gratuita, uma vez que “uma literatura é uma língua, mas não isolada e sim em perpétua relação com outras línguas, outras literaturas” (PAZ, p. 123).

Assim, quebrando uma possível exoticidade que se busca inconscientemente em textos dos países do Leste da Ásia, o poeta demonstra que a civilização pós-industrial acaba gerando uma similitude, tirando algumas referências que localizam de onde as obras vêm. Nelson Ascher (2018, p. 9) afirma que “há provavelmente mais diferenças no interior de uma megalópole cosmopolita do que entre dois pontos do planeta, por mais afastado que estejam um do outro”.

Mesmo que, tanto aqui quanto lá, se compartilhem questões similares, o estilo de Kim Ki-taek permite uma vocalização única de seres não-humanos, trazendo uma crueza mordaz, provocando no leitor um incômodo lamurioso. A poesia do autor sul-coreano é tida como uma anti-poesia, talvez porque venha do âmago de questões geracionais vividas por ele: um homem que tem em média 60 anos e observou a convulsiva transformação pela qual passou a Coreia do Sul principalmente na metade do século XX.

O conjunto de poemas presentes em Chiclete é um dos exemplos mais proeminentes do que o professor Oh Hyung-yup (2015) chamou de “eco literatura” (tradução minha). Os estudos dessa “eco-crítica”, como chama Oh, começaram nos anos de 1990 com uma publicação na Foreign Literature, de Kim Seong-Kon. Posteriormente a esse “marco”, o autor aponta três ramificações, as quais ele chama de: Literatura Verde, Literatura de Vida e Literatura Ambiental, mesmo que ao final do artigo de opinião, o professor aponte para uma nebulosidade dos conceitos, que demonstram afinidades teóricas, a fim de compreender melhor o livro supracitado, irei enquadrá-lo às discussões do que ele chamou de “Literatura de Vida”, que seria: “ a literatura que cresceu a partir da percepção de que precisamos enfrentar esses tempos desumanizadores onde a cultura de matar governa e a vida humana é marcada pela destruição da ecologia natural” (tradução minha, s.p.). Nesse sentido, a Literatura de Vida seria uma defesa acerca de uma expansão do entendimento sobre a noção de vida e de toda matéria orgânica ou inorgânica.

Desde os anos 80, especialmente no ano de 1988, com os Jogos Olímpicos em Seul, uma data que marca uma das novas eras vivenciadas pela Coreia do Sul, traz consigo um alto nível de consumo. Conforme os pensamentos de Sanggum Li (2016), esse quadro irá impregnar os temas discutidos pelos artistas que começam suas produções na década de 2000.

Havia uma tendência crescente por uma vida material mais fina, diversificada e complexa, a fim de atender a necessidade desses consumidores, mudando a própria Coreia do Sul. Por causa desse consumo excessivo, Nelson Ascher (2018, p. 11) reflete que sociedades, como a sul-coreana, que “já deixaram para trás o pior dos flagelos ancestrais, a fome, e que padecem antes do excesso de comida”, começam a fazer nascer no seio da sua sociedade pessoas com asco dessa exacerbação.

Se em Okja Bong Joon-ho usa uma luva de película, aqui, nos poemas de Chiclete, é tudo muito sinistro, como, a título de exemplo, em Panceta de porco, o eu-lírico volta para casa depois de um churrasco, mas “o cheiro da carne não sai do corpo” e esse cheiro evolui para um odor “nauseante de onde ainda restam gritos e esperneios” (2018, p.14). Já no poema que dá título ao livro, temos um objeto comestível que lembra uma “memória da carnificina” inerente aos acontecimentos da vida humana.

O mastigar do chiclete, simbolicamente, remete às violências sofridas, aos traumas, medos e angústias que os corpos (mortos e vivos) e as paisagens guardam. Diferente do primeiro tópico do meu argumento, neste eu compreendo a existência de uma angústia presente no ser humano que ganha a consciência da violência sofrida pelo Outro, no caso, o animal. Esse tema obsessivamente tratado por Kim Ki-Taek é o fio condutor de outro romance sul-coreano: A vegetariana.

Em 2007 tem-se a publicação do livro A vegetariana, da Han Kang, em que uma mulher, chamada Yeong-hye, decide parar de comer carne e esse ato leva a situações trágicas entre ela e seus familiares. Aqui me cabe dizer que a carne evitada pela protagonista se mostra como algo simbólico. A Yeong-hye começa a ter pesadelos e se ver em locais de abates de animais suja de sangue. Ela não consegue dormir por causa dos pesadelos, que parecem atormentá-la até mesmo quando está acordada, semelhante ao peixe do poema Peixe assado, de Kim Ki-Taek: “olhos privados de pálpebras/ que jamais podem ser fechados, /quando o sono vem” (p. 33). Uma possibilidade de leitura do romance é de que o ato de parar de comer carne diz respeito à imaginação de outro corpo, livre das sistemáticas violências sofridas. A intenção é obter um corpo livre de regulamentações, a fim de existir a possibilidade de fechar os olhos novamente tanto em Kim Ki-Taek quanto em Han Kang.


Considerações finais

Os animais tomados como monstros se tornam dóceis por meio das palavras e lentes desses autores sul-coreanos. Os animais que fogem da jaula para alhures; o eu-lírico, que como um pseudo “narrador ausente” (GARRARD, 2006), como faz Kim Ki-Taek, mostra de forma quase documental as mortes dos minipolvos, peixes, galinhas e bois, como se a ele nada importasse, como se só estivesse mostrando a realidade, mas, na verdade, os versos carregam mananciais críticos às indústrias e ao modo de vida que as pessoas vêm levando, principalmente na sociedade sul-coreana. 

As perguntas que ficam a partir do levantamento dessas discussões são as seguintes: quando deixamos de olhar o Outro como o Outro, que preceitos sociais e morais são rompidos? Quando isso transmuta-se em uma arma de combate? Esse combate é puramente eficaz, ele completa o seu ciclo?

Já em 1989, Félix Guattari (2012, p. 17) pensa que se não houver um rearranjo no que ele chama de “três ecologias”, pode-se começar a observar uma “escalada de todos os perigos: os do racismo, do fanatismo religioso, dos cismas nacionalitários caindo em fechamentos reacionários, ou da exploração do trabalho das crianças, da opressão das mulheres...”. Octavio Paz (2013) vai dar contribuições nessa esteira de pensamento, refletindo que o futuro não mais é um depositário de perfeição, mas sim de uma paisagem de horror, assim vimos em Okja e Chiclete, principalmente. Além disso, Paz diz que “a rebelião do corpo é também a rebelião da imaginação”, vimos isso em O zoológico, de Suzy Lee.

Essas obras mostram, por fim, que “se um ser sofre, não pode haver justificativa moral para nos recusarmos a levar em conta esse sofrimento” (SINGER, 1983 apud GARRARD, 2006, p. 193). A rebelião deve vir pelo Outro, mas também pelo Eu. Vilém Fussler (s.p., s.d.) diz que “a humanidade representa apenas uma das milhões de espécies de animais e plantas que povoam a Terra, e compartilha com elas não apenas a matéria da qual são compostas (...) senão também uma história e um destino comuns. Todas essas espécies se formaram (...) do mesmo caldo primordial”. O que fica parece ser que independente da forma de rebelião, o importante é jamais tapar os olhos como aponta Guattari.

 

Referências

Maria Gabriela Pedrosa é mestranda no Programa de Pós-Graduação em Letras, na área de Teoria da Literatura e bolsista do programa Capes. Atualmente é pesquisadora associada do CEÁSIA (Centro de Estudos Asiáticos) e membro do NELI (Núcleo de Estudos em Literatura e Intersemiose), ambos localizados na UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). E-mail: mariagpedrosa@gmail.com.

ASCHER, Nelson. Alimento para a mente. In: Chiclete. Rio de Janeiro: 7Letras, 2018.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Kafka: Por uma literatura menor. Belo Horizonte, Autêntica, 2014.

FUSSLER, Vilém. Seres de outro mundo. Disponível em: http://www.flusserbrasil.com/art42.html.

GARRARD, Greg. Animais. In: Ecocrítica. Brasília: Ed. Universitária de Brasília, 2006.

GUATTARI, Félix. As três ecologias. Campinas, SP: Papirus, 2012.

IM, Jung Yun. Traduzindo os cheiros do “Chiclete” de Kim Ki-taek. Cad. Trad., Florianópolis, 2019.

LI, Sanggum. Modern Literature after the 1960s in Korea. International Journal of Area Studies, 2016.

NATIONAL PORTRAIT GALLERY. In the flesh. Nov – Dez, 2015. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3XKSpWxR5tA.

OH, Hyung-yup. Issues and Trends in Korean Eco-Literature. In: Korean Literature Now, Vol. 29, 23 de outubro, 2015. Disponível em: https://koreanliteraturenow.com/essay/musings/issues-and-trends-korean-eco-literature.

OSWELL, David. Between Globe and Empire. In: Culture and Society: an Introduction to Cultural Studies. Londres: Sage, 2006.

PAZ, Octavio. Filhos do Barro. São Paulo: Cosac Naify, 2013. 

16 comentários:

  1. Prezada Sra. Maria Gabriela Wanderley Pedrosa, congratulações pela Comunicação. Gostaria de compartilhar uma questão suscitada pela leitura desta Comunicação: as fontes por você abordadas, por acaso, se baseiam em alguma percepção de dissolução do sujeito histórico, rigidamente delimitado segundo noções de indivíduo trabalhados pelo que se costuma denominar modernidade? Há alguma referência a paradigmas de culturas antigas, pré-medievais no caso específico do Ocidente europeu, ou de culturas asiáticas, africanas, oceânicas ou ameríndias, imbuídas de uma ênfase muito maior na relação entre modos de vida do que na ênfase rígida sobre a individualização dos elementos de interação sócio-biológica? Há esta perspectiva na cultura sul-coreana, seja em seu passado, seja em seu presente?
    Desde já agradeço pela atenção...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Matheus, boa noite! Agradeço o tempo que você colocou na leitura do meu texto, fico extremamente agradecida. No entanto, preciso ser mordazmente sincera: algumas questões levantadas por ti podem ser respondidas em estudos até de tese, não sei se conseguiria abraçá-las, mesmo que de forma breve por aqui, pois não tenho esse amplo conhecimento que você me propôs a pensar - mas que pensarei a partir de hj. Tentarei, no entanto, responder algumas delas.

      No entanto, caso eu tenha compreendido bem, a questão que você levanta em relação à paradigma sobre a cultura asiática, sim, há, aliás, cultura asiática seria muito ampla, porque sabemos que a Ásia comporta diversos países e identidades, mas há sim, sobre a cultura sul-coreana, no texto citado do professor Oh Hyung-up e até mesmo nos próprios prefácios dos autores literários aqui trabalhados. Existe uma produção nessa esteira que pode ser chamada eco literatura (no caso da coreia do sul), e vem sendo amplamente estudada desde a década de 90, e com ela as suas especificidades. Então, tanto no passado quanto no presente está presente teoricamente essa preocupação.

      Espero que possamos futuramente criar diálogos e trocas de ideias, Matheus. Gratidão, novamente, pela leitura e pelas tão espinhosas perguntas - bons espinhos.

      Abraço grato,
      Maria Gabriela Wanderley Pedrosa

      Excluir
  2. Primeiramente, meus parabéns pelo texto, Maria!

    Estou estudando o apreço da natureza pelos japoneses e gostei muito das suas reflexões, gostaria de saber a sua opinião no que se refere as obras sul-coreanas, você acha que essa tendência ecocrítica é recente ou podemos ver em obras mais antigas da Coréia do Sul? Outra dúvida é se nessas obras, poderíamos ver uma relação peculiar com a natureza, nesse caso, com os animais se compararmos com a visão ocidental?

    Narumi Ito.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sua resposta não poderia ser mais completa, Maria. Claro que sobre esse assunto poderíamos ficar conversando por muitos dias... Que legal, será que foi o curso de inverno, onde eu falo sobre cerimônia de chá? Acho que sou eu sim, tb apresentei na Abralic kk. Eu gostei bastante de Okja e achei muito legais as outras manifestações artísticas que vc trouxe. Seu texto ficou excelente, obrigada pela resposta atenciosa, não sei se vc estuda realmente isso, mas acho que vc está no caminho certo e nossos trabalhos fazem bastante diálogo. Se vc tiver instagram, me segue para eu te acompanhar lá: @narumi.ito21.

      Abraços,
      Narumi Ito.

      Excluir
    2. Olá, Narumi! Antes de mais nada: eu acompanhei uma aula sua no último curso da USP sobre cultura japonesa e cheguei a ver sua apresentação na ABRALIC (espero não estar te confundindo com outra pessoa rs), gosto muito do teu trabalho!
      Bom, em relação à primeira pergunta: do que eu já li/estudei, a perspectiva ecocrítica coreana teve como um “marco” a publicação de Towards a Literary Ecology, que foi um artigo de Kim Seong-Kon na edição de inverno da Foreign Literature em 1990, ou seja, há pelo menos três décadas já se estuda consistentemente essa perspectiva na literatura sul-coreana. A partir disso, tiveram outras publicações teóricas sobre o assunto, e essa perspectiva se ramificou no que o professor Oh Hyung-yup chama de Literatura Verde, Literatura Ambiental e Literatura da Vida. Esse interesse pelo estudo também suscitou a criação da ASLE – Associação para o Estudo de Literatura e Meio Ambiente (algo assim). A ASLE também tem em outros lugares do mundo, como aqui no Brasil (inclusive esse ano teve um evento organizado por eles) e no Japão também.
      Eu parto do princípio de que se há um campo teórico fértil sobre o assunto é porque existe um campo fértil de produção literária sobre. Tem um livro tradução para língua portuguesa chamado O pássaro que comeu o sol: poesia moderna coreana, traduzida pela professora Yun Jung Im. Eu não consigo retratar aqui todos os poemas, mas são recorrentes nessa seleção de poemas os poemas que têm a recorrência da natureza, como um escapismo do mundo real. É chamada de moderna, mas a professora Yun pontua que poderia ser chamada de poesia da era colonial, que vai até 1945, com a derrota do Japão na 2° Guerra Mundial, saiu do território coreano. Aí essa poesia parece ter traçado dois caminhos: um de derrotismo e outro de escapismo. O de escapismo se manifestou por meio justamente da fuga em direção à natureza e à paisagem pastoral. O poeta Kim Sang-yong é chamado de poeta pastoral, e é tido como um poeta que renúncia o mundano (pastoral é uma das formas que mais tem moldado as nossas construções da natureza).
      Mas assim como nos poemas do Kim Ki-taek traz uma constelação de seres inorgânicos/não-humanos, nesses poemas você pode observar os títulos: orquídea, dor das estrelas, noite, pranto apocalíptico, azaléias, mar 3, estrela cadente, corre um rio infinito, pradaria, cume, pequenos animais, montanha montanha montanha, pedra... Ou seja, ao que me parece, cada geração sul-coreana vai pensar/problematizar/estetizar os assuntos relacionados à biota dentro de um processo histórico.
      Em relação à segunda pergunta, eu acredito que sim: uma vez que compreendendo essas obras pelo viés ecocrítico, em cada cultura, a representação dessa natureza vai constituir-se o processo histórico, social e cultural daquele povo. Por exemplo, eu penso que os filmes com as figuras de zumbis do audiovisual coreano (dos que eu vi até agora) têm uma proposta diferente dos que as produções de língua inglesa. A reflexão sobre o Outro, sobre o tropos de guerra biológica, por exemplo, são diferentes, basta ver O hospedeiro do Bong Joon-ho, a primeira sensação que salta aos olhos (descaradamente) é a crítica antiamericana. Okja tem uma crítica ácida às figuras americanizadas, até mesmo aos ativistas pela causa dos animais. Eu acredito que nessas obras que eu trouxe, existe uma criticidade em relação a essa troca entre o ser-humano e o não-humano, que eu ainda não tive contato em outras obras ocidentais.
      Não sei se consegui te responder satisfatoriamente, mas fico muito feliz que tenhas gostado do texto! Gratidão pela leitura!]
      Maria Gabriela Wanderley Pedrosa

      Excluir
    3. Narumi, já estou te seguindo por lá!
      Então, eu fui apresentada a esse campo teórico no final da graduação, não me aprofundei nele até chegar na leitura de "A vegetariana", meu objeto de análise na dissertação.
      Depois disso, eu comecei a procurar alguns autores que discutissem esse tema, findando nesse trabalho que surgiu de uma disciplina do metrado. Ainda estou em construção teórica sobre a ecocrítica e tudo que a circunda, mas espero que possamos estabelecer diálogos interessantes daqui pra lá! Abraço gratíssimo!
      Maria Gabriela Wanderley Pedrosa

      p.s: então foi isso mesmo, foi no curso de inverno da usp e na abralic, no simpósio de ecocrítica comparada eu acredito, massa, Narumi! :D

      Excluir
  3. Maria Gabriela, parabéns pelo texto! Ele está bem escrito e toca em pontos cruciais que estão sendo bastante discutidos na sociedade atual. Achei interessante a escolha e o direcionamento do seu texto. Ao pensar sobre a maneira como a Coreia do Sul investe em vender e expandir sua cultura, vem a tona também questões que nos fazem refletir até que ponto algumas coisas são aceitáveis. Acho que o seu texto versa basicamente sobre isso, não é? O que me incomoda é que muitas vezes acabamos por apontar o individual em um problema que individualmente não tem muita solução.
    Você pontua no seu texto a questão do estudo das representações e tratamentos. A imagética é sempre construída através das nossas vivências individuais e coletivas. O imaginário surge como forma de explicar coisas que ainda não estão tão bem resolvidas. Cito isso porque a construção da memória e do ser enquanto indivíduo está muito presa a como a sociedade se organiza. Então numa sociedade que está presa ao consumo, as vezes aparenta não existir realidade fora dele. Dai a importância da reflexão, o que somos sem o consumo? Chego até a me pergunta o que somos sem a nossa profissão. Acho importante pensar a questão da violência e da exposição animal sim, mas sem acusar o individual. As vezes perdemos a mão nisso.
    Um outro ponto que achei interessante no seu texto, foi a relação com o livro "A vegetariana" de Han Kang. Veja bem, uma mulher que se sente tão oprimida que escolhe a violência animal como simbolismo da sua própria dor. Esse livro me tocou de inúmeras formas. A saúde mental é trabalhada não só como uma causa individual, mas também coletiva. Como sempre é. Esquecemos muitas vezes disso.
    Já as duas poesias que você cita no texto, acho que elas convergem. um é o animal que "performa"o homem e o outro é o homem que "performa"o animal. Importante ressaltar que esses conceitos são criados, não são ao acaso. Existem vários livros que fazem esse mesmo movimento. Não sei explicar, mas ao ler o seu texto me veio a mente o livro "O mestre e a margarida" de Mikhail Bulgákov. Nesse livro existe um gato que anda com as patas traseiras e se veste como humano. Fiquei me perguntando o porquê desse livro específico...
    Espero ler mais textos seus.
    Abraço!
    Maria Clara Pessoa de Moraes

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, Maria Clara. Agradeço a leitura atenta ao texto e pelos comentários e questões extremamente pertinentes levantadas por você. Primeiramente: “O mestre a margarida” está na minha lista há séculos, depois desse seu comentário, pulou para o começo da lista ��
      Você entornou grandes pensamentos, vou tentar coadunar minha fala-escrita de forma que eu consiga, mesmo que, por hora, respondê-la. Apenas uma questão que volto para você: quando você cita o imaginário, você se refere à teoria do imaginário (Durand, Bachelard, etc)? Se sim, não pensei o texto por meio dessa esteira.
      O Deleuze e o Guattari em “Kafka: por uma literatura menor” defendem que há várias formas de você entrar numa obra, ao que chamam de “tocas”. Pensando nisso, minha “toca” foi o campo de estudos a que se convém chamar de Ecocrítica, mas que aceita milhares e milhares de outros termos conceituais. Mas, seguindo o Greg Garrard, temos alguns pontos importantes da Ecocrítica, os quais, até a data de hoje, ainda concordo, sendo eles: 1 – o objeto da ecocrítica é o estudo da relação entre o humano e o não-humano (e dentro desses estudos você pode questionar o próprio conceito do que vem a ser humano); 2 – a Ecocrítica, nos postulados de Garrard e dos teóricos que ele segue, refletem que os “problemas de ecologia” são próprias dos estudos científicos, a serem verificados, por exemplo, em experimentos ecológicos, no entanto o ramo da Ecocrítica não vai se apropriar desses problemas de ecologia, mas sim dos “problemas ecológicos”, além disso, compreendo que a Ecocrítica está dentro de uma análise retórica mantendo uma relação com um contexto social mais amplo, ou seja, não são identidades fixas, desenvolvendo-se historicamente. Por não serem estritamente fixas, entendo que, por essa razão, a ecocrítica permite um estudo interdisciplinar – ou indisciplinado – sobre o objeto (ou objetos) em questão.
      Isso para chegar ao ponto em que escolho analisar algumas obras a fim de observar como esses artistas produzindo tão próximos uns dos outros versam sobre esses tropos e posturas temáticas similares, concebendo uma representação desses problemas ecológicos, causados por atitudes antropocêntricas e de um sistema de dominação e exploração; além dos filmes citados do Bong Joon-ho, temos o livro infantil Flora Hen, outro livro da Suzy Lee, Ondas, os filmes e dramas que tem os zumbis como figuras centrais (Invasão Zumbi, #Alive, Sweet Home e Kingdom), etc., etc. Parece-me uma constante, talvez uma crise de representação – me questiono isso enquanto escrevo para você – sobre a relação entre esses seres humanos e não-humanos nas obras sul-coreanas? Não me parece impossível, uma vez que na década de 00, ocorreu uma crise de representação na literatura infanto-juvenil sul-coreana, o que mudou a estética e os temas até então trabalhados por lá.
      Em relação à Vegetariana, da Han Kang, é uma obra que suscita muitas entradas. Esse livro, no entanto, em algum nível dialoga com o Kim Ki-Taek, no ponto temático; pode-se até ler A vegetariana à luz da teoria ecofeminista (Donna Haraway, Carol J. Adams, etc.), no entanto, minha visão, é de que seria uma leitura muito reducionista, uma vez de que, para além dessa questão entre o consumo da carne relacionado às questões de gênero, tem a questão da saúde mental, da sexualidade, da quebra de hierarquia social e muitos outros pontos que, naquele livro, em alguns momentos são locais, mas se querem universais. Interessante que na tradução da Professora Yun Jung Im ela optou por traduzir como Árvores-em-flamas, que remete a um quadro de Van Gogh, que tem uma história autobiográfica – e nas suas obras de artes – calcadas na questão da saúde mental. Tem um livro chamado “O pássaro na gaiola” dele, que sempre relaciono muito com A vegetariana. E concordo com você: esse livro também me tocou de diversas formas (tanto é que se tornou o objeto da minha pesquisa de mestrado), é um livro caudaloso em relação à temas e relações intersemióticas e intertextuais.
      Maria Gabriela Wanderley Pedrosa

      Excluir
  4. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  5. Suéllen Sulamita Gentil de Oliveira7 de outubro de 2021 às 07:49

    Olá, Maria Gabriela! Tudo bem?

    Foi um prazer enorme ler o seu texto. Gostaria de começar já pontuando que adorei o seu estilo de escrita. Você conseguiu pegar um tema academicamente denso e não convencional e trazê-lo para perto de nós, de forma simples e fluída, o que não é uma tarefa fácil. Me senti tendo uma conversa agradável com uma amiga pesquisadora.

    Obrigada pelas reflexões suscitadas. Destaco aqui o trecho que mais me marcou em seu trabalho: 'Dessa forma, O zoológico explora a noção de que o Outro pode transgredir o olhar imperial que o enjaula e o acinzenta, mesmo que por um momento único. Nesse livro, Suzy Lee rompe com as expectativas convencionais ao questionar se o poder determina quem enuncia, ou quem tem o direito de enunciar, ou, ainda mais, quem tem o direito de olhar.'

    E ainda partindo dessa obra, gostaria de saber um pouco mais sobre o que você chama de "maravilhoso todoroviano" e se você pode indicar materiais de leitura para quem deseja conhecer mais a respeito.

    No mais, como uma entusiasta da literatura e da cultura coreana, já adicionei todos os livros que você cita a minha lista de futuras leituras.

    Mais uma vez, parabéns pelo trabalho!

    Suéllen Gentil

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Suéllen! Fico extremamente grata com as palavras doces e com o olhar atento e amigo ao meu trabalho!

      Em relação à tua questão, no livro da Suzy Lee, podemos perceber um espaço dividido entre a realidade e o mágico. O primeiro é onde se encontra o tal do zoológico, já o segundo, e aí vem o "maravilhoso todoroviano", é um espaço onde a menina encontra os animais num lugar em que eles podem brincar/ se divertir, e em nenhum ponto da obra há um estranhamento da menina em relação a esse espaço lúdico, vamos dizer assim. Ela só vai.

      Na minha leitura, esse espaço se assemelha ao que o Tzvetan Todorov vai chamar de "maravilhoso", no livro "Introdução à Literatura Fantástica", que é: no maravilhoso os elementos sobrenaturais, ou de ordem tidas como normais (como é o caso de não ter animais no zoológico), não irá provocar reação nos personagens, nem no leitor implícito. Agora, o Todorov já deixa a semente de que esse maravilhoso pode ser "impuro" (para trazer um termo de André Bazin para a roda), ou seja, ele pode ter outros elementos. Então além do próprio Todorov (que tem esse estudo um pouco mais estruturalista) tem a Irlemar chiampi com "O realismo maravilhoso", outra corrente. Dentro desses dois autores você pode encontrar mais referências para o conceito.

      Espero ter respondido tua dúvida e, novamente, obrigada pelo olhar sempre atento e alerta. Gratidão!
      Maria Gabriela Wanderley Pedrosa

      Excluir
  6. Olá, Maria Gabriela! Parabenizo-a pelo seu trabalho! Ele possui uma escrita fluida e ideias abordadas de maneira clara mas sem perder a profundidade necessária. A sua perspectiva ecocrítica em cima das obras literárias e cinematográficas citadas é muito interessante e me fizeram lembrar de pontos da teoria marxista que pensam no fim do capitalismo como o encerramento das variadas formas de opressão, inclusive do ser humano sobre a natureza, ponto central do seu trabalho. Penso que essa perspectiva teria muito a acrescentar na sua pesquisa. O próprio Bong Joon-ho é abertamente um grande crítico ao capitalismo, e suas reflexões quanto a isso ficam claras em filmes citados por você, como O Hospedeiro e Okja, além do badalado Parasita, mas que não entra no tema da discussão aqui presente. Gostaria de saber o que você pensa a respeito dessa conexão entre a teoria marxista e o seu materialismo histórico com a perspectiva ecocrítica de análise abordada por você aqui. Parabéns mais uma vez pelo trabalho e espero ler outras produções suas.

    Ronaldo Sobreira de Lima Júnior

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Ronaldo!

      Agradeço às palavras e a leitura atenta! A indagação feita por você foi importantíssima para uma futura expansão do meu trabalho, porque, muito bom você citar a teoria do marxismo, o Greg Garrard traz uma espécie de "geralzão" da ecocrítica. É um livro que pode ser considerado datado em algumas questões, mas ainda sim, o vejo com grande importância para o início dos estudos ecocríticos, principalmente, para os estudantes e pesquisadores brasileiros. Bom, nesse livro ele traz algumas posturas da Ecocrítica, uma delas eu já citei na resposta de Maria Clara, o ecofeminismo, dentro dele há vários pesquisadores (as), bem como há o ecomarxismo ou ecologia social.

      Nessa postura, o Greg Garrard aponta haver um temor em um dia ultrapassarmos a capacidade dos sistemas naturais, levando a uma escassez. Essa 'escassez' não é nada decorrente do mundo natural/natureza, mas sim do processo baseado na vontade dos meios do capital, que norteia a produção e a criação de novas tecnologias. No entanto, o Garrard fica com o pé atrás tanto com o ecomarxismo quanto com a ecologia social, por isso, eu não utilizei especificamente essa linha de pensamento, porque também não as estudo em profundidade, mas anotarei aqui para, possivelmente, aplicá-las na esteira de pensamento em que construí esse texto.
      Novamente, agradeço o insight e a leitura. Gratidão.

      Maria Gabriela Wanderley Pedrosa

      Excluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.