Leonardo Paiva Monte

 A HOMOSSEXUALIDADE NA COREIA DO SUL: APONTAMENTOS HISTÓRICOS


Introdução

Alguns avanços nas questões de direitos LGBT+ têm emergido no Leste Asiático. O Tribunal Constitucional de Taiwan, por exemplo, solicitou ao governo a autorização para a realização de casamentos entre pessoas do mesmo sexo, o que acabou ocorrendo em 2019, pela primeira vez na Ásia. Por sua vez, a Coreia do Sul (CS), uma democracia liberal com economia capitalista avançada e uma sociedade heteronormativa, ainda apresenta poucas mudanças no que se refere à vivência e direitos de pessoas LGBT+. No entanto, avanços jurídicos e sociais para essa população aumentou nos últimos vinte anos. Grupos LGBT+ são politicamente ativos, não apenas em Seul (a capital coreana e maior região urbana), mas nas regiões periféricas, incluindo Busan (a segunda maior área urbana) [Hsu & Yen, 2017; Phillips & Yi, 2019].

A mentalidade aversa a vivências LGBT+ pode ser parcialmente compreendida quando se observa como a sociedade coreana tem sido talhada por ideologias oriundas do Confucionismo. Essa forma de perceber o mundo encara a homossexualidade como antinatural e fornece subsídios para atitudes negativas quanto a experiências, práticas e direitos de pessoas LGBT+ (Nguyen & Angelique, 2017; Youn, 2017].

O Leste Asiático tem sido historicamente patriarcal conforme as influências do Confucionismo. De origem chinesa, entranhou-se na região, afetando também a Coréia do Sul. No Confucionismo, a família é descrita em termos heterossexuais e dá à ideia de família uma maior relevância no que diz respeito ao valor do indivíduo e interfere no lugar ocupado pelos sujeitos na comunidade. No confucionismo coreano, a sociedade é vista como uma extensão da família. Esta está profundamente relacionada à harmonia social. Não poderia haver pior destino do que envergonhar a família. Somados, esses diferentes fatores contribuíram para estabelecer a heterossexualidade como a principal norma social e ética na CS [Kim & Hahn, 2006; Fylling, 2012].

Em sociedades predominantemente confucionistas, pessoas LGBT+ se preocupam mais com a discriminação vinda de seu núcleo familiar do que da esfera político-governamental [Yi & Phillips, 2015]. A homossexualidade não é ilegal ou patológica na CS. Entretanto, permanece como um tabu. Dessa forma, pessoas LGBT+ estão sujeitas ao estigma social e discriminação [Youn, 2017].

A religião fornece as justificativas para a adoção de atitudes em relação à homossexualidade. Pessoas religiosas desaprovam mais a homossexualidade do que pessoas não religiosas. No final do século XX, muitos religiosos coreanos declaravam que a homossexualidade era uma consequência do estrangeirismo e imoralidade ocidental. Os protestantes conservadores têm lutado ativamente contra os direitos de LGBT+. Em 2007, por exemplo, uma lei antidiscriminação foi apresentada, mas foi retirada sob pressão cristã. O ex-presidente Lee Myung-Bak (2008-2013), alinhado ao protestantismo conservador, se opôs à legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, referindo-se à homossexualidade como “anormal” [Youn, 2017].

O propósito do artigo é apresentar alguns pontos referentes às experiências históricas da população LGBT+ na Coreia do Sul. Assim, perceber que experiências homossexuais não são uma invenção estrangeira recente, mas esteve presente na história coreana. Registros históricos contêm algumas referências possíveis. E em época mais recente, a emergência de espaços de sociabilidade e a atuação de grupos de direitos LGBT+ são pontos importantes para a conquista de direitos.

 

Homossexualidade na história coreana: da realeza a artistas

Fontes sobre experiências homossexuais na Coreia pré-moderna são escassas. As evidências que podem ser encontradas em obras como Koryosa Choryo (traduzido para o inglês em 1452), Samguk Yusa (supõe-se que tenha sido escrito no século XIII com algumas adições posteriormente) e Chosŏn Wangjo Sillok (escritos entre 1413 a 1865) sugerem que a homossexualidade masculina pode ser encontrada em diferentes momentos da história coreana. Os registros históricos apresentam, por exemplo, evidências de práticas sexuais entre pessoas do mesmo sexo ou a presença de comportamentos não condizentes com o esperado de determinado gênero entre membros das famílias reais [Johannemann, 2021].

Ao contrário de vários outros países do Leste Asiático, como a China, a CS não tem uma história de atividades e tradições culturais entre pessoas LGBT+ [Martin & Berry, 2003, p. 91). Um dos primeiros registros é sobre a vida do rei do Reino de Silla (57-935), Hyegong, que reinou entre 765 e 780. Subindo ao trono aos oito anos de idade, afirmava ter nascido como uma mulher, mostrando interesse sexual no sexo masculino. Acabou sendo assassinado por membros da corte em 780, supostamente em reação a sua sexualidade assumida [Lee, 2000].

O Rei Mokchong (monarca entre os anos 997 e 1009) era aparentemente bem conhecido por seus relacionamentos masculinos. O Rei Chungseon (1298 e volta ao trono de 1308 a 1313) supostamente tinha um relacionamento de longo prazo com um homem conhecido como Weonchung [Naaranoja, 2016]. Talvez o mais conhecido entre esses personagens seja o Rei Kongmin (governou entre 1352 a 1374), que se sentia atraído por outros homens, incluindo seus guardas pessoais com os quais foi dito ter relações sexuais [Kim & Hahn, 2006, p. 62; Lee, 2000, p. 274].

Durante a Dinastia Koryŏ (918-1392), as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo eram supostamente comuns entre os membros da aristocracia. Essas práticas sexuais eram chamadas de yongyang-chi-chong. A tradução do termo está sujeita a discussões. Alguns sugerem que significa “o dragão e o sol”, referindo-se à união de dois símbolos masculinos [Kim & Hahn, 2006].

Em um movimento para se distanciar do comportamento de partes da aristocracia Koryŏ, práticas sexuais entre pessoas do mesmo sexo passaram a ser vistas como negativas durante a Dinastia Choson (1392-1910) [Kim & Hahn 2006]. Neste contexto, entretanto, pode-se citar outro caso na realeza durante o reinado do rei Sejong (monarca entre os anos 1418 e 1450), famoso por criar o alfabeto coreano Hangil. A princesa Pongssi, nora do rei, manteve relações sexuais com suas criadas e foi consequentemente expulsa da corte e rebaixada ao status de plebeia [Johannemann, 2021].

O hwarang (cujo significado seria algo como “jovens flores”, “garotos flores”) oferece um outro exemplo da homossexualidade antiga na Coreia. Eles eram líderes de um grupo militar da Dinastia Silla (57 AC - 935 DC.), escolhidos entre os filhos da nobreza. Seu papel principal era lutar contra inimigos e promover o bem-estar comum. Além de defender Silla, os hwarang são admirados por sua beleza, assim como pelo afeto e lealdade que demonstram por seus companheiros. Isso envolve até elementos de erotismo, o que pode ser observado na poesia da época encontrada no Samguk Yusa [Kim & Hahn, 2006; Johannemann, 2021].

Existem também registros de práticas sexuais entre pessoas do mesmo sexo e de sujeitos performando em trajes e maquiagens destinados ao sexo oposto. Um exemplo disso é o Namsadang - trupes itinerantes de artistas. Esses grupos eram divididos em membros “machões” (sutdongmo) e “rainhas” (yeodongmo); estes últimos eram responsáveis pelos papéis femininos e, aparentemente, pelo papel submisso nas relações sexuais [Naaranoja, 2016]. Os “machões” podem ter permitido que as “rainhas” agissem como prostitutos nas aldeias. Os membros novatos eram jovens que deixaram suas casas quando o Namsadang atravessara sua região. De maneira mais geral, entre seus participantes, as práticas sexuais e relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo e a prostituição masculina eram comuns e bem conhecidos [Shim, 2013; Kim & Hahn, 2006, p. 62].

 

Grupos LGBT+ na atualidade

Sob os regimes autoritário e militar de 1961 a 1993 na Coréia, a homossexualidade jamais se tornou um ponto de debate político, embora a aceitação da homossexualidade fosse mínima até a década de 1980. Na Pesquisa Mundial de Valores (World Values Survey – WVS) de 1982, quase 80% dos coreanos defenderam que a homossexualidade não seria justificável, e apenas 3,4% afirmaram que sim [Youn, 2017].

Organizações voltadas a pessoas LGBT+ antes da abertura democrática no final da década de 1980 eram principalmente associações baseadas em pequenas empresas e reuniões locais, cujos objetivos eram desvinculados das representações políticas. A primeira organização de lésbicas estrangeiras e coreanas criada foi Safo, fundada por uma norte-americana em 1991. A organização estudantil Maum001, a organização gay Ch'in'gusai e a organização lésbica Kkirikkiri se estabeleceram durante a década de 1990, dando início à fundação da Associação de Direitos Humanos de Homossexuais Coreanos [Bong, 2008; Fylling, 2012].

A organizadora do Kkirikkiri fundou o Bar Lesbos em 1996, um local onde as pessoas, principalmente lésbicas, podiam se socializar. Em julho do mesmo ano, o Lapel, segundo bar lésbico, foi inaugurado em Itaewon. Em 1997, Schooner e Labris foram inaugurados em Sinchon, elevando para quatro o número total de bares destinados a mulheres lésbicas. Esses espaços, às vezes, eram empregados para a realização de vários eventos e performances, transformando-se em pontos importantes dentro da cultura lésbica e dos direitos humanos [Ohreum, 2020].

Em 2000, o primeiro evento público de “orgulho LGBT+” na Coréia foi um festival de cultura Queer, organizado por Kkirikkiri, Ch’in’gusai, grupos universitários e outras organizações. O objetivo era tornar a sociedade mais consciente da existência e atuação de homens e mulheres LGBT+ na CS, como acontece em outros festivais em Londres, Sydney e em outras partes do mundo. Em 2001, havia mais de trinta universidades com grupos LGBT+ [Fylling, 2012].

Em 2007, como reação ao anúncio da aprovação do ato antidiscriminação do Ministério da Justiça, grupos cristãos conservadores defenderam que a orientação sexual não deveria ser inserida na mesma categoria de gênero ou deficiência. Nesse embate político, sete cláusulas, incluindo aquelas relacionadas à orientação sexual, foram suprimidas. O ato foi encaminhado para aprovação, provocando reações que o qualificaram não de uma lei antidiscriminação, mas de lei pró-discriminação [Ohreum, 2020].

Como pode-se observar, pessoas LGBT+ têm enfrentado lutas em diferentes frentes em busca de igualdade. Além do espaço político, outro ponto se torna preocupação na vida social, a obrigatoriedade militar. Assumir-se gay ainda pode ser um problema, pois, cada soldado coreano passa por uma avaliação psicológica antes de entrar no exército. Se o homem for afeminado ou apresentar características que o avaliador julgue impróprias para o sexo masculino, o indivíduo acaba sendo qualificado como “deficiente mental”, logo, impróprio para servir [Kim, 2012].

O serviço militar é aceito pela maioria de homens e mulheres na Coreia do Sul. Aceito como um rito de passagem essencial para um jovem com o propósito de se tornar um homem adulto responsável pelos cuidados familiares. O alistamento militar coloca pressão psicológica entre os homens gays, uma vez que existe um estigma social contra aqueles que não fizeram parte das forças armadas. Soldados suspeitos de homossexualidade são dispensados de maneira desonrosa. Os soldados que se assumem como gays no serviço militar e são dispensados enfrentam desvantagens e discriminação para o resto da vida em uma sociedade que exige o serviço militar para todos os homens qualificados [Kim, 2012; Kim, 2016].

Apesar do crescente apoio, nem o principal partido de direita (Partido Coreia Liberdade) nem o partido “progressista” dominante (Partido Democrático da Coreia do Sul) avançam nas pautas referentes aos direitos LGBT+. Em 2017, durante a campanha presidencial, o líder do partido progressista e presidente sul-coreano, Jae-in Moon, ex-advogado de direitos humanos, declarou que não aprova a homossexualidade, o casamento entre pessoas do mesmo sexo ou legislação contra discurso de ódio e crimes contra a população LGBT+ [Phillips & Yi, 2019].

 

Conclusão

Na Coreia do Sul, a posição de grupos LGBT+ e o status legal da homossexualidade sofreram mudanças nas últimas décadas. As atitudes se tornaram muito mais favoráveis. Entretanto, essas atitudes em relação à homossexualidade são uma combinação paradoxal entre o contemporâneo e o conservador. Publicamente, o comportamento sexual é regulado por padrões estritos de decoro que legitimam o sexo apenas em um casamento heterossexual monogâmico.

Embora a Coreia não tenha um histórico de perseguição ativa a pessoas LGBT+, a cultura da desonra estimulada pelo Confucionismo tem sido bastante para forçar a homossexualidade a viver no armário. Os direitos dos homossexuais, portanto, ainda não são reconhecidos pela sociedade coreana.

Como pôde-se observar ao longo deste texto, práticas sexuais entre pessoas do mesmo sexo deixaram suas marcas ao longo da história coreana, ainda que esse aspecto histórico seja desprezado propositalmente por opositores das leis antidiscriminação. Já no final do século XX e nas primeiras décadas do século XXI, pessoas LGBT+ têm buscado lutar por igualdade e fim da discriminação. Grupos religiosos têm agido ativamente contra quaisquer medidas contra o preconceito. São inimagináveis os danos psicológicos e sociais que viver sob pressão familiar, cultural e religiosa podem causar na vida de alguém. Que a tradição não seja mais uma desculpa para defender a desigualdade, mas que seja transformada e comporte as diferenças.

 

Referências

Leonardo Paiva Monte é mestre em História Social pela Universidade de São Paulo (USP).

 

BONG, Y. “The Gay Rights Movement in Democratizing Korea” in KOREAN STUDIES, v. 32, p. 86 – 103, 2008.

FYLLING, E. Her story: Lesbians in Japan and South Korea. Master’s Thesis in East Asian Studies African and Asian Studies. University of Oslo. 2012.

HSU, C.; YEN, C. “Taiwan: Pioneer of the health and well-being of sexual minorities in Asia”. ARCH SEX BEHAV, v. 46, p. 1577 – 1579, 2017.

JOHANNEMANN, H. Gay identity formation in South Korea: The blessings and curses of Capitalism in a (Post-)Developmental State. In: NAVRATIL, M.; REMELE, F. Unerlaubte Gleichheit: Homosexualität und mann-männliches Begehren in Kulturgeschichte und Kulturvergleich. Bielefeld: transcript Verlag, 2021. pp. 81-112.

KIM, Y.; HAHN, S. “Homosexuality in ancient and modern Korea, Culture” in HEALTH & SEXUALITY, v. 8, n. 1, p. 59 - 65, 2006.

KIM, J. “Korean LGBT: Trial, error, and success” in CORNELL INTERNATIONAL AFFAIRS REVIEW, v. 5, n. 2, 2012.

KIM, N. Homosexuality Is a Threat to Our Family and the Nation”: Anti-LGBT Movement. In: The Gendered Politics of the Korean Protestant Right. Asian Christianity in the Diaspora. Palgrave Macmillan, 2016, p. 81–114.

LEE, J. “Remembered branches”. JOURNAL OF HOMOSEXUALITY, v. 39, n. 3-4, p. 273–281, 2000.

NAARANOJA, K. South Korean University students’ attitudes toward homosexuality and LGBT issues. Master’s Thesis East Asian Studies Faculty of Arts. University of Helsinki. 2016.           

NGUYEN, T.; ANGELIQUE, H. “Internalized homonegativity, Confucianism, and Self-Esteem at the emergence of an LGBTQ identity in Modern Vietnam” in JOURNAL OF HOMOSEXUALITY, v. 64, n. 12, p. 1617-1631, 2017.

OHREUM, K. “LGBT, We are living here now: Sexual minorities and space in Contemporary South Korea” in KOREAN ANTHROPOLOGY REVIEW, v.4, p. 1-37, 2020.

PHILLIPS, J.; YI, J. “Queer communities and activism in South Korea: Periphery-Center Currents” in JOURNAL OF HOMOSEXUALITY, p. 1–26, 2019.

SHIN, J. “Male homosexuality in The King and the Clown: Hybrid construction and contested meanings” in JOURNAL OF KOREAN STUDIES, v. 18, n. 1, p. 89–114, 2013.

YI, J.; PHILLIPS, J. “Paths of integration for sexual minorities in Korea” in PACIFIC AFFAIRS, v. 88, p. 123-134, 2015.

YOUN, G. “Attitudinal changes toward homosexuality during the past two decades (1994–2014) in Korea”. JOURNAL OF HOMOSEXUALITY, v. 65, n. 1, p. 100–116, 2017.

23 comentários:

  1. Olá, Leonardo! gostei bastante de seu texto, gostei muito dos pontos que você escolheu para abordar o tema. Diante disso, tenho algumas perguntas:
    1) Em que medida você acha que os obstáculos aos avanços de direitos às pessoas LGBTQIA+ na Coreia do Sul se deve à herança Confucionista ou Neoconfucionista? esses valores permanecem fortes ou estão sendo ultrpaassados?
    2) Atualmente, em que medida você acha que o militarismo compulsório na Coreia do Sul também contribui para a manutenção da violência sexual e de gênero, baseada em uma lógica normativa patriarcal?

    - Amanda de Morais Silva

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    1. Olá, Amanda.
      Os ideais confucionistas ainda permeiam na sociedade coreana (como o cristianismo no Brasil). Nas maiores cidades até existem outras visões de mundo, mas o espaço doméstico ainda se mantém conservador.
      O serviço militar tem um papel essencial na sociedade coreana. É um marcador de posições (quem é melhor, pior etc.) e o gênero e sexualidades são profundamente atravessados por essa fase. Existem estudos sobre os efeitos nocivos do militarismo para os LGBT+.

      Leonardo Paiva

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  2. Olá, Leonardo!

    Antes de qualquer coisa, preciso parabenizá-lo por seu estudo que é pertinente por demostrar, ainda que brevemente, o quanto é “escuro” e “assustador” o interior do armário sul-coreano e, consequentemente, o quão difícil é a assunção homossexual pelas ‘bandas de lá’.

    Ficou bem explicado o fato de a Coreia do Sul ser influenciada pelos ensinamentos do Confucionismo, espraiados na moral e na política. Nesse sentido, a homossexualidade seria um problema para o cumprimento e manutenção do modelo familiar (pai, mãe e filho/s); inclusive, algo semelhante acontece em sociedades ocidentes.

    Pergunto: Para além da defesa destinada à família “ideal”, qual outro modo de pensar, por interferência direta do Confucionismo, rechaça a homossexualidade?

    Obrigado!

    Antonio José de Souza

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  3. Olá! Estou apaixonada pelo seu artigo. É um tema realmente muito pertinente à atualidade e que me interessa (imagino o trabalho que deu para encontrar essas informações históricas). Parabéns pelo escrito.

    Consumo muito as séries coreanas e tem havido um aumento recente nas produções de BL (Boys Love). Além disso, muitos grupos de Kpop utilizam de insinuações LGBT em seus MVs - lembro que o grupo (G)I-dle foi até questionado sobre isso quando lançaram a música "Oh My God".
    Pensando nisso, como o governo sul coreano encara essas séries e músicas, visto que fazem parte da onda hallyu -movimento que foi amplamente instigado e financiado pelo Estado? Sei que costumavam alterar coreografias mais sexualizadas na hora de passar em alguns canais de TV, essa medida também se aplica a questões LGBT?
    Talvez eu tenha fugido um pouco de seu trabalho, contudo acredito que o que estamos vendo atualmente é uma falsa aceitação: enquanto o país está se promovendo/enriquecendo com cultura LGBT, ninguém se opõe, entretanto na hora de legislar certinho, de aceitar que o amor independente de sexo, as pessoas que deveriam se responsabilizar e tomar iniciativa, fingem não saber de nada ou permanecem com uma mentalidade fechada.

    Não sei se você terá uma resposta exata para minhas perguntas, mas agradeço muito a atenção. Fico feliz que tenha escrito este trabalho. Parabéns novamente.

    Abraço,
    Mayara Pereira Coelho Palandi Ruzene Bassanelli.

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    1. Olá, Mayara.
      Os estudos de gênero/sexualidade são recentes na Coreia. Os temas são tabu até na pesquisa. Felizmente este quadro tem mudado nas pesquisas.
      As questões de gênero e sexualidade não foram tópico de debate público por muito tempo por lá, logo não eram uma preocupação governamental. Nos anos 2000, algumas personalidades que se assumiam LGBT+ eram boicotadas da mídia. Acredito que esse quadro tenha mudado.
      O sistema capitalista abarca todos os grupos de consumidores e geradores de renda, sejam LGBTs ou não. Não seria diferente na CS. É uma liberdade limitada, já que a legislação ainda é conservadora.

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    2. Entendi, muito obrigada.
      Espero que a Coreia do Sul num futuro próximo consiga ter a mente mais aberta sobre esse importante assunto.

      Abraço,
      Mayara Pereira Coelho Palandi Ruzene Bassanelli.

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  4. Leonardo, você considera a CS um país seguro para turistas LGBT?

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    1. Olá,
      Sim, a CS não apresenta elevados índices de violência.

      Leonardo Paiva

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  5. Olá,

    Em tua opinião, a postura contrária à homossexualidade é decorrente mais do protestantismo presente na Coreia do Sul ou do confucionismo? Ou seria uma mistura de ambos? Por quê?

    Obrigado,

    Att. Luís Fernando de Souza Alves

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    1. Olá,
      Digamos que o conservadorismo protestante encontrou solo fértil em um local onde o confucionismo faz parte da formação cultural da sociedade.
      Ao menos no que se refere à legislação, atualmente, os grupos cristãos são mais atuantes em barrar pautas progressistas.

      Leonardo Paiva

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  6. Boa tarde. Parabéns.
    Li seu texto e, sem dúvida, ele impele a pensar e questionar muito pontos intrínsecos à homossexualidade. Minha pergunta parte de alguém que desconhece a cultura sul coreana, então, me perdoe... Gostaria de saber se poderia comentar sobre a construção midiática e cultural acerca de possíveis representações vinculadas à homossexualidade? Não sei se ficou claro, mas, há visibilidade? Essa visibilidade pode ser entendida enquanto depreciativa? Quais os meios utilizados como mecanismo de oposição ou censura? É oportuno pensar a partir dessa forma?
    Att.
    Jessica Caroline de Oliveira

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    1. Olá,
      Apesar de as minorias sexuais não terem plenos direitos, existe um aumento da visibilidade das pessoas LGBT na CS devido à cultura popular e à criação de uma imagem positiva na mídia. As produções não costumam depreciar grupos minoritários.
      A maior oposição, pelo que percebo, é no quesito de aprovação de políticas públicas voltadas a grupos minoritários.

      Leonardo Paiva

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  7. Boa tarde Leonardo. Parabéns pelo texto. A temática é sem dúvida instigante. Tenho algumas questões para você. Primeiro você usa a sigla lgbt+. Tem alguma justificativa por não usar LGBTQIA+?
    Outra questão é: o Brasil tem liderado os dados estatísticos de violência contra a população lgbtqia+. Você teve acesso a dados de violência contra lgbtqia+ da Coreia do Sul? Principalmente assassinatos?

    Novamente parabéns pelo texto.

    Se conseguir responder agradeço.

    ResponderExcluir
  8. Boa tarde Leonardo. Parabéns pelo texto. A temática é sem dúvida instigante. Tenho algumas questões para você. Primeiro você usa a sigla lgbt+. Tem alguma justificativa por não usar LGBTQIA+?
    Outra questão é: o Brasil tem liderado os dados estatísticos de violência contra a população lgbtqia+. Você teve acesso a dados de violência contra lgbtqia+ da Coreia do Sul? Principalmente assassinatos?

    Novamente parabéns pelo texto.

    Se conseguir responder agradeço.

    Jackson Alexsandro Peres

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  9. Este comentário foi removido pelo autor.

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  10. Primeiramente, gostaria de parabenizá-lo pelo texto. Acho esse tema de extrema necessidade para ser debatido.
    Minha questão é a respeito do crescente número de produção de novelas coreanas com a temática bl (boy lovers, romance entre homens), que são distribuídas em plataformas de web. Apesar de serem curtos, com média de 15 minutos por episódio, e voltados para o público feminino, você acredita que essas produções midiáticas podem ser consideradas como um avanço para a superação do conservadorismo?

    Agradeço desde já. Abraços!

    Júlia da Silva Amaral

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    1. Olá,
      Produções culturais podem ajudar a desnaturalizar o preconceito, mas, muitas vezes, são produzidas de um grupo para este mesmo grupo.
      Transformar a mentalidade leva tempo. Felizmente mais pessoas estão se unindo a causas LGBT+, como pode ser percebido pelo crescimento de paradas de orgulho, por exemplo.

      Leonardo Paiva

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  11. Parabéns pelo texto! Ao lê-lo compreendo que na contemporaneidade dentro de um país conservador é muito mais difícil tratar das pautas políticas da comunidade LGBT+ ainda mais tendo em vista que, apesar de apoio recente crescente, mesmo ala mais progressista politicamente ainda se mostra contrária às pautas de direitos básicos das pessoas LGBT+.
    Gostaria de saber como as entidades da comunidade LGBT+ da CS lidam com o preconceito social? Se há eventos ou participações em projetos políticos e/ou sociais.

    Att.
    Carlos Germano Gomes Gonçalves

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    1. Olá,
      Existem eventos culturais voltados a temática lgbt+ e paradas lgbt+, são medidas para tornar a diversidade sexual mais visível na sociedade coreana.
      As movimentações em defesa de grupos lgbt+ são recentes na Coreia.

      Leonardo Paiva

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  12. Parabéns, excelente texto!
    É muito triste saber que um país como a Coréia do Sul ainda é tão "antiga" em suas leis e tradições no que diz respeito à comunidade LGBT+. Assim como acontece aqui no Brasil, a religião dita o que é certo e errado nesses padrões e a homossexualidade é vista como anormalidade.
    Não tenho perguntas específicas sobre o texto, algumas que faria os colegas já fizeram acima, mas queria saber como surgiu seu interesse em estudar a diversidade sexual presente na Coreia do Sul.

    Grande abraço!!
    Priscila Nascimento Marcelino

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    1. Olá,
      Eu me interesso pelas manifestações de diversidade sexual em locais onde existe invisibilidade, em saber como pessoas LGBT+ vivenciam suas experiências. E a CS silencia a história de LGBT, mais do que a maioria dos países daquela região.

      Leonardo Paiva

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  13. Primeiro gostaria de parabenizá-lo pelo trabalho. Em segundo gostaria de saber se atualmente a igreja e as pessoas religiosas continuam pressionando ativamente para que as pessoas LGBT's continuem tendo os direitos negados?

    Raphaella de Melo Costa

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    1. Olá,
      Sim, a "bancada evangélica" na Coreia ainda é uma das principais opositoras a aprovação de leis
      anto-homofobia e do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

      Leonardo Paiva

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