Júlia da Silva Amaral

BREVE ANÁLISE ACERCA DA REPRESENTAÇÃO DO KITSUNE MITOLÓGICO NO MANGÁ INUYASHA, DE RUMIKO TAKAHASHI


Introdução

O presente artigo está vinculado à pesquisa de iniciação científica, intitulada: “Do folclore à cultura pop: a representação do kitsune mitológico no mangá InuYasha, de Rumiko Takahashi” já finalizada. O objetivo foi empreender um estudo a respeito dos paralelos entre a mítica raposa, em japonês, kitsune, e a personagem Shippō, um filhote de yōkai raposa, que protagoniza o mangá InuYasha (1996), observando como os mangás podem resgatar contos e tradições antigas para a cultura pop nipônica.

A história em quadrinhos passou a ganhar destaque a partir dos séculos XIX e XX. Will Eisner (1995, p. 5 apud CARLOS, 2009, p. 4) define-as como “arte sequencial”, ou seja, “um veículo de expressão criativa, uma disciplina distinta, uma forma artística e literária que lida com a disposição de figuras ou imagens e palavras para narrar uma história ou dramatizar uma idéia”. Sua linguagem é formada a partir de dois elementos básicos: a imagem e a linguagem. No Japão, as histórias em quadrinhos, tanto orientais quanto ocidentais, são chamadas de mangás (). A palavra é dada pela união dos ideogramas man (humor, algo que não é levado a sério) e ga (imagem, desenho).

Esse termo foi adotado e reconhecido por meio do desenhista Rakuten Kitazawa, que pertenceu à geração de artistas pós abertura dos portos do Japão, em 1853, após 200 anos de isolamento do país do resto do mundo, determinado pelo shogunato Tokugawa, em 1640. O novo período, denominado Meiji (1867-1912), trouxe diversas inovações para o país em várias áreas, inclusive nas artísticas e jornalísticas. Com a entrada do estrangeiro, principalmente o europeu, iniciaram-se os primeiros contatos dos japoneses com as revistas de humor de moldes ingleses e franceses (LUYTEN, 2003).

Kitazawa recebeu enorme influência do inglês Charles Wirgman, que editou o jornal The Japan Punch, trazendo para o meio jornalístico os moldes da imprensa britânica com charges políticas que fascinaram os japoneses. O grande sucesso fez com surgisse a primeira revista japonesa de humor Marumarushinbun em 1877, tendo duração de 30 anos (LUYTEN, 2003).

Com o fim da Segunda Guerra Mundial ocorreram modificações no ramo editorial dos mangás. Agora eles estavam divididos por gênero, com uma produção específica para adolescentes em uma faixa etária de 12 a 18 anos.

Os mangás não só relatam o cotidiano do povo nipônico, mas também se utilizam de tramas com universos fantásticos, misturando-se com referências a períodos da história do Japão. A mitologia japonesa é bastante recorrente nos mangás, sendo capaz de aparecer em pequenas menções ou em tramas inteiras.

Buscando discutir a presença das narrativas mitológicas dentro dos mangás, dediquei-me à análise do mangá InuYasha, da mangaká  (termo japonês utilizado para definir quem cria e/ou desenha histórias para mangás profissionalmente) Rumiko Takahashi, publicado originalmente pela revista Weekly Shōnen Sunday em 1996.

A obra analisada foi concluída em 2008, totalizando 56 volumes. Para retratar a violência de forma simplificada, a autora utilizou-se do Sengoku Jidai (Período de guerras), localizado dentro do Período Muromachi (1338-1573), caracterizado por ter sido uma época de instabilidade política e distúrbios sociais.

 

A mitologia nos mangás

Uma das variadas expressões artísticas que possuem a capacidade de realizar uma releitura dos mitos são os mangás. A doutora em Letras da Universidade de São Paulo, Selma Martins Meireles, em sua comunicação O mito nas histórias em quadrinhos: um exemplo a partir do mangá (2001) expõe o fato de que o estudo dos mitos e das histórias em quadrinhos afirma-se não como um subproduto acadêmico e cultural, mas sim como uma forma “alternativa” de apreender a respeito do universo e da relação do homem com o mundo natural e social, e de expressar essa interação de um modo não apenas racional, mas também intuitivo e emocional, buscando a totalidade do ser humano.

O mito torna-se algo necessário a todo ser humano independente da época, transformando-se em um fenômeno altamente presente no mundo contemporâneo. Para tentar conceituar o mito, Meireles utiliza a teoria de arquétipos do psiquiatra suíço, Carl Gustav Jung. Ela cita que, de acordo com Jung, os arquétipos não têm formas pré-definidas e finalizadas, são virtualidades que podem se materializar de formas diferentes em diferentes épocas, culturas ou grupos sociais, na forma de mitos. Desta maneira, mesmo pertencendo a culturas tão diferentes quanto a brasileira e a japonesa, esse substrato psicológico pode ser intuitivamente compreendido quando aparece em formas artísticas de expressão, entre elas o mangá (MEIRELES, 2001, p. 2).

De acordo com o autor Victor Jabouille (1986 apud MEIRELES, 2001), “mesmo racionalizado, a leitura do mito apela para o sensível, para aquilo que é perceptível intuitiva e inconscientemente. Daí, talvez, a popularidade do mito, a dimensão e a facilidade de sua implantação, o seu dinamismo e perenidade”. O que o habilita tão bem, para ser empregado em manifestações artísticas e em mídia de massa, é o seu apelo à intuição e a arquétipos universais, que prescindem da racionalização para atingir o público e passar a mensagem.

Em questão de propagação de mensagem, Meireles (2001) ressalta que como os japoneses sempre tiveram a tradição de representar histórias por meio da ilustração, pode-se entender que o mangá, assim como em todas as outras formas de manifestação artística, constantemente recorre aos mitos para codificar sua mensagem, recriando-os, quando necessário, a fim de atingir o homem moderno.

A autora trabalha com a ideia de que provavelmente a noção mais difundida de mito e de mitologia é aquela de um grupo hierarquizado de deuses, semideuses, heróis, demônios e criaturas sobre-humanas, com as narrativas de seus feitos e eventuais relações com os seres humanos, como na mitologia grega, egípcia, nórdica, indiana, etc. No Japão antigo, a religião original xintoísta era politeísta e animista, ou seja, havia vários deuses superiores e espíritos para as forças da natureza, bem como demônios e outros seres maléficos. Todo esse fundamento de lendas e mitos permanece no imaginário japonês e é amplamente utilizado em mangás (MEIRELES, 2001).

A letrista Meireles (2001, p. 6) reforça que nos mangás há um forte componente de misticismo e religiosidade. Nós geralmente não refletimos o quão presente ainda estão os mitos em nossa sociedade, como sendo reproduzidos por histórias em quadrinhos e cumprindo seu ofício de questionar e estabelecer o papel do homem no mundo. Os mangás e as histórias em quadrinhos em geral, deverão certamente ser reconhecidos como um novo e importante filão para o estudo das sociedades atuais e da psique do homem moderno.

Como em InuYasha aparece constantemente o termo yōkai, fez-se necessário a realização de um estudo para examinar o que de fato é um “yōkai” propriamente dito. Para tal, foi utilizada a dissertação de mestrado de Aline Majuri Wanderley intitulada DETA! O yōkai e as transformações das criaturas sobrenaturais japonesas (2013).

Segundo Wanderley (2013), yōkai nomeia seres sobrenaturais gerados pelo homem em uma tentativa de apontar a causa de fenômenos desconhecidos, eventos da natureza ou doenças que em uma época distante não contavam com explicações científicas.

Os yōkai seriam seres sobrenaturais que se acredita terem sido criados quando o homem sentiu medo, diante de situações além dos seus entendimentos, como doenças, desastres naturais e experiência de morte (WANDERLEY, 2013). Também devemos desvincular a ideia de que o yōkai é a mesma coisa que um “monstro” japonês. A forma mais genérica utilizada para traduzir o termo yōkai é “espírito”.

 

InuYasha

A história inicia-se com a colegial Kagome, que é puxada por um yōkai centopeia para dentro de um poço e por esse motivo acaba se transportando para o Sengoku Jidai (1467-1568), marcado por intensas guerras e conflitos políticos. Curiosamente, aparece uma joia dentro do seu corpo, que é muito cobiçada nesse mundo. Os yōkai, por sua vez, são os mais interessados no objeto e dentre várias tentativas para obter a joia, ela acaba se partindo em vários fragmentos, que se espalham por todo território japonês. A partir disso, Kagome se torna responsável por reunir todos esses fragmentos ao lado de um “meio-yōkai(na obra, han’yō), chamado InuYasha.  

 

O Shippō e o kitsune mitológico: semelhanças e contrariedades

Durante a jornada, InuYasha e Kagome se deparam com diversos inimigos e também fazem grandes amigos, entre eles: Miroku, um monge budista; Sango, a exterminadora de yōkai; e o primeiro de todos, Shippō, um filhote de yōkai raposa, que busca vingança pela morte de seu pai, ocasionada pelos Irmãos Relâmpago. Após ser salvo pelo casal, acompanha-os em suas aventuras.

Shippō tem uma boa relação com Kagome, mas vive em conflito com InuYasha. Ele tem costume de pregar peças no meio-yōkai, e sua sinceridade nos diálogos acabam gerando discussões cômicas entre os protagonistas.

A relação amigável entre Shippō -e outros yōkai- com os seres humanos nos leva à comunicação de Meireles (2001, p. 4) no qual a autora ressalta que nas histórias sobre yōkai, seres sobrenaturais nem sempre são benignos. Esse tipo de mangá geralmente se foca menos nos feitos dos yōkai em si, mas sim em suas relações, amistosas ou não, com os seres humanos.

Por fim, como é possível notar na imagem abaixo, Shippō é ilustrado com traços humanos e sutis, ele tem uma única cauda e patas de raposa; aparenta ter entre sete e oito anos de idade, e apesar de InuYasha ser um mangá do gênero shōnen (categoria de mangás direcionados ao público masculino), o filhote de raposa tem traços que se assemelham aos de mangá shōjo (categoria de mangás direcionados ao público feminino), atribuindo-lhe um aspecto “fofo” e dócil.

 

FIGURA 1: SHIPPŌ

FONTE: TAKAHASHI, 1997

 

Em sua dissertação, Aline Wanderley (2013, p. 99) toca no assunto da representatividade do yōkai no Japão moderno. Aquele que sobrevive nos dias de hoje é uma criatura mais amável, meiga, extremamente diferente do perigoso kappa (yōkai de caráter anfíbio que tem um casco parecido com o de uma tartaruga) que afogava pessoas, assim como o kitsune do mangá analisado, que apesar de seus traços leves, tem características próprias do yōkai kitsune representado em narrativas antigas do Japão.

O Nihon Ryōiki (“Relatos milagrosos do Japão”) é a primeira grande coletânea de setsuwa (termo japonês que literalmente significa: "história falada") data de 822, início do Período Heian (794-1185), e foi compilado pelo monge budista Keikai (ou Kyōkai). Nesta coletânea, nos deparamos com a narrativa 1:2 sobre “Tomando a raposa como esposa e produzindo uma criança”, na qual apresenta o aspecto metamorfósico das raposas, sendo capazes de se transformarem em belas mulheres humanas. No mangá InuYasha, o personagem Shippō também consegue se transformar em humanos, tanto homem quanto mulher, para despistar os inimigos que encontram. No capítulo três, do volume quatro do mangá, Shippō consegue assumir a forma de Kagome para ajudá-la a escapar dos Irmãos Relâmpago que a haviam sequestrado. Ele também consegue se transformar em um balão e em quase qualquer objeto existente para se proteger, colocando uma pequena folha sobre sua cabeça.

Em sua dissertação de mestrado intitulada Personagens folclóricos, deuses, fantasmas e História Extraordinária de Yotsuya em Tôkaidô: o sobrenatural na cultura japonesa, Cláudio Augusto Ferreira (2014, p. 45) evidencia que os kitsune gostam de pregar peças nos seres humanos. As raposas maliciosas, ou apenas traquinas, recebem o nome de yako ou nogitsune (raposas dos campos). As raposas do campo frequentemente pregam peças que humilham samurais arrogantes, citadinos orgulhosos e mercadores gananciosos. Mas há também narrativas onde elas se aproveitam da boa-fé de comerciantes, agricultores e monges budistas (FERREIRA, 2014, p. 45). Shippō adora pregar peças em InuYasha. Esse é um dos motivos que fazem o protagonista perder facilmente a paciência com o filhote de raposa. Shippō também não tem medo de enfrentar InuYasha, que é um personagem bastante temperamental, o que ocasiona discussões cômicas entre os dois.

O autor Kiyoshi Nozaki, em sua obra intitulada Kitsune Japan's Fox of Mystery, Romance & Humo (1961), reserva um capítulo inteiro para expor alguns contos e relatos encontrados no Japão a respeito do kitsune-bi ou fogo de raposa. Por exemplo, o conto “O menino vê raposas emitindo fogo pela boca”, publicado em 1811, na qual um homem disse que tinha visto um kitsune-bi com seus próprios olhos em sua infância nas montanhas. Em uma madrugada ele encontrou cerca de 20 ou 30 raposas, grandes e pequenas, brincando juntas no quintal de um pequeno santuário de Inari erguido lá. E ele também descobriu que o fogo que pensara serem suas tochas era na verdade a sua respiração.

O aspecto em comum deste e de muitos outros contos é que as raposas conseguem emitir fogo através de sua boca. Quando ocorre a primeira aparição de Shippō no volume três, o capítulo dez é intitulado “Kistuse-Bi – Fogo de Raposa”, pois a pequena raposa aparece em meio ao seu fogo com a aparência de um balão e não com sua aparência original. No volume quatro Kagome e Shippō são salvos de um ataque mortal feito por um dos Irmãos Relâmpago pelo kitsune-bi emanado através da pele do pai de Shippō. É interessante pontuar que a mangaká Takahashi atribuiu a kitsune-bi a Shippō não saindo apenas de sua boca, mas também de sua pele e até mesmo em suas transformações em objetos e humanos. Portanto, podemos dizer que o fogo de raposa é a característica principal da personagem, já que está presente em quase todos seus movimentos, tanto de ataque quanto de defesa.

 

Considerações finais

InuYasha, sem dúvida, é um mangá muito rico em folclore japonês. São diversos os yōkai que aparecem ao decorrer de toda história. Para o leitor desatento pode parecer apenas uma história genérica, com aventura, lutas e romance, mas quando realizamos uma análise mais profunda, percebemos o quanto Rumiko Takahashi construiu uma obra amplamente detalhada, bastante rica nas histórias e no passado de sua nação. Analisar as características de Shippō trouxe à luz o quanto as raposas foram importantes para o passado nipônico, a maneira como enganavam pessoas se passando por belas mulheres; sua malandragem com seres humanos; e sua habilidade de emitir fogo pela boca. 

Além disso, é possível perceber o quanto o mito se faz necessário a todo ser humano e como os mangás podem ajudar sua disseminação e fixação. Para nós, brasileiros, é excêntrica a leitura sobre um folclore tão distinto, assim como seria para um japonês ler sobre “Saci-Pererê” e “Boto-cor-de-rosa”. Portanto, ter acesso ao folclore japonês por meio de suas histórias em quadrinhos é instigante para os orientais, ao mesmo tempo em que é uma alternativa de conservação de costumes e tradições para o povo nipônico.

 

Referências

Júlia da Silva Amaral - Graduanda do Curso de História – Licenciatura pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Email: juliaamaral.ufes@gmail.com

CARLOS, G. S. Mangá: o fenômeno comunicacional no Brasil. In: Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul, Divisão Temática – Interfaces Comunicacionais, 10, Blumenau, 2009. Disponível em: <http://www.intercom.org.br/papers/regionais/sul2009/resumos/R16-0436-1.pdf>. Acesso em: 19 jul. 2021

FERREIRA, Cláudio Augusto. Personagens folclóricos, deuses, fantasmas e História Extraordinária de Yotsuya em Tôkaidô: o sobrenatural na cultura japonesa. Dissertação apresentada ao Departamento de Letras Orientais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Cultura Japonesa;

LUYTEN, S. M. B. Mangá – o poder dos quadrinhos japoneses. São Paulo: Hedra, 2000;

LUYTEN, S. M. B. “Mangá produzido no Brasil: pioneirismo, experimentação e produção”. In: XXVI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Belo Horizonte/MG: INTERCOM (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação), 2003. Disponível em: <http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/168852646868454336879017132244134098721.pdf>. Acesso em: 02 mar. 2020;

NOZAKI, K. Kitsuné: Japan's Fox of Mystery, Romance & Humor. Japão: The Hokuseido Press, 1961

MEIRELES, S. M. “O mito nas histórias em quadrinhos: um exemplo a partir de mangás”. In: 4º Congresso de Arte e Ciência da USP. São Paulo/SP: AGAQUÊ - Revista eletrônica especializada em Histórias em Quadrinhos e temas correlatos, São Paulo, v. 3, n. 3, 26 out. 2001. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/nucleos/nphqeca/agaque/indiceagaque.htm>. Acesso em: 02 mar. 2020;

TAKAHASHI, R. Entrevista concedida a Toren Smith. Amazing Heroes. Disponível em: <http://www.furinkan.com/takahashi/takahashi3.html>. Acesso em: 02 mar. 2020;

TAKAHASHI, R. InuYasha. Trad. Arnaldo Massato Oka. São Paulo: JBC;

WANDERLEY, A. M. DETA! O yōkai e as transformações das criaturas sobrenaturais japonesas. Dissertação (Mestrado em Língua, Literatura e Cultura Japonesa) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.

9 comentários:

  1. Boa tarde. Primeiramente gostaria de parabenizar o cativante trabalho.
    Seria interessante utilizar dos mangás, especialmente o abordado no artigo, para o ensino de história e mitologia do Japão em um contexto do Ensino Básico? Se sim, quais aspectos devem ser ressaltados?

    Agradeço desde já!
    Gabriela Soares Lima dos Santos

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    1. Boa noite, Gabriela! Muito obrigada pelo elogio.

      Respondendo sua questão, acho muito interessante a ideia de trabalhar com mangás em sala de aula, mesmo sendo um recurso pouco utilizado como material didático ou aplicação pontual na disciplina de História. A respeito do mangá InuYasha, acredito que você possa utilizá-lo quando for trabalhar os Períodos da História do Japão, dando ênfase ao Período Muromachi, no qual o mangá está inserido. Desta maneira, você pode apresentar elementos da época, evidenciando o poder que a mitologia e o xintoísmo exerciam sobre o povo nipônico no passado.

      Deixo também como recomendação um artigo sobre os mangás na disciplina de História, de MasaaKi Alvez Funakura e Gelson Vanderlei Weschenfelder: https://www.revistas.uneb.br/index.php/abatira/article/view/8640
      Júlia da Silva Amaral

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    2. Muito obrigada!

      Gabriela Soares Lima dos Santos

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  2. Saudações e parabéns pelo texto. Olhando para o folclore japonês, sabemos que ele apresenta muitas distinções do o folclore brasileiro, devido a sua cultura e até mesmo religiisidade, desta forma, como podemos transmitir esta rica mitologia numa sociedade como o Brasil, que apresenta uma cultura tão distinta do Japão?


    Afranio Junior de Melo Barros

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    1. Bom dia, Afranio. Muito obrigada pelo comentário!

      Acredito que a melhor forma de começarmos a transmitir a mitologia japonesa no nosso país seria começando os estudos sobre esse assunto na educação básica, adicionando o tema aos currículos de educação. As crescentes pesquisas sobre Ásia no Brasil mostram que já passou da hora de expandirmos os conhecimentos além da visão eurocêntrica que perpetua nos livros didáticos e delimita a ideia de mitologia apenas a Grécia e Roma.

      Espero ter respondido sua questão.
      Júlia da Silva Amaral.

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  3. Prezada Júlia,
    parabéns pelo texto tão instigante!
    Gostaria de saber se nessa pesquisa você identificou alguma noção específica sobre natureza que esteja relacionada a esses contos tradicionais japoneses. Com relação a essa noção de yokai, também tenho curiosidade se em algum desses contos tradicionais ou até no próprio mangá esse termo se refere a algum fenômeno específico da natureza.
    Assinado: Bruna Navarone Santos

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    1. Boa tarde, Bruna. Muito obrigada pelo seu elogio e comentário.

      Respondendo sua questão, muitas narrativas antigas do Japão foram criadas com base em fenômenos da natureza. A própria idealização dos yokais foi criada a partir do medo que as pessoas sentiam diante de desastres naturais, doenças, possessões, etc.
      Sobre yokais vistos como eventos da natureza, temos, por exemplo, o yokai marinho Umibōzu, traduzido como “Monges do Mar”, encontrado na obra do artista Utagawa Kuniyoshi. De acordo com lendas antigas nipônicas, estes são responsáveis por afundar navios, criando grandes ondas, tempestades e redemoinhos. Este é um exemplo, dentre vários, de momentos que pessoas criaram yokais para explicar seu medo perante a elementos da natureza sobre os quais elas não eram capazes de explicar.

      Espero que minha resposta tenha sido elucidativa. Qualquer coisa, entre em contato comigo por email. Abraços!

      Júlia da Silva Amaral

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