Eduardo Mangolim Brandani da Silva e Gessica de Brito Bueno

MÚMIAS ORIENTAIS: UMA BREVE DISCUSSÃO DE EMBALSAMAMENTO, TANATOLOGIA E RITOS FÚNEBRES EM CIVILIZAÇÕES DO EXTREMO ORIENTE


Introdução

A morte é um processo que acomete todos os seres vivos existentes, perpassando por todas as temporalidades. As sociedades compostas pela espécie humana temem esse processo devido ao desconhecido evocado. Se a vida tem sentido por meio das interações sociais, a morte se traduz em temor por quebrar tal aspecto [MOORE e WILLIAMSON, 2003, p. 3]. Isso fica claro no terror que um cadáver sem preparação gera. As etapas da cadaverização como o Livor Mortis, o Rigor Mortis e a decomposição geram o sentimento de desamparo [COLMAN, 1997, p. 42].

Enquanto a morte é temida de maneira natural, o cadáver recebe procedimentos artificiais devido ao terror. Esse processo, historicamente construído, está atrelado a determinantes culturais. As sociedades pré-literatas por exemplo, fugiam da morte. No entanto, aos poucos esses grupos foram reconstruindo sua relação com o fim da vida. A busca de evitar a morte designou ritos ao cadáver [MOORE e WILLIAMSON, 2003, p. 3-4]. Um dos ritos é o embalsamamento, este procedimento significa um confronto com a morte. Esse processo depende da visão de mundo do grupo que o pratica. Quando se compara diferentes culturas, com distintos aspectos religiosos, é possível compreender quais eram as intenções ao lado das mais diversas técnicas utilizadas [COLMAN, 1997, p. 45-48].

O embalsamamento, seja natural ou artificial, possui como produto restos humanos que preservam partes orgânicas, mantendo assim a forma e parte da aparência. O embalsamamento de forma natural, é aquele produzido em local árido, seja com ou sem intencionalidade humana. Quando havia a intenção, nesse caso, ele passa a ser considerado como natural-artificial. A mumificação mantém a estrutura intracelular apesar da perda da funcionalidade da célula [LYNNERUP, 2007, p. 162-164].

O embalsamamento, enquanto técnica, mudou no decorrer do tempo de acordo com as intenções para sua realização. Os autores Erich Brenner e Robert G. Mayer estipularam que existem três períodos distintos na história dessas técnicas, que se definem por meio das diferentes intenções para a conservação do cadáver. O primeiro período é chamado período das culturas antigas, se iniciando com as primeiras evidências até o ano de 650 D.C; o segundo período é conhecido como período dos anatomistas [650 D.C. - 1861 D.C.]; e o terceiro e último período é conhecido como período funerário [1861 D.C. - tempo presente] [BRENNER, 2014, p. 316] [JOHNSON et al, 2012, p. 983].

Diversas culturas existiram após 650 D.C., praticando o embalsamamento por motivos religiosos e mágicos. Tais motivos aparentam ser os grandes motivadores da realização da preservação cadavérica para tais culturas [JOHNSON et al, 2012, p. 983] [THOMAS, 1989, p. 236]. Geralmente a intenção era de preservar o cadáver para que seu espírito, ou identidade pudesse transitar ao seu respectivo paraíso ou pudesse continuar existindo no espaço terreno [MOORE e WILLIAMSON, 2003, p. 4] [THOMAS, 1989, p. 236]. Tais procedimentos tinham centralidade nessas sociedades. O lidar com a morte garante coesão social e reorganização grupal, independente do processo proposto [ARRIAZA et al, 1998, p. 196].

Os marcos temporais do embalsamamento referenciam o começo de novas intenções para embalsamar e não o fim dos interesses anteriores [BRENNER, 2014, p. 316] [JOHNSON et al, 2012, p. 983].

Esse material está centrado nos modelos de embalsamamento praticados entre culturas do extremo oriente. Como ficará claro no decorrer do texto, as intenções de tais culturas ao longo do tempo se pautaram em noções religiosas. Outro elemento que será apresentado, é a questão de que existem dúvidas se alguns casos de múmias se deram com intenções de preservação da imagem, indo além da questão religiosa.

 

Cadáveres defumados, dessecados, encharcados e eviscerados: Embalsamamento e tanatologia em civilizações do extremo oriente

A Ásia com sua ampla vastidão territorial e com uma diversidade considerável de civilizações, produziu uma série de procedimentos de embalsamamento. Partindo disso o modelo mais antigo se deu na China. No caso Chinês, existem múmias de diferentes períodos, tendo elas surgido por via natural, artificial intencional e artificial não intencional. A China desde o século II A.C. se encontra unificada como um poderoso império. A medicina dessa civilização sempre fora bem desenvolvida, questão essa que incidia em como eles lidavam com seus defuntos [MONTGOMERY e KUMAR, 2016, p. 169-191].

Múmias foram encontradas no sítio arqueológico de Mawangtui, construído durante a dinastia Han [206 A.C.–9 D.C.]. Esse conjunto arqueológico de tumbas, permitiu verificar os corpos ali encontrados, inclusive se foram embalsamados. O cadáver de um senhor feudal chinês recebia banhos com águas perfumadas e vinho de oferenda. O corpo era enrolado em tecidos para ser inumado. Esses processos retardavam a putrefação, mas não eram agentes embalsamadores. Como o corpo era inumado em caixões, provavelmente a mumificação se dava de maneira artificial não intencional. Elas surgiam da falta de oxigênio e pela decomposição dos tecidos de seda, o que tornou o PH interno ácido (bactericida) [SAKURAI et al, 1998, p. 329-334].

Esse processo de mumificação aparenta não ter intencionalidade, porém diferente das múmias naturais, ele se enquadrada num modelo artificial, devido à maneira que o corpo era sepultado. A naturalidade é porque não foram empregados recursos pensados à preservação cadavérica. A artificialidade ocorre porque esse cadáver não estava exposto à um espaço aberto natural, mas sim sepultado em um caixão. Portanto, neste contexto a mumificação não foi planejada, acontecendo por meio de sorte, dependente da decomposição da seda e da falta de oxigênio [WANG, 1996, p. 59].

A alma era muito importante na cultura chinesa. Apesar de tal relevância, a preservação não era essencial para a transição, mas sim a boa disposição fúnebre do cadáver. Mesmo que nesse caso possamos pensar na ideia de uma mumificação artificial não intencional, foram encontradas evidências em outros locais que sugerem a possibilidade do embalsamamento [WANG, 1996, p. 59]. Alguns cadáveres estudados das dinastias Song [960-1270] e Ming [1368-1644], revelaram que no interior de seus caixões havia sinais de mercúrio e de cal [SHIN et al, 2021, p. 15].

Esse método de embalsamamento era destinado apenas à nobres. Nesse método ocorria o dessecamento prévio da múmia, sendo essa disposta numa solução de mercúrio ou cal por longo tempo e depois inumada [WANG, 1996, p. 59]. Outra questão que pode ter gerado a mumificação nesses casos, pode ter sido o emprego do método Hoegwakmyo que também era utilizado pela dinastia Joseon [1392-1910] da Coréia do sul. Nesse modelo, o corpo era colocado em dois caixões, um dentro do outro, sendo o ar retirado de ambos. Ao redor desses caixões era colocado carvão e cal, sendo esse caixão inumado e selado com uma pedra cimentada [OH et al, 2017, p. 71-73]. Esse modelo não permitia contatos dos corpos com o ambiente externo [SHIN et al, 2021, p. 5].

No caso do Japão a maioria das múmias encontradas são de tipo natural não intencional [YAMADAL et al, 1996, p. 76]. No entanto os cadáveres do clã Fujiwara [794-1185] demonstram sinais de possíveis tratamentos preservativos [FUJITA et al, 2021, p. 7-9]. Esse clã aparenta ser o único a ter produzido múmias artificiais no Japão, sendo algo não muito comum no país, além do processo de auto-mumificação [SAKURAI et al, 1998, p. 313].  A metodologia de mumificação desenvolvida pelos Fujiwara é desconhecida. É possível que houvesse a evisceração, sendo o corpo dessecado e disposto em solução de mercúrio [FUJITA et al, 2021, p. 9] [YAMADAL et al, 1996, p. 76].

O modelo de auto-mumificação de monges budistas esteve presente em muitos países asiáticos. O modelo Japonês Nikushin é um dos mais famosos, apesar de semelhanças com o método Chinês, eles possuem diferenças [SAKURAI et al, 1998, p. 308]. O objetivo era o de encontrar o nirvana por meio de imolação, além de que eles pretendiam renascer em 5,670,000,000 anos, momento que surgiria o buda do futuro (Maitreya Buddha) [HORI, 1962, p. 225]. Esse procedimento tem sido comum na ilha asiática desde o começo do século XI [BECKETT e CONLOGUE, 2015, p. 47].

Essa múmia é chamada de Sokushinbutsu, sendo ela produzida por meio de uma intensa dieta e ascetismo [FUJITA et al, 2021, p. 3] [HORI, 1962, p. 226]. A dieta restringia cereais e uma série de alimentos, havendo apenas consumo de sementes, castanhas, pouca água e um chá de uma árvore chamada Urushi [BECKETT e CONLOGUE, 2015, p. 48-49].  O baixo consumo de alimentos tornava os níveis de gordura, massa muscular e hidratação mínimos [FUJITA et al, 2021, p. 4]. Acredita-se que o chá propicie a criação de condições bactericidas internas no corpo [BECKETT e CONLOGUE, 2015, p. 49]. 

Quando alguém importante falecia os outros monges entravam em ação colocando o corpo em uma urna funerária que seria inumada por três anos [SAKURAI et al, 1998, p. 314]. Nessa urna era colocado papel, madeira ou cal para absorver a umidade [BECKETT e CONLOGUE, 2015, p. 49]. Quando o cadáver não ficava bem preservado surgiam alguns auxílios por parte dos monges. Um dos processos poderia ser um dessecamento com fogo ou por meio da defumação [SAKURAI et al, 1998, p. 323]. Em casos raros havia a realização da evisceração e introdução de cal no corpo [FUJITA et al, 2021, p. 4]. Se o corpo estivesse pronto ele era disposto na posição de lótus, sendo enfeitado e pintado com ouro [BECKETT e CONLOGUE, 2015, p. 49].

O último caso de mumificação aqui apresentado é o das múmias de fogo produzidas nas Filipinas. O grupo que produz essas múmias, chamadas de Igorot, são os Ibaloy que vivem na região de Benguet. Essa técnica se originou entre 2000 A.C. e 1200 D.C. Porém, a maioria dos exemplares datam entre 1700 D.C. e 1900 D.C. As Filipinas possuem traços culturais mais próximos com a região da Oceania. Isso reflete na própria forma de embalsamamento dos Ibaloy, que tem muitas semelhanças com o realizado pelos Anga de Papua Nova Guiné [BECKETT et al, 2015, p. 127; BECKETT et al, 2017, p. 30; BECKETT, 2021, p. 4].

A intenção era embalsamar os entes queridos e colocá-los na montanha sagrada Kabunyan. Essa montanha seria o deus criador dos Ibaloy. Portanto, atrelados a tal mito cosmogônico, os mortos deveriam retornar ao seu local de criação. A alma permanecia no corpo, porém estaria com deus no interior da caverna, sendo algo realizado para os dois sexos e para todas as idades [BECKETT et al, 2015, p. 127; BECKETT et al, 2017, p. 35; BECKETT, 2021, p. 11].

Como a região era muito úmida e quente, esse procedimento dependia da ação humana. Logo no falecimento a mumificação era iniciada. Uma solução de água e sal era deglutida pelo recém falecido. O corpo era lavado com água fria, sendo todo enrolado num lenço fúnebre, com a cabeça recebendo um cachecol do mesmo tecido. O cadáver era disposto em uma cadeira fúnebre, amarrado com cipós e disposto numa cabana de defumação. Embaixo da cadeira uma chama era acendida para que ocorresse a desidratação. Os líquidos iam extravasando do corpo devido ao calor, além de que, um processo manual e a gravidade auxiliavam os fluídos corporais a caírem num jarro, além de serem absorvidos pelo lenço fúnebre [BECKETT et al, 2015, p. 128; BECKETT et al, 2017, p. 28-29; BECKETT, 2021, p. 17].

O corpo era exposto ao sol, tinha sua pele descamada e depois retornava à cadeira. Uma loção composta do extrato de plantas como Psidium guajava, Ficus septica, Phaseolus lunatus, Dolichos lablab, Embelia philippinensis era ministrada sobre a pele. A múmia ficava entre 40 e 60 dias na cabana defumando. Além da defumação corporal, fumaça de tabaco seria introduzida na boca da múmia. A fumaça e a solução salina provavelmente não tinham os respectivos efeitos de proteção e desidratação interna esperados. A composição fenólica e a presença de formaldeído da fumaça da madeira, adiavam a putrefação. O calor intenso do fogo promovia a desidratação. Por fim, as loções provavelmente geravam uma camada externa alcalina ou ácida com ação bactericida [BECKETT et al, 2017, p. 29-30; BECKETT, 2021, p. 17-19].

Esses corpos eram colocados em caixões de formatos ovais, retangulares ou de tamanho amplo onde toda uma família poderia ser disposta. Havia muitas comemorações antes de serem depositados nas cavernas, ocorrendo danças, oferendas e sacrifícios. Apesar do clima quente e úmido da ilha, as cavernas são frias e secas. Além disso, os cadáveres estão em caixões, portanto eles podem durar centenas de anos [BECKETT et al, 2015, p. 129; BECKETT, 2021, p. 18].

 

Considerações finais

No início deste material foi informado que o primeiro período de embalsamamento foi até 650 D.C., momento em que o segundo período surgiu [BRENNER, 2014, p. 316]. Posto isso, as técnicas que pretendiam o pós-vida não desapareceram a partir de 650 D.C. e muitas ainda estariam por vir, como ficou evidente no decorrer do texto. A divisão dos períodos designa novos paradigmas surgindo, e não o desaparecimento dos prévios [BRENNER, 2014, p. 316].

O modelo do Período das culturas antigas possui longa duração. Por um lado, temos múmias como as dos Chinchorro, cultura que não foi trabalhada nesse material, sendo produzidas desde 7000 A.C. [ARRIAZA, 1996, p. 131]. Por outro lado, se nota que, até o começo dos anos 1900 os Ibaloy ainda realizavam o embalsamamento com a intenção de alcançar o pós-vida (BECKETT, 2021, p. 4).

Os métodos desenvolvidos revelam uma série de questões que podem ser discutidas e comparadas. Em alguns grupos apenas líderes, guerreiros e membros da corte poderiam ser embalsamados, enquanto em outros era algo mais coletivo. No primeiro caso se incluem os Chineses, Japoneses, Coreanos, as Múmias budistas e os Ibaloy. No caso do extremo oriente não foi achada nenhuma cultura com prerrogativas coletivas.

Nos grupos com premissas menos coletivas, a posição hierárquica do indivíduo era o ponto central. Esse processo era voltado para a elite. A questão de gênero está envolvida nesse debate, pois em boa parte dos casos, apenas homens ocupavam tal posição, havendo somente o embalsamamento destes.

Em relação aos chineses, japoneses e coreanos os indivíduos que ocupavam o poder eram homens. Sendo assim o embalsamamento era uma prática destinada a eles. No entanto nesses casos membros da corte também podiam passar por processos de preservação cadavérica. Essa proposição determina que esposas e mulheres com funções na corte, puderam ser embalsamadas. No caso dos Ibaloy, inicialmente apenas líderes eram embalsamados. No entanto famílias inteiras começaram a passar por tal processo, porém ainda haviam excluídos de tais ritos.

As intenções nos casos apresentados de embalsamamento estiveram atreladas à uma busca pela continuidade da essência dos indivíduos [BRENNER, 2014, p. 316]. A continuidade poderia ser um paraíso terreno ou em outro plano, sendo processos utilitários ao grupo. Isso se dava de acordo com as construções teológicas e ideológicas dessas sociedades. Tais traços dependiam do espaço geográfico em que o grupo vivia, assim como a própria organização social dessa civilização [MOORE e WILLIAMSON, 2003, p. 3-4].

Interessa aqui estipular cada grupo dentro de um determinado modelo. Os grupos que acreditavam num paraíso em outro plano formado pelos chineses, japoneses, coreanos e budistas. O único grupo que tinha a ideia de um pós-vida terreno foram os Ibaloy nas Filipinas. Vale situar que para os Ibaloy suas múmias continuavam influenciando a sociedade. O espírito estava no plano terrestre mas também estava em contato com deus, podendo influenciar no cotidiano.

A última questão a ser colocada remete às diferentes maneiras que foram propostas para embalsamar. Os primeiros grupos humanos, por longo tempo fugiram da morte, geralmente abandonando seus cadáveres pelo terror que ela causava [MOORE e WILLIAMSON, 2003, p. 4].  Isso mudou apenas com os Chinchorro, que produziram intencionalmente as primeiras múmias naturais de que se tem registro [ARRIAZA, 1996, p. 134]. Foi por meio da observação do ambiente natural, e de outras técnicas, que as civilizações puderam pensar em realizar dinâmicas de embalsamamento [COLMAN, 2997, p. 48].

As inspirações de cada grupo se deram de acordo com as condições ambientais que lhes cercava. É por meio das primeiras tentativas de conservação de corpos, fosse na observação ou realização de mumificação natural, que esses grupos começaram processos tanatopráticos de preservação [LYNNERUP, 2007, p. 162]. Com relação a certas culturas foram os dois fatores, geografia e costumes internos, como a defumação da caça, que propiciaram tal prática. Em outros foi apenas um deles, pois as condições ambientais poderiam não ser propicias para ser natural, ou o grupo não realizava defumação nem salgavam a carne, estando dependentes de um dos dois fatores [COLMAN, 2997, p. 48].

Determinadas as origens da mumificação, vale situar cada técnica de acordo com os grupos. Em relação à técnica de mumificação natural-artificial nenhum dos grupos aparenta ter tido tal tendência. A técnica de evisceração ao lado de dessecamento, se deu quando necessário entre os Budistas no Japão. O modelo de defumação se deu entre os Ibaloy das Filipinas e, quando necessário, na Auto-mumificação Budista. Um modelo específico se deu entre Chineses e Japoneses, que foram as múmias produzidas por dessecamento e imersas em solução preservativa de mercúrio. No caso dos japoneses pode ter havido a evisceração previamente à imersão preservativa. O caso do sítio de Mawangtui é complexo. Não se sabe se foi intencional ou não, no entanto é possível propor que não foi um processo natural, pois dependeu da maneira que o cadáver fora inumado. No caso da técnica Hoegwakmyo é preciso propor que a intenção era de manter o cadáver preservado. Essa técnica foi utilizada na China e na Coréia, garantindo em alguns casos a preservação cadavérica.

O esquema acima apenas resume e organiza as metodologias de embalsamamento. É possível notar que os recursos e primor técnico foram diferentes, mesmo que a lógica fosse a mesma. Portanto múmias de diferentes qualidades e resultados foram obtidas [COLMAN, 2997, p. 48].

Tal comparação não pretende dizer que existem modelos piores ou melhores, mas sim que um pode ser entendido como mais sofisticado que o outro. No entanto, a efetividade de um ou de outro método, depende também das condições naturais em que essas múmias eram preservadas. Todos os métodos apresentados foram capazes de gerar múmias com partes orgânicas ainda presentes. A comparação de efetividade só poderia acontecer se elas fossem produzidas em ambientes similares. Mas uma referência pode ser estabelecida a partir de dados como os procedimentos de mumificação adotados e com quais recursos foram utilizados [COLMAN, 2997, p. 48].

 

Referências Bibliográficas

Eduardo Mangolim Brandani da Silva é mestrando em história na linha de História Culturas e Narrativas pelo programa de pós-graduação em história da Universidade Estadual de Maringá (PPH – UEM). Também é membro do Laboratório de História, Ciências e Meio ambiente (LHC – UEM).

Gessica de Brito Bueno é graduanda em história pela Universidade Estadual de Maringá. Também é membro do Laboratório de História, Ciências e Meio ambiente (LHC – UEM).

 

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11 comentários:

  1. Todos os embalsamentos eram motivados por questões religiosas, e somente a elite que tinha esse acesso, ou alguns procedimentos aconteciam puramente por motivos estéticos, no sentido de somente preservar o corpo e imagem do morto?
    Victor Eduardo Chaves e Silva

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    1. Olá Victor tudo bem com você?
      Fico muito feliz com sua pergunta e espero que consiga elucidar suas dúvidas.
      Primeiramente gostaria de pontuar que você está correto quando situa que apenas a elite fez uso do embalsamamento, tendo como base motivações religiosas. O motivo central dessa exclusividade se dava porque eram necessários recursos caros, como o minério de mercúrio e a cal, assim como os profissionais encarregados estavam empregados geralmente nas côrtes, portanto não realizavam medidas para os grupos menos favorecidos. Todo esse contexto faz com que fosse inviável pensar no embalsamamento para as classes mais baixas, sendo assim esses cadáveres eram apenas lavados e enrolados em tecidos como via de garantir certo conforto ao espírito do falecido. Alguns cadáveres desse tipo se tornaram múmias, no entanto elas entram na configuração de múmias artificiais que não surgiram intencionalmente.
      À respeito do uso do embalsamamento com intenções puramente estéticas eu creio que não se tenha nenhum modelo autóctone dessa técnica no interior da Ásia. Modelos desse tipo só passaram à se dar no espaço asiático no decorrer do final do século XIX e primeira metade do século XX, isso devido às investidas imperialistas ocidentais.
      No entanto acho interessante reforçar a dimensão do horror ao cadáver. Os dignitários dos grupos citados temiam que um dia se encontrariam na condição de cadaverização do defunto. Portanto mesmo que esse sentimento de angústia venha de comportamentos naturais, é preciso situar que a fuga dessa condição presumia no uso de uma remodelação estética do cadáver.
      Isso significa que havia sim uma concepção de que a decomposição cadavérica significava problemas à transição espiritual. Portanto o embalsamamento servia como garantia dessa transição suave. No entanto ao dignitário importava ter seu cadáver exposto com aparência de vivacidade, mesmo que essa durasse pouco tempo, para que pelo menos durante os ritos fúnebres ele aparentasse tal condição.
      Isso significa que a ideia de preservar o defunto para garantir sua imagem estava presente, principalmente no Japão, Coréia e China. No entanto esse não fora o motivo central em nenhuma dessas culturas, assim como nenhum dos grupos apresentou o uso do embalsamamento apenas por motivos estéticos. Esse motivo sempre esteve aliado à outras motivações.
      Espero ter conseguido atender suas dúvidas Victor!!
      Eduardo Mangolim Brandani da Silva.

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  2. pelo fato do processo de embalsamento ocorrer, em sua grande maioria, somente com homens pois eles eram os líderes no oriente, tem-se a noticia/comprovação de alguma mulher com grande destaque e liderança nessa região que teve seu corpo embalsamado? a efeito de comparação, uma "cleopatra do oriente"?
    victor eduardo chaves e silva

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    1. Olá Victor!!
      Excelente pergunta.
      Existem diversas múmias de mulheres que foram encontradas no interior do continente asiático. O grande problema é que a maioria desses são de tipo natural não intencional. Isso significa que foram encontrados em regiões áridas e desérticas, sejam essas frias ou quentes. Apesar disso existem grandes nomes de mulheres no oriente, como a dama Fu Hao na China. No entanto mesmo nesse caso, que era uma mulher guerreira e espiritualizada, é difícil situar a dimensão do que é mito e do que é realidade, ainda mais por ser dito que ela viveu por volta de 1200 A.C.
      Outro caso importante é o da única mulher que esteve no trono imperial da China, a imperatriz Wu Zetian, que governou entre 690 e 705 D.C. Apesar de sua relevância na história chinesa, além de ser um marco de interesse nos estudos femininos atuais, é preciso propor que ela não fora embalsamada. Seus restos mortais estão presentes no mausoléu de Qianling. Em minhas buscas não encontrei nenhuma análise arqueológica profunda sobre esse cadáver, no entanto no estudos mais simples nada indica isso. As fontes escritas e os outros cadáveres da mesma dinastia, a Tang (618 - 907 D.C.), indicam que o embalsamamento não esteve em uso nesse período. As dinástias Song e Ming que indiquei no texto são ambas póstumas, sendo períodos em que existe a presença de técnicas de preservação cadavérica.
      No todo os cadáveres femininos encontrados de casos de embalsamamento artificial com intencionalidade, apresentam a condição comum de terem sido preservados devido à posição que elas tinham. Isso significa que elas eram preservadas à ártir do fato de serem esposas de um dignitário, ou de ocuparem um determinado cargo de alta hierarquia.
      Algo como uma grande liderança feminina no extremo oriente é mais próprio da contemporaneidade. Como eu relatei no decorrer da resposta, existem exemplos de grandes lideranças femininas nesse espaço geográfico, no entanto infelizmente seus cadáveres não foram embalsamados e em grande parte porque esse não era o costume fúnebre usual no momento em que faleceram.
      Sobre Cleopatra é interessante comentar, apenas como curiosidade, que ela não fora embalsamada. Isso porque ela falecera num contexto tumultuado, onde Roma estava invadindo o Egito. Portanto até hoje não se tem ideia sobre o paradeiro de seu cadáver, seja localização atual ou local exato de sua morte.
      É possível pensar em grandes lideranças femininas no interior da Europa sendo embalsamados desde a antiguidade, isso devido aos cadáveres de santas. Porém num sentido global só se pensa no embalsamamento como uma prática usual entre os indivíduos, independente do genêro, apenas no século XX.
      Espero ter atendido suas demandas Victor!! Qualquer coisa estou ao dispor de suas dúvidas.
      Eduardo Mangolim Brandani da Silva.

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  4. Prezados Eduardo Mangolim Brandani da Silva e Gessica de Brito Bueno,
    Primeiramente quero parabenizá-los pelo texto e pela temática abordada.
    Sou professor da Educação Básica e o tema "múmias" sempre suscita grande interesse entre os estudantes. Normalmente, múmias são apresentadas como uma prática do Egito Antigo. Porém, em sala de aula, busco apresentar que também nas Américas existia está prática. Agora, de posse e conhecimento do texto por vocês apresentado, posso inserir outra região do globo, o extremo oriente. Minha pergunta é: as diferentes formas, práticas e usos da mumificação podem servir como uma demonstração de conhecimentos entre estes povos da antiguidade? Pois, segundo acredito, a prática além do caráter religioso, também exigia conhecimento básicos da anatomia e de formas de conservação do corpo humano. Nesse sentido, seria prudente falar em conhecimentos para a prática da mumificação entre os diferentes povos também do extremo oriente? Desde já, agradeço pela atenção dedicada. Desejo a vocês sucesso acadêmicos.

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    1. Boa tarde Professor Fabian!! Tudo bem com você?
      Eu fico muito feliz com sua pergunta e também com a possibilidade desse texto ampliar suas discussões sobre múmias e mumificações em sala de aula!!
      Sua pergunta vai de encontro com a ideia do patrimônio cultural como a ideia de um patrimônio científico. Essa ideia sugere que determinados elementos e produtos produzidos por diferentes culturas no tempo denotam conhecimentos e práticas técnicas que eles possuíam. Quando pensamos na realização do embalsamamento nessas diferentes culturas é possível sim dizer que todas as culturas abordadas tinham noções anatômicas e preservativas. No entanto é interessante pensar de onde e como surgiram esses elementos.
      Num todo o embalsamamento enquanto prática direcionada à preservação cadavérica surgiu como uma técnica que visava justamente eliminar o horror ao cadáver. No entanto como surgiram tais medidas preservativas?
      Existem duas possibilidades. A primeira se deu entre culturas antigas onde elas observaram elementos da natureza e próprios de si como via de aplicação sobre os cadáveres. Isso significa que a interpretação de elementos naturais, como a ação da áridez sobre cadáveres de animais (que ficavam preservados) foi útil para se pensar que o seco garantia a preservação. Por outro lado existem elementos culturais que derivaram em sentido da preservação cadavérica, como foram os casos das caçadas. Quando um animal era caçado, ele era também eviscerado e depois salgado ou defumado, isso como via de garantir que se tornasse preservado. Esse tipo de medida foi essencial para os conhecimentos anatômicos e também preservativos.
      A segunda possibilidade se deu em meio às culturas que herdaram conhecimentos anatômicos e preservativos de seus antepassados. Seria por exemplo o caso das dinastias Song e Ming que dependeram de conhecimentos herdados para realizarem o embalsamamento. Isso porque seus antepassados observaram a natureza e a partir dela puderam fazer usos para a preservação cadavérica.
      No caso dos Ibaloy nas Filipinas se pensa numa cultura que se enquadra no primeiro caso. Isso significa que eles em algum momento interpretaram a natureza e também suas próprias medidas de caça para pensar nesse tipo de atitude diante do cadáver humanos.
      Por meio dessa lógica algumas culturas produziram uma extensa documentação sobre anatomia humana e tratamentos sobre os corpos, como foi o caso dos chineses que desde o século II A.C. tinham uma medicina avançada. Em outros casos nota-se que esses conhecimentos partiam de tradições orais, como é o caso dos Ibaloy.
      Em sentido de concluir minha resposta acredito que se pode sim abordar em conhecimentos anatômicos e preservativos para poder abordar o embalsamamento. É nesse sentido que penso nessa resposta, na trajetória daquilo que permitiu a origem desses conhecimentos técnicos, para que assim fosse possível também o uso deles sobre os cadáveres à fim de que fossem embalsamados.
      No horizonte do patrimônio científico é possível pensar na perspectiva de que essas múmias significam, sem dúvida, conhecimentos anatômicos e preservativos para a produção de múmias. Nem sempre os conhecimentos anatômicos foram necessáros nessa lógica, pois como fica aparente entre as múmias naturais intencionais egícpicias de 4000 A.C. e as de mesmo tipo dos Chinchorro datadas de 6000 A.C. nota-se que o critério central fora a observação da natureza. Isso porque nesse caso esses corpos eram deixados no espaço árido para serem depois buscados já enquanto múmias. No entanto nesses modelos os corpos nem sequer eram eviscerados.
      Professor Fabian queria mais uma vez agradecer sua pergunta e espero ter atendido suas demandas!! Uma boa semana para você.
      Eduardo Mangolim Brandani da Silva.

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  6. Caro Eduardo.

    Agradeço pelas explicações e complementos. Certamente irão contribuir para a minha prática pedagógica em sala de aula.
    Abraço.
    Fabian.

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  7. Bom dia.
    Aos autores Eduardo e Gessica, adorei a pesquisa de vocês, parabéns!! Sempre me interessei por temas como este, obrigada por compartilhar.

    Tenho algumas perguntas sobre a pesquisa de voçês:

    - Eu não sei se compreendi bem, mas o embalsamento natural é aquele onde não é empregado recursos pensando a preservação. Enquanto que o artificial é o uso de recursos para a preservação daquele corpo. Seria isso mesmo?

    - O que seria a inumação?

    - Quanto à múmia Sokushinbutsu, a pessoa tinha que seguir uma dieta antes da morte?

    Att.
    Angélica da Cruz Bernardo.

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    1. Bom dia Angelica!! Fico muito feliz que tenha gostado do texto e agradeço a leitura!!
      Vou me atentar à contribuir em sanar suas dúvidas. Quando se aborda o embalsamamento pode-se falar também em mumificação. Existem assim quatro categorias que precisam ser pensadas quando se aborda o embalsamamento. O natural, o artificial, o intencional e o não intencional.
      O intencional e o não intencional são em sentido de que a múmia produzida possa ter tido intencionalidade ou não.
      O natural é a ideia de que essa múmia surgiu apenas em espaço natural. Esses são os cadáveres preservados em meio árido gelado ou quentes, como aquelas encontradas nos desertos e no espaços gélidos. A maioria das múmias naturais são não intencionais, no entanto existem as múmias naturais intencionais. Porém no caso da Ásia não encontrei modelos desse tipo. Sei daquelas produzidas entre os Chinchorro na América do sul e dos egípcios no norte da África. No caso da Ásia existem múmias naturais não intencionais, porém no geral não trabalho com essas, pois essas dependem mais de acidentes do que qualquer medida antrópica.
      No caso das múmias artificiais, essas são aquelas que surgem devido algum tipo de intervenção sobre o cadáver ou pela maneira que o cadáver foi inumado.
      Inumação é enterrar o cadáver embaixo do solo. É o contrário de exumar um cadáver. Sendo assim um modelo artificial pode ser intencional ou não intencional. Por exemplo, no caso do sítio de Mawangtui é difícil propor se houve intencionalidade. No entanto pensa-se que foram modelos artificiais não intencionais. O fato dos cadáveres terem sido inumados dentro de caixões, terem sindo enrolados em seda e terem sido lavados, faz com que exista a artificialidade, no entanto nenhuma medida aparenta ter sido em sentido de promover o embalsamamento.
      À respeito da múmia Sokushinbutsu o caminho da dieta não era meramente para a mumificação, mas também pela dimensão do ascetismo. Havia uma doutrina no qual a existência da vida eterna na múmia dependia desse caminho de restrições. Mas além disso existe um sentido técnico nessa dieta. O consumo limitado de nutrientes fazia com que o corpo tivesse baixa massa lipídica e baixo índice de hidratação. A gordura e a água são dois fatores que levam à putrefação. Portanto a dieta baseada centralmente em recursos adstringentes servia em sentido de garantir também uma atividade bacteriana mais lenta. Portanto a dieta tinha um sentido religioso pautado no ascetismo, assim como de questões técnicas para garantir condições propícias ao embalsamamento e mumificação do corpo.
      Espero ter respondido suas questões Angélica!! Qualquer dúvida estou à disposição.
      Att.
      Eduardo Mangolim Brandani da Silva.

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