Eduarda Christine Souza Pucci

IMPERIALISMO JAPONÊS NA PENÍNSULA COREANA NA ÓTICA DOS K-DRAMAS MR. SUNSHINE: UM RAIO DE SOL E CHICAGO TYPEWRITER


Com as grandes transformações que o século XIX e XX que aconteceram no continente Asiático, podemos destacar o fim do Xogunato e a ascensão do período Meiji [1868–1912], no Japão, momento este que o povo japonês vivenciou mudanças em seu cotidiano e política. A partir dessa nova forma de organização, o Japão começa a se desenvolver industrial e militarmente, com o advento da ocidentalização causada com uma interferência dos Estados Unidos em seu território. Nesse momento, o governo japonês abre o país para essa nova forma de vida e começa a planejar técnicas de ascensão do Japão na Ásia. Uma dessas técnicas de poderio do Japão foi a anexação da Península Coreana, que ocorreu no século XX, ocasião esta que ficou marcada por muitos conflitos, resistência e memória, além de um forte sentimento de nacionalismo coreano.

Deste modo, será apresentado um breve resumo sobre o período do Meiji e como as características que essa revolução causou ao Japão, influenciou na futura posição imperialista que irá ocorrer e como essas relações vão afetar a Ásia Oriental, principalmente a Península Coreana, que vivia a Dinastia Joseon. Assim, irá ser exposto como acontecia essa relação entre Japão-China-Coreia, e como o Império Japonês conseguiu se tornar tão grande e expressivo em pouco tempo, além de deixar grandes marcas na vida e na cultura coreana.

Assim, por último, para tentar ilustrar como ocorreu essa prática imperialista Japonesa na Coreia, os k-dramas sul-coreano “Mr. Sunshine: um raio de sol” (tvN, 2018) e o k-drama “Chicago Typewriter” (tvN, 2017) servem como exemplo esse momento. A escolha dessas produções audiovisuais se deu, pois, elas apresentam essa temática da Invasão japonesa na Península Coreana, desde os primeiros tratados até a tentativa do processo de independência, que ocorrem em consonância com a Segunda Guerra Mundial [1939–1945].

 

O Japão na conquista do Continente Asiático frente as potências ocidentais e a anexação da Península Coreana

Antes de começar a falar sobre como foi o processo imperialista realizado pelo Japão, é importante ressaltar o que foi a Revolução Meiji e qual o seu impacto de uma nova visão que o Japão irá ganhar. Segundo Henshall, as instituições e práticas do ocidente iriam ser introduzidas não apenas na política, forças armadas, indústria e economia, mas na sociedade em geral [2008, p.114]. Esse período, foi compreendido por diversas transformações internas na política e militarização do país, além de suscitar influências dos processos de colonização de territórios como a América e África, que o continente europeu efetuou no começo do século XV. O Japão, ao observar esse fenômeno, segundo Ehalt, com a crescente influência ocidental e o com o crescimento da militarização, o país tornou-se uma potência imperialista. O ideal de Fukuzawa Yukichi, de abertura e civilização, foi gradualmente abandonado em prol do objetivo do governo de tornar o país uma das grandes potências mundiais da época [2013, p.132]. Por conta desse crescente sentimento de ser fazer presente, e pelo receio de ser dominado mais uma vez pelo ocidente, decide implementar características e estratégias como as feitas pelas potências, como a Norte Americana e de países da Europa, em a adquirir colônias, tanta para projetos militares, quanto para obtenção de matérias-primas, além de ser manter presente no cenário internacional que estava se formando. 

O processo de anexação da Coreia pelo Japão começa com o Tratado de Ganghwa [1876], em lembrança aos “tratados desiguais” impostos do ocidente ao governo do Japão. Esse tratado concede certos poderes ao Japão sob a Coreia, que ocorreu quando um grupo de representantes e autoridades militares, econômicas e do governo japonês buscou anexar a Península Coreana política e economicamente ao império japonês [Brites, 2020, p.17]. Logo, após 1884, com a convenção de Tiensin, o Japão conseguiu a retirada das tropas chinesas da Península Coreana, as quais regressariam com a vitória Japonesa nobre a guerra Sino-Japonesa [1894–1895] [Azenha, p.9], acontecimento que deixou o Japão em grande vantagem em reconhecimento das potências ocidentais, no período do século XIX, pois ao derrotar a China, que ao ver era um grande Império e conhecida por sua extensa territorialidade, o pequeno Japão a derrota, trazendo uma imagem de humilhação por parte da civilização chinesa e da Dinastia Qing []. Voltando para a Península Coreana, o Japão ainda continua a tentativa de anexação do território coreano, com isso em 1905 no Tratado de Eulsa, o Japão cria a imagem que os Coreanos precisam do Império Japonês por ser uma nação asiática que está em crescimento, além do fato, do Japão ter vencido mais uma guerra, dessa vez contra a Rússia, na Guerra Russo-Japonesa [1904–1905], fazendo com que a essa imagem de crescimento japonês fique legitimada.

A partir do tratado de Eulsa, passam alguns anos e o Japão anexa a Península Coreana, em 1910. O Império do Rei Gojong termina e se inicia o processo colonial com o apagamento gradual da cultura do povo coreano e a imposição de características nipônicas ao cotidiano da Coreia, o que gerou um sentimento anti-japonês que já vinha sendo construído desde as primeiras tentativas de controle da península. Uma dessas práticas feitas pelos japoneses variava, entre substituir o idioma, tentativa de acabar com o uso do Hangul [alfabeto oficial da escrita coreana], e também o sistema monetário, as redes de transporte, o comércio e vendas das terras a força que posteriormente eram revendidas para Japoneses. Diante de tudo isso que estava ocorrendo, começam a eclodir manifestações em repúdio a todas essas transformações bruscas e sem consentimento do povo coreano, uma das mais repercutidas, foi o movimento 1° de março de 1919, em que vários coreanos foram as ruas pedindo por sua independência frente à ocupação japonesa que ainda era presente na península. Porém o governo japonês não respondeu de uma forma pacífica a esse movimento, pois no decorrer da passeata, muitas pessoas ficaram feridas e houve mortes também [Koreapost, 2020].

Conforme aconteciam esses levantes de intelectuais coreanos na península, a relação entre a China e Japão continuava conflituosa, por isso aconteceu a Segunda Guerra Sino-Japonesa [1937] e também alguns anos depois, na Europa eclode a Segunda Guerra Mundial [1939–1945], conflito que o Japão posteriormente adentra com a Guerra no Pacífico [1941], com o ataque a base naval de Pearl Harbor no Havaí. À medida que esses conflitos iam crescendo, que já estavam tomando grandes proporções, na Ásia, o exército japonês inicia um capítulo de uma atrocidade que iria ficar marcado na história, como “mulheres de conforto”, nome dado às mulheres que eram obrigadas a prestarem serviços sexuais a soldados japoneses. Além de mulheres coreanas, essa escravidão sexual era realizada com mulheres pertencentes aos países em que o Japão tinha domínio imperial [Andrade, 2020, p.133–134], porém o maior quantitativo de vítimas era de origem coreana e chinesa. Esse período de anexação e crimes dura 35 anos e tem seu fim na Segunda Guerra Mundial, quando o Japão renuncia à guerra após muita luta em prol da independência e, após a rendição Japonesa na Segunda Guerra Mundial, é retirado suas tropas da coreia. Porém, após o fim desse conflito em busca de liberdade, a península é dividida em Norte e Sul, com influências e ideologias divergentes, fazendo com que mais um período turbulento se aproxime da vida dos coreanos.

 

Uma história coreana sob o olhar audiovisual dos K-dramas, a partir de Mr. Sunshine e Chicago Typewriter

Para ilustrar os acontecimentos até agora já citados neste ensaio, o K-drama “Mr. Sunshine”, escrito por Kim Eun Sook, apresenta uma primeira parte de como ocorreram as tentativas de colonização do Japão na Coreia. Para seguir uma ordem cronológica, se passa na Dinastia Joseon [1392–1910]. As primeiras cenas do drama se passam no ano de 1871, ano que marca a expedição norte-americana em Joseon, que começa a contar a história de Choi Yu-jin [Lee Byung Hun], um escravo refugiado que, no decorrer do drama, sua vida muda completamente com sua ida aos Estados Unidos e mudança de seu nome para Eugene Choi. Os primeiros acontecimentos históricos retratados no drama é o Tratado de Ganghwa [1876], a Reforma Gabo [1894] e a Guerra Hispano-Americana, com enfoque na Batalha de Caney [1898]. A utilização desses episódios servem de apoio à história que irá ser contada e para dar também uma certa legitimidade e ilustrar o acontecimento histórico que o drama quer transmitir e assim prender a atenção do telespectador, principalmente para os fãs do gênero.

Já o K-drama “Chicago TypeWriter”, escrito por Jin Su-wan, utiliza uma forma diferente de abordar o que estava acontecendo na Península Coreana, nos anos 30. A história se passa no tempo passado e presente, nos anos de 1930 e 2017, respectivamente, em que Han Se-joo [Yoo Ah In], um dos personagens principais, é um escritor famoso e ganha uma secreta máquina de escrever e sua vida muda completamente, com a presença de Jeon Seol [Lim Su-jeong], uma fã que junto com ele possui um passado desconhecido da outra vida que tivera. O ponto principal do drama é a presença do fantasma de Yoo-Jin-oh que, ao reencontrar Han Se-joo no presente, tenta voltar ao passado e descobrir o motivo de sua morte. A partir dessas voltas que ocorrem no decorrer da trama, é possível observar uma Coreia tomada pelos Japoneses e sem identidade, onde os três amigos juntos com um grupo de rebeldes anti-japão, buscam pela independência coreana. A forma como são retratados os acontecimentos históricos, servem para dar uma introdução para se fazer entender uma parte da história presente no conteúdo histórico ficcional. O uso do período de ocupação Japonesa na península coreana desde seu começo com o neocolonialismo japonês na Ásia no século XIX e a ocupação da Coreia em [1910–1945], que deixaram uma grande ferida na península, faz com que chame a atenção do telespectador.

 

Considerações Finais

Diante do que foi exposto, pode-se notar que o processo de anexação da Península Coreana, aconteceu em etapas, com tratados, em referência a como os Estados Unidos chegam pela primeira vez no território Japonês. A partir dessa memória, o Japão inicia seu processo de desenvolvimento industrial. Com o começo da revolução Meiji, mudanças ocorrem no cotidiano e na militarização, fazendo com que ele se torne um gigante asiático em vista da China.

O neocolonialismo na Coreia, fez com que o governo japonês pudesse crescer ainda mais em vista das potências ocidentais dos séculos XIX-XX. Porém, o que foi uma coisa boa para o Japão não foi para a Coreia, pois além de transformações impostas e mudanças de poder, houve um acontecimento que iria ficar marcado na história e nas relações entre Japão-Coreia, que são as mulheres de conforto, prática que deixou cicatrizes na memória das vítimas coreanas e mulheres de continente asiático também.

Destaca-se, também, o papel do audiovisual na introdução de temas históricos. Por mais que seja algo fictício, pode gerar uma curiosidade no telespectador em referência à história que está sendo apresentada. Em virtude disso, os k-dramas mostram e estabelecem um sentimento de memória e investigação com a história que está presente na dramaturgia. A escolha de “Mr. Sunshine” e “Chicago Typewriter”, é exatamente com esse intuito. Além das produções serem bem elaboradas, elas descrevem uma parte do processo de anexação Japão-Coreia, apesar de não mostrarem fielmente os fatos de como foram os 35 anos de luta por independência, é possível criar interesse pelos temas passados.

Desse modo, os fatos e exemplos até aqui mostrados, serviram para demonstrar e fazer uma breve síntese de como ocorreu o Imperialismo Japonês e como aconteceu a anexação da Coreia ao Japão. De início foi apresentado uma parte do que foi o Meiji, parte importante da história de como o Japão conseguiu se desenvolver ao passo que o ocidente adentrava na Ásia. Logo após, foi expresso como a Península Coreana e a Dinastia Joseon foi submetida às características que o Japão pretendia implementar. Por fim, foi demonstrado como os k-dramas do gênero histórico também ajudam a propagar uma história de luta pela independência do povo coreano pela sua liberdade diante do Japão.

 

Referências

Eduarda Christine Souza Pucci é discente do curso de Licenciatura em História, pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ.

ANDRADE, Andreyna Alencar. O estupro como tática de guerra. III MEPE – Mostra de Ensino, Pesquisa e Extensão da FACAPE. 2020, p.127-128. Disponível em: <https://1732-26884.el-alt.com/wp-content/uploads/eventosacademicos/ANAIS%20MEPE%20%202020%20%20.pdf#page=150 >

AZENHA, Tatiana. Diferendo Dokdo/Takeshima A gestão de conflitos das relações Coreanas e Japonesas Marítimas na dinastia de Joseon. Disponível em: Academia.edu. Disponível em <https://www.academia.edu/10510500/Diferendo_Dokdo_Takeshima_A_gest%C3%A3o_de_conflitos_das_rela%C3%A7%C3%B5es_Coreanas_e_Japonesas_Mar%C3%ADtimas_na_dinastia_de_Joseon> (p.9)

BRITES, Alessandra Scangarelli. Imperialismo e Colonização: A representação das relações intrínsecas e dúbias entre as elites Japonesa e Coreana através do cinema. Faces da Ásia. 1ª Ed. Rio de Janeiro: Sobre Ontens/CEA-UFF, 2020. ISBN: 978-65-00-08730-7 163pp. Disponível em <

https://www.academia.edu/44312376/Faces_of_Asia_Faces_da_Asia_book_ > (p. 13-23)

EHALT, Rômulo da Silva. Notas sobre o nascimento da historiografia moderna no Japão da Era Meiji. História da historiografia, Ouro preto, n. 12, agosto, 2013. 119-136. doi: 10.15848/hh. v0i12.601

HENSHALL, K. História do Japão, parte IV. Edições 70, 2008, p.107-150.

MOVIMENTO 1° DE MARÇO (verbete). Koreapost (2020). Disponível em <https://www.koreapost.com.br/conheca-a-coreia/historia/1o-de-marco-o-dia-do-movimento/>

21 comentários:

  1. Você acredita que a ditadura da Coréia do Norte teve forte influência do domínio do Japão?

    Suelen Bonete de Carvalho

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    1. Olá Suelen, obrigada pela pergunta!
      É certo que um dos motivos de ocorrer a divisão da península coreana, foi as implicações e consequências da colonização japonesa, dado isto, a influência que podemos destacar é o que essa ocupação resultou e a luta da população coreana em busca de sua independência que ficou confiscada por anos. O forte nacionalismo imposto na Coreia do Norte (RPDC) é resultado de um conjunto de fatores, dois quais podemos citar, a figura dos líderes, como Kim Il Sung que foi um dos guerrilheiros contra o domínio japonês, haviam também crescendo na nação coreana um sentimento anti-japonês, pois a cultura, língua e costumes coreanos estavam sendo destituídos e sendo obrigados a adquirir apenas influências japonesas em seu cotidiano, diante disso, suponho que parte desse nacionalismo norte-coreano, se da por receio (ou talvez, medo de ter suas lutas e sua independência roubadas mais uma vez) e da memória que o Imperialismo causou entre os coreanos.

      Espero ter respondido a sua pergunta! :)
      - Eduarda Christine Souza Pucci

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    2. Sim, ajudou a esclarecer!
      Muito obrigada pela resposta!!
      Adorei teu texto, achei ele muito enriquecedor!

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    3. Fico feliz, eu que agradeço por gostar do meu texto! E que bom que consegui responder sua dúvida! :)

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  2. A ferida aberta com a mulheres de conforto, continua sangrando na Coreia. O Japão até hoje não pediu desculpas formalmente as atrocidades cometidas contra estas meninas.
    Está trajédia humana, afetou mais de 200.000 meninas e mulheres de várias nacionalidades, a maioria era coreana. O Japão pode não admitir, mas as vítimas ainda estão vivas, narrando suas histórias que jamais serão esquecidas.
    Até quando o governo Japonês irá encobrir sua responsabilidade no ocorrido?

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    1. Olá, Essa é uma questão que ainda é muito debatida, porém o governo Japonês, geralmente cita que esse problema já foi resolvido em 1965, quando ocorreu um tratado de reestabelecimento das relações diplomáticas de ambos os países. Ainda há muitos processos em relação ao que aconteceu à essas mulheres, este ano mesmo, ocorreu um processo de indenização, porém o Japão continua relutante a esse ocorrido.

      Espero ter respondido sua dúvida!
      - Eduarda Christine Souza Pucci

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    2. Sim, respondeu. A indenização não apaga como elas foram tratadas. As vítimas não receberam um pedido de desculpa formal, reconhecendo as atrocidades cometidas pelo govervo japonês.

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    3. Exatamente, um pedido de desculpas formal e oficial é o que espera o governo sul-coreano do Japão, coisa que ainda não ocorreu, mas espero que isso ainda ocorra, mesmo que não hajam mais vítimas em vida, que suas memórias sejam respeitadas!

      - Eduarda Christine Souza Pucci

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  3. Boa noite,
    Parabéns por seu artigo! É uma temática muito interessante, que envolve uma geopolítica conflituosa até hoje, entre os japoneses e coreanos! Como historiadora e dorameira, adorei que você mobilizou como a História é construída nos k-dramas. De fato, são muitos dramas que abordam essas temáticas, assim como muitos filmes coreanos.
    Diante disso, gostaria de lhe perguntar se não seria possível aprofundar sua análise para pensar os danos que o imperialismo japonês propagou no sudeste asiático? Afinal, muitos dramas e filmes abordam justamente o apagamento das culturas locais e a imposição da cultura japonesa.
    Além disso, fiquei curiosa, você pretende investir nesse objeto de pesquisa? (tomara que sim) Caso siga com esse objeto, quais serão seus futuros planos de análise?
    Peço perdão pelo longo comentário, essa dorameira se empolgou um pouco!
    Tenha uma gloriosa semana,
    Att: Krishna Luchetti

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    1. Olá Krishna, fico feliz que tenha gostado da temática, também sou dorameira e historiadora (em formação) e sempre que assisto algum drama ou filme histórico, tento analisar cada aspecto. Diante das suas perguntas, responderei em partes, para ficar mais fácil!

      — Claro que sim, pois os danos do Imperialismo não apenas restrito ao leste asiático, houve muitos conflitos em outras partes do continente, porém como eu queria utilizar esses dois k-dramas em específico, escolhi apenas retratar como o ocorreu na Península Coreana.

      — Sim, pretendo, pois, é algo que gosto muito, mesclar o audiovisual com a história, e esses dois k-dramas escolhidos tem muita história ainda para contar, além de outros é claro, que pretendo analisar!

      — Além de k-dramas, observo também, como ocorrem as influências histórias em MV's, animes, dramas, e outras coisas da cultura pop da Ásia, acredito que esse tópico tem muita coisa interessante para se exposta ao público, em geral.

      Agradeço por perguntar e ter gostado do meu texto! :)
      — Eduarda Christine Souza Pucci

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    2. Fico muito feliz que esteja tão empenhada nessa pesquisa!
      Obrigada pelas respostas!

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    3. Ah que bom! fico feliz de ter conseguido responder! :)

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  4. Eduarda: agradeço o seu trabalho, que me ajudou a entender o "Raio de Sol" um seriado (k-drama, aprendi) de que gostei muito e assisti com paixão. Nele, e alguma outra leitura, percebi que a península da Coreia não foi sempre politicamente unificada: a atual divisão entre Norte e Sul tem raízes históricas, ou culturais? E o Exército dos Justos foi a única forma de resistência coreana à invasão japonesa, ou houve outras?

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    1. Olá, João é isto mesmo k-drama ou apenas drama, o termo série geralmente é para indicar produções ocidentais, mas não é errado usar, é uma questão de denominações mesmo, até porque dorama já é caracterizado por produções japonesas, e assim por diante. Também responderei sua pergunta em partes!

      — Geograficamente a península sempre foi dividida por suas matérias-primas que podiam ser desenvolvidas em cada tipo de solo, por exemplo, no Norte que é uma região montanhosa e tem um terreno bastante irregular, sua economia e atividade industrial era concentrada na mineração. Já no Sul, a economia agrícola já era melhor, pois o solo era propenso para o cultivo, e também indústrias de bens de consumo. Porém, além dessas características geográficas, há econômicas e políticas também que dividiram sempre a península.

      — Não, ocorreram várias formas de resistência durante o período de ocupação japonesa, é importante ressaltar que antes desse domínio que ocorreu no século XX, houve outros conflitos também entre a Coreia e o Japão no século XIX, e houve movimentos de resistência desse período os chamados “exércitos da virtude” (auxiliado pelo Rei Kojong - 고종) que buscava obter apoio internacional! Assim também, já no período da colonização, teve a criação do Partido Comunista Coreano (PCC), o Movimento de Primeiro de Março, e também outros movimentos estudantis, greves trabalhistas e a criação da Liga da Independência Coreana, além de outros movimentos.

      Espero ter ajudado! :)

      — Eduarda Christine Souza Pucci

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  5. Ótimo texto, vale a pena lembrar que o Japão já tentava invadir a Coreia a séculos, no período dos 3 reinos tinha relações com Bakje, mas durante as dinastias seguintes houveram várias batalhas, como a famosa Batalha de Myeongnyang comandada pelo almirante Yi Sun Sin(tem inclusive ótimo filme sobre), pelos sageuks dá pra perceber que já existia um sentimento anti-japones devido essas invasões o que só aumentou com a colonização. Desde 2015 venho acompanhando diversas brigas políticas entre os dois países, principalmente quando foi colocada uma estátua em homenagem as "mulheres de conforto" em frente a embaixada, recentemente 12 mulheres(7 já faleceram) ganharam na justiça o direito a indenização por parte do governo japonês. Gostaria de saber o que o Japão e os japoneses pensam em relação ao danos causados pela colonização? Por que se recusam a reconhecer e justificam que já fizeram mesmo os dois países estando em constante impasse? (Um exemplo recente foi um comentário indelicado de um ministro japonês que fez o presidente moon jae-in desistir de comparecer à abertura dos jogos olímpicos)
    Outra pergunta, com todas essas tensões, você vê uma possibilidade de união entre os dois governos? Ou ainda é algo bem distante?

    Hanna Camylle Cordeiro Coelho
    hannacamylle@hotmail.com

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    1. Olá Hanna, obrigada pelas dicas e contribuições em seu comentário, e fico feliz que tenha gostado do meu texto. Assim, como na pergunta acima com essa mesma temática, reitero que para o Japão essa questão já foi resolvida e para o governo assim também em uma afirmação polêmica do ex-ministro Shinzo Abe “Não devemos deixar que nossos filhos, netos e gerações futuras, que não têm nada a ver com essa guerra, sejam predestinados a pedir desculpas”. A partir dessa colocação, dá para perceber que ainda há uma parte da população japonesa, mesmo que seja bem pequena, que acredita que os crimes imperialistas e as consequências do processo de colonização da Ásia, e em especialmente na Coreia do Sul, foi algo que já passou. Então acho difícil ocorrer uma mudança por agora, talvez mais para o futuro, possa acontecer dessa relutância cessar e o pedido oficial de desculpas e indenização às vítimas possam ser efetuados e reconhecidos.
      Já na questão da união entre a Coreia do Sul e Japão, essa relação existe, porém, como já disse, a questão da memória do período do domínio peninsular ainda carrega grandes atritos entre às duas potências. Mas sim, há uma união, por serem vizinhos asiáticos com os EUA, com relação aos movimentos por parte da Coreia do Norte, mas essa união não é algo sólido.

      Deixo ainda essas duas reportagens, caso se interesse e em complementação às minhas respostas!

      https://medium.com/qg-feminista/70-anos-depois-um-novo-sistema-de-mulheres-de-conforto-630fef7a689c

      https://extra.globo.com/noticias/mundo/em-decisao-inedita-tribunal-sul-coreano-determina-que-japao-indenize-mulheres-de-conforto-abusadas-no-periodo-colonial-24830183.html

      Espero ter ajudado, qualquer dúvida ou se quiser trocar infos, meu email é: eduardapucci123@gmail.com

      - Eduarda Christine Souza Pucci :)

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  6. Bom dia, Eduarda, ótimo texto e um tema de extrema relevância. Pesquiso sobre a memória do Japão pós-guerra e sei como este é um assunto tabu. Em minha pesquisa sobre a memória de dor da bomba atômica argumento junto a outros autores que para que o Japão consiga o reconhecimento do terror atômico é preciso expiar seus proprios crimes de guerra no leste asiático. Gostaria de tecer duas questões a partir desta afirmação, primeiro, você ja viu alguma comparação do terror atômico com as atrocidades do Império Japonês na coréia nas obras que visitou. E, segundo, como você interpreta essa necessidade de reparação por parte do Japão hoje, uma vez que o Japão tem feito uma nova investida militar e de aproximação com o leste asiático juntamente aos EUA para tentar conter a influência da China.

    Douglas Pastrello

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    1. Olá Douglas, fico feliz que gostou do tema. Respondendo sua pergunta, eu ainda não tive essa curiosidade, em relação aos dramas que usei como base para esse texto, não há essa categoria de comparação, mas você me deixou com vontade de procurar sobre e eu irei!
      Já a segunda pergunta, se correlaciona com uma das respostas dada acima, essa questão é um ninho de vespas sabe, pois, tecnicamente o Japão e a Coreia do Sul são aliados dos EUA, de olho nos avanços da Coreia do Norte, mas apesar dessa "união", ainda há muitos entraves e um deles que dificulta sempre as relações entre os vizinhos asiáticos é a questão das mulheres de conforto, período este que para o Japão, já é algo resolvido e está no passado. Se quiser saber um pouco mais dos pontos de vista do governo japonês em relação a esse tema, na resposta acima coloquei uns links que podem ajudar. Eu espero ter te ajudado, mas caso tenha ficado alguma dúvida, convido a enviar um email e conversamos e podemos trocar questões a respeito do tema de memória.

      Espero ter realmente ajudado, mas acredito que um internaciolista, iria te ajudar melhor, na segunda questão! :)

      Meu email: eduardapucci123@gmail.com

      - Eduarda Christine Souza Pucci

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  7. Boa tarde!! Parabéns pelo ótimo texto e pelas informações e análises contidas nele.
    Quando iniciei a leitura fiquei torcendo mentalmente para que fosse citado o caso das mulheres de conforto, que gera discussões e momentos de tensão até os dias de hoje. Recordo de ter lido em algum site que em uma data específica ocorre em vários lugares da Coreia do Sul manifestações artísticas para conscientizar e relembrar o que as mulheres coreanas sofreram. Caso não esteja enganada, alguns anos atrás havia ônibus de Seul com estátuas das mulheres de conforto. De acordo com a sua concepção, o que essas mulheres significam para a geração coreana mais nova?
    Também gostaria de elogiar a relação que você fez dos dramas históricos com a vontade de aprender mais sobre a cultura coreana. Graças ao dorama "Moon Lovers", pesquisei na internet sobre outros doramas de época e sobre a dinastia Goryeo.
    Desejo muita sorte, perseverança e tranquilidade nos seus próximos trabalhos.

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  8. Olá Lara, agradeço pela pergunta e por gostar do meu texto. Quando escolhi esse tema para fazer o texto, a questão das mulheres de conforto, por mais breve que seja, deve ser citada. Nesse texto em questão, como o enfoque não era essa temática em especial, apenas mencionei o episódio, mas não me aprofundei muito. Na Coreia do Sul, assim como em outros lugares do mundo há memorias que zelam pelas vidas dessas mulheres que morreram nessa atividade imposta pelo governo Japonês. Respondendo a sua pergunta, esse episódio serve como um episódio da história da Ásia que não deve ser esquecido e como memória às vítimas do ocorrido e suas famílias também, consequentemente. O fato de abordarem o que aconteceu com essas mulheres para uma nova geração, faz com que essa juventude possa se impulsionar mais e lutar pelos seus direitos e saber quais são eles, o que infelizmente as mulheres submetidas ao trabalho forçado sexual não tiveram!
    Pesquisando algumas notícias em relação às mulheres de conforto, descobri recentemente que ocorreram de exposições a assuntos que pudessem virar notícia, abaixo deixo o link das reportagens, caso possa te interessar!

    http://portuguese.people.com.cn/n3/2021/0923/c309806-9899825.html

    https://japan-forward.com/berlin-extends-anti-japan-comfort-women-display-despite-japans-appeal/

    https://www.polygraph.info/a/fact-check-comfort-women-japan-textbooks/31460270.html

    https://eql.com.br/instagram/2021/08/dia-internacional-em-memoria-das-mulheres-de-conforto-marca-periodo-de-escravizacao-sexual-de-asiaticas/

    (lembrando que esses links foi de uma pesquisa rápida, então qualquer erro, já peço desculpas!)

    A respeito do drama que você citou, ele é um dos meus queridinhos, junto com esses citados no texto. Ele realmente é muito bom, e deve ser analisado, junto com as aspectos de sua datação.

    Muito obrigada pelas felicitações e espero ter respondido a sua pergunta! :)

    - Eduarda Christine Souza Pucci

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  9. Ótimo texto Eduarda! Gostei muito da forma como você fez a ligação entre um tema tão importante para a Ásia com ums dos "trends" de hoje em dia. Minha dúvida é mais pontual, pois sempre me interessei na parte étnica desse conflito.

    Assim, sabemos que as mulheres de conforto e as disputas territoriais tem um espaço central na discussão desse tema, mas você tem alguma opinião sobre os coreanos Zainichi (在日)?

    Apesar da terceira geração já estar acostumada aos preceitos japoneses e até mesmo aculturados, vemos que o Japão ainda não encara eles como verdadeiros cidadãos japoneses, pois ainda há muita discriminação por parte do governo (pela repressão às escolas)e pela sociedade (com a disseminação do ódio online).

    O nacionalismo ainda é muito representado por alguns grupos, e a supremacia política de um partido de direita acaba por dificultar as relações entre os dois povos. Há alguma possibilidade, no futuro, de ocorrer realmente um novo acordo que gere uma mudança na visão entre Japoneses e Coreanos? Acredito que ainda demore para que essa assimilação seja alcançada, já que as peculiaridades das culturas coreanas e japonesas não podem ser entendidas tão facilmente...

    Att: Thomas Dias PLacido

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