Caroline Micaela de Souza Greco e Teodora Maicá Soares

 FEMINISMO NA CHINA: HISTÓRIA DO MOVIMENTO SUFRAGISTA CHINÊS

 

Introdução

Este trabalho traz um propósito de abordar a história dos movimentos feministas na China e seus desdobramentos até a primeira metade do século XX. Tem também como objetivo, demonstrar que a contextualização histórica é peça fundamental para uma plena compreensão a respeito do feminismo chinês, facilmente colocada como praticamente inexistente e desinteressante para o sistema internacional. A temática é escolhida de forma justa, pela necessidade de conscientização e repercussão de informações verídicas, ora tão caras no cenário atual.

Dessa forma, analisaremos o contexto histórico de construção dos movimentos feministas chineses, buscando fornecer ao leitor ferramentas para maior compreensão do tema. Além disso, realiza-se uma breve análise e explanação, através de um segmento temporal, das ondas feministas, visualizando seus marcos históricos e analisando os passos corajosos, por assim dizer, que as feministas chinesas deram durante períodos de governos autoritários.   

Também, ao analisarmos inicialmente os movimentos sufragistas e suas nuances, consegue-se observar grande diferença entre a caracterização do movimento, suas pautas e ideologias entre ocidente e oriente. O senso comum, que se dá pelas fontes midiáticas das quais bebemos no ocidente, reforçam o Orientalismo de Said [2007, p. 12], no qual constrói-se a caracterização do Oriente sob a visão ocidentalista, ou seja, há, majoritariamente, uma visão subversiva a respeito do oriente e, principalmente, a respeito de suas cultura e liberdade. Em suma, o trabalho busca  disseminar conteúdo feminista provindo do outro lado do globo e suas influências para as mudanças da China, além de provocar reflexão sobre a importância do exercício diário que é desprender-se do viés ocidental e abrir-se ao leque de transformações sociais ao redor do mundo.

 

Os movimentos sufragistas

A história da luta de emancipação das mulheres, não pode dar-se ao luxo de colocar-se numa linha temporal, cuja qual tenha início, meio e fim, pois, embora date-se a Primeira Onda Feminista, em meados do século XIX e início do século XX, seria ilusório datar que os  Movimentos Sufragistas, dão início a luta das mulheres. Contudo, esta ilusão ocorre frequentemente, pois, de fato, a luta em prol das mulheres somente ganhará força no período dos anos 1900, onde as mulheres saem às ruas clamando pela sua emancipação, como o direito ao voto, ao estudo e ao trabalho [JILES, 1952, p. 10].

Enquanto mulheres brancas e de classe alta, no século XIX e XX, buscavam em sua emancipação, o direito ao trabalho assalariado, as mulheres negras, por muito, ainda mantinham vínculos de escravização como trabalhadoras. As mulheres brancas também, vale ressaltar, mantinham-se como acessório fundamental do processo de industrialização e construção do sistema capitalista. Isto é, elas eram essenciais em seu trabalho doméstico - o qual não obtinham remuneração - para a reposição da vida trabalhadora e manutenção da conservação da sociedade [DAVIS, 1944, p. 88].

A considerada Primeira Onda Feminista, que surgiria principalmente na Europa, invocava características que hoje podem as denominar como feministas liberais [WHITWORTH, 1994, p. 12], tais como a monopolização do movimento com ideias que não abarcassem todas as mulheres e sim, somente, aquelas mulheres que estivessem numa posição de empoderamento que ainda gerasse lucros para o sistema. Outrossim, a  Segunda Onda Feminista, já na segunda metade do século XX, adentra a academia [WHITWORTH, 1994, p. 21], ou seja, passa-se a construir não somente resistências feministas, como também um acumulado de teorias que serão aplicadas nos mais diversos âmbitos acadêmicos.

A segunda onda tem características que hoje podemos adjetivar como feminismo radical [WHITWORTH, 1994, p. 17], onde abarca-se uma teorização radical das ideias feministas, principalmente de estudo, onde põe-se a mulher além do objeto de estudo, elucidando a ótica feminina dos acontecimentos históricos. Essa ótica, irá fornecer novos ramos para os estudos das feministas e a dialética dos mesmos, também multiplicando as pautas, como a luta pelos direitos reprodutivos.

Na terceira onda feminista, nos anos 1990, é possível visualizar as influências do cenário político sob o movimento das sufragistas e a onda que as carregava, a partir do início da unipolaridade no sistema internacional, influenciando o início do neoliberalismo imperialista do ocidente. O feminismo ganha força estética e mais individualista, com slogans e propagandas de aceitação do próprio corpo e representatividade feminina em áreas de poder, a exemplo, a exaltação de Margaret Thatcher, primeira mulher a ser Primeira-Ministra da potência britânica, o que gera uma falsa sensação de representatividade.

É possível analisarmos como o oriente e o feminismo na ásia, não foram citados até o momento neste capítulo. Há a ocorrência dessa exclusão do oriente na grande maioria do consenso das teorias feministas acadêmicas, principalmente de relações internacionais, de que o sufragismo asiático não poderia caracterizar-se como sufragismo, ora tampouco de que  houve um sufragismo chinês.


Primeira onda sufragista chinesa (1900 - 1913)

Para compreendermos as ondas sufragistas feministas chinesas, é necessário, primeiramente, abrir-se mão da metodologia ocidental de compreensão dos acontecimentos históricos. Isso ocorre porque, enquanto as sufragistas ocidentais daquele período, não consideravam válidos a maioria dos movimentos em busca de direitos em prol das mulheres, que estivessem sob a órbita de regimes políticos diferentes das esmagadoras democracias burguesas liberais que dominavam o sistema internacional no século XX.

No início dos anos 1900, surge o que seria a Primeira Onda Sufragista Chinesa. Todavia, é válido ressaltar que, de acordo com Edwards [2010, p. 5], as mulheres asiáticas não gostavam da palavra ‘feminista’ pois esta, de origem ocidental, as remetia a um individualismo, que era agressivo à homens e crianças, e logo, à construção de família. Para o contexto social e cultural ao qual as chinesas apoiavam-se, a associação ao feminismo ocidental era de rejeição. Sendo assim, as chinesas, e também as outras mulheres asiáticas, teriam de fundamentar suas próprias teorias feministas, baseada em suas vivências e que abraçasse sua cultura, a qual as chinesas, vale lembrar, não sentiam-se oprimidas, e sim, orgulhosas de sua origem [EDWARDS, 2010, p. 6].

Na primeira década do século XX, a China encara diversas tentativas de sobreposição imperialistas em seu território, tanto das potências ocidentais como da potência japonesa [QIAOMU, PO-TA, 2018, p. 20], que são contínuas durante a primeira metade do século. Por isso, a formação dos ideais feministas, carregam além dos objetivos de emancipação feminina e direitos igualitários, a busca pela libertação nacional de seu povo. Essa é uma característica, a exemplo, também encontrada nas feministas marxistas.

A primeira onda sufragista feminista da China, pode ser datada logo na virada do século XIX para o XX, tendo como pano de fundo histórico o fim do período monárquico e as constantes tentativas de abertura econômica, através do uso da força, da vasta aliança das potências. As Chinesas fariam parte então, ao longo desta primeira década, da Aliança Revolucionária que buscava o republicanismo, através de seu líder Sun Yixian. Em 1911, ocorreu a revolução e instauração da primeira república chinesa. A instauração desta República seria democrática para homens e mulheres, a partir de seu Estatuto e da posição midiática dos líderes do partido republicano em favor da conquista dos direitos das mulheres.

Ainda, as mulheres de classe alta exerciam papéis de liderança dentro das organizações do Partido, fazendo parte dos exércitos republicanos que lutavam contra os monarcas, igualmente aos homens, comandando pelotões e agindo na linha de frente [EDWARDS, 2000, p. 620]. Entretanto, as feministas chinesas logo decepcionaram-se com o seu partido que, até 1912, as tratava de forma progressista e as auxiliava na emancipação. Essa decepção se dará a partir da renúncia do líder de Sun Yixian, em prol de Yuan Shikai, que aprovará uma nova Constituição em 1912 e não incluirá o direito ao voto universal.

Iniciou-se uma longa campanha, a partir do grupo Aliança pelo Sufrágio Feminino, contrastando com a retaliação ao novo presidente Yuan Shikai que, teria chegado ao poder através de interferências externas ao ser bem visto pelas potências ocidentais. Já em 1913, Yuan Shikai inicia um regime autoritário no território chinês, o que, segundo Edwards [2000, p. 623], traria um período de conturbações domésticas e fariam as sufragistas chinesas embarcarem em sua Segunda Onda.

 

Segunda onda sufragista chinesa (1919-1927)

Após o fim da primeira onda sufragista, em 1913, com o banimento da Aliança do Sufrágio Femino pelo então presidente Yuan Shikai, o movimento só ganhou força novamente, e passou por sua segunda onda, no final da mesma década. O movimento em sua segunda onda preserva algumas características do que foi visto na sua primeira etapa, porém, algumas mudanças ocorreram, grande parte delas relacionadas com as transformações pelas quais a China passou durante os anos em questão.

Durante o período que se estende desde o fim da I Guerra Mundial até a metade da década de 20, a China passou por um momento de questionamento e transformação cultural e social marcada por momentos como o Movimento 4 de Maio. O movimento feminista ganhou mais visibilidade através de revistas e jornais que surgiram naquela altura, assim como o espaço que o tema obteve na grande imprensa e, também, entre os homens.

O aumento da proporção do movimento também se deu pela mudança nas mulheres que faziam parte do mesmo. Durante a primeira onda percebe-se que o movimento era basicamente composto por mulheres de classe alta e com formação acadêmica, a composição do grupo, quando a segunda etapa se iniciou, sofreu algumas transformações. O movimento ainda era majoritariamente formado por mulheres que tiveram acesso ao ensino superior, muitas inclusive no exterior, porém, houve um aumento considerável no número de mulheres de classe média urbana que começaram a integrar o movimento.

Surgiram durante o período da década de 20 grupos que tiveram notável relevância dentro do movimento sufragista chinês. Dentre eles estão: a Associação das Mulheres Unidas (AMU), a Associação para a Progressiva Participação das Mulheres na Política e a Liga dos Direitos das Mulheres. Os dois últimos grupos estavam localizados em Pequim e visavam ter um alcance nacional, enquanto o primeiro grupo tinha pretensões em atuar nos ativismos feitos nas províncias, onde foi de extrema importância para a aprovação das cláusulas de igualdade de gênero nas constituições provinciais que vão ser abordadas a seguir. A Associação para a Progressiva Participação das Mulheres na Política e a Liga dos Direitos das Mulheres, por estarem localizadas em Pequim, enfrentaram algumas barreiras como o governo conservador, o que consequentemente fez com que o direito ao voto fosse adquirido na cidade apenas  em 1947 [EDWARDS, 2000, p. 624].

A partir de 1920, devido a instabilidade política que vinha desde a morte do ex-presidente Shikai, algumas províncias chinesas passaram por um processo de consolidação política e criaram novas constituições provinciais. Nesse momento, o foco do movimento sufragista voltou-se da esfera nacional para o nível provincial. Já nos primeiros anos da década de 20, quatro províncias do sul da China (Hunan, Guangdong, Zhejiang e Sichuan) aprovaram constituições que garantiram a igualdade de gênero nos direitos políticos [EDWARDS, 2004, p. 64].

Quanto às atividades realizadas pelas sufragistas da segunda onda, elas foram semelhantes às que ocorreram na primeira geração do movimento. As ações promovidas continuaram a incluir marchas, comícios, petições, panfletagem e invasão de sessões parlamentares. As mulheres que fizeram parte do movimento na segunda onda possuíam também conexões com outros movimentos sufragistas ao redor do globo através da Women's Christian Temperance Union (WCTU), que dentre suas funções buscava pelo sufrágio feminino [EDWARDS, 2000, p. 618].

Diferentemente do que se viu no começo da década de 20, quando o movimento teve um foco grande na atuação provincial, a partir de 1928, o foco passou a ser novamente o governo central. O esboço para a nova constituição chinesa que foi lançado em 1936 foi recebido de forma positiva pelo movimento, o mesmo apresentava em si cláusulas que garantiam o voto universal, prometendo assim o direito de voto às mulheres, assim como o direito das mesmas de se candidatarem ao parlamento [EDWARDS, 2004, p. 65].  Porém, a invasão do Japão à China fez com que a resolução somente fosse promulgada dez anos depois e implementada em 1947, já na terceira onda do sufragismo chinês.

           

Terceira onda sufragista chinesa  (1936-1946)

Apesar da década de 30 ter sido marcada positivamente pela conquista do voto feminino em vários países, e a China estivesse mostrando seguir o  mesmo caminho devido às conquistas que o movimento sufragista teve a nível provincial, e o esboço da constituição de 1936, alguns acontecimentos alteraram o rumo pelo qual a situação se encaminhava e adiaram a conquista do direito ao voto pelas chinesas para a segunda metade da década de 40.

Dois principais motivos adiaram a aprovação do esboço constitucional que havia sido proposto em 1936 para 1946. O primeiro deles foi a invasão do Japão à China em 1937, os dois países entraram então na II Guerra Sino-Japonesa, que se estendeu até o ano de 1945, quando a mesma acabou paralelamente à II Guerra Mundial. Outro motivo foi o constante adiamento das eleições pelo então presidente Chiang Kai-shek do Partido Nacionalista Chinês (GMD - Guomingang). Nos anos de 1920, os dois partidos, GMD e PCC (Partido Comunista da China), haviam formado uma frente unida na unificação do país, porém a mesma foi desfeita no final da década pelo GMD o que, de certa forma, representou um retrocesso no que se havia avançado quanto aos direitos das mulheres. Quando a aliança fora formada, o Partido Comunista garantiu a defesa de alguns direitos femininos como a liberdade de escolha do companheiro ao casar-se, possibilidade de divórcio, entre outros. A partir do rompimento da união entre os dois partidos, foi desenvolvido pelo presidente Chiang e por sua esposa na época, Soong May-ling, o Movimento Nova Vida, com características extremamente conservadoras.  A partir de 1927, quando a união entre ambos os partidos foi desfeita, as mulheres que faziam parte do movimento sufragista e se alinharam ao PCC perderam certo espaço nos grandes centros, mas levaram o movimento sufragista para as áreas rurais e interior da China. Já as sufragistas que mantiveram uma posição neutra em relação à disputa dos dois partidos, continuaram os seus trabalhos nas grandes cidades, com o foco em pressionar o governo central, comandado pelo GMD, pela igualdade de direitos no âmbito político [EDWARDS, 2004, p. 65].          

Em 1936, foi apresentado o esboço da possível constituição que prometia o direito de voto às mulheres, assim como a possibilidade das mesmas se candidatarem. Porém, analisando o que ocorreu nas províncias nas quais as constituições garantiam o direito de voto e de serem votadas às mulheres, as sufragistas perceberam que a possibilidade de serem eleitas não garantia que haveria a inserção de mulheres em cargos políticos.  A partir de então, o movimento adotou uma mudança em seu discurso. O movimento passou a defender a adoção de políticas especiais que garantissem a igualdade entre homens e mulheres e a inserção delas no ambiente político [EDWARDS, 2004, p. 65].   

As ações das sufragistas foram bem sucedidas, quando a nova constituição foi promulgada em 1946, a mesma, além do direito ao voto às mulheres, dava a garantia às mesmas de um mínimo de 10% dos assentos em cada nível dos órgãos representativos do país [EDWARDS, 2000, p. 626]. A constituição, dez anos após a sua proposta em 1936, finalmente foi promulgada, e entrou em vigor no começo do ano seguinte, 1947, garantindo assim o direito de voto para todas as mulheres chinesas.  Apesar de 1947 ser o ano em que a constituição chinesa passou a garantir o direito das mulheres ao voto, existe um debate acerca do ano do sufrágio feminino na China, se esse seria 1947, ano em que a constituição entra em vigor, ou 1949, ano em que o Partido Comunista Chinês ascendeu ao poder. Após o final da Guerra Civil Chinesa entre o Partido Comunista e o Partido Nacionalista, com a vitória do primeiro, que assume em 1949 o governo da China continental, o Partido Nacionalista se retirou para a ilha de Taiwan.  O PCC, que participou ativamente na defesa do movimento sufragista e dos direitos das mulheres, definiu 1949 como o ano do sufrágio feminino chinês [EDWARDS, 2000, p. 627]. O partido replicou em nível nacional políticas que já vinha pondo em prática em regiões que estavam sob sua zona de influência no país anteriormente, como a Lei de Matrimônio que permitia a escolha pela mulher de seu futuro marido, e as inseriu na constituição de 1954.


Considerações finais

Apesar da pequena abordagem acadêmica por pesquisadores ocidentais sobre o sufragismo chinês, em comparação com o que se observa com pesquisas sobre o movimento em outros países, o movimento sufragista na China se mostrou, por suas distinções, ser de extrema relevância, porém, se vê ainda muitas vezes apagado quando a história global do movimento sufragista é discutida.           

Pode-se perceber, ao longo da análise feita, que o movimento sufragista na China não pode ser desprendido das transformações pelas quais o país passou conjuntamente com o desenvolver do ativismo das sufragistas. A primeira onda ocorreu justamente em um período de transição do período dinástico para a república, e a terceira onda no momento de ascensão do Partido Comunista da China ao poder. Apesar de algumas semelhanças com as ações pelo sufrágio no ocidente, a busca das chinesas pelos seus direitos adotou muito da cultura do país para adaptar o movimento à sua própria versão. A luta das sufragistas chinesas, que diversas vezes é apagada por uma abordagem ocidental-capitalista do movimento sufragista, é uma narrativa repleta de particularidades e narrativas de mulheres que ajudaram a construir a história da China.

 

Referências

Caroline Micaela de Souza Greco e Teodora Maicá Soares são graduandas do 5º semestre em Relações Internacionais pela Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) e pesquisadoras do Grupo de Estudos de Índia e Ásia Oriental (GEsIAO) da UNIPAMPA, coordenado pela profª drª Anna Carletti.

 

DAVIS, Angela, 1944 - Mulheres, raça e classe / Angela Davis ; tradução Heci Regina Candiani. - 1. ed. - São Paulo: Boitempo, 2016.

EDWARDS, Louise e ROCES, Mina. Women’s Movements in Asia: Feminisms and transnational activism. London: Routledge, 2010.

EDWARDS, Louise. ‘Chinese women’s campaigns for suffrage: nationalism, Confucianism and political agency’.  Women’s Suffrage in Asia Gender, nationalism and democracy. London: Routledge, 2004, p. 59-78.

EDWARDS, Louise. ‘Women’s Suffrage in China: Challenging Scholarly Conventions’. Pacific Historical Review, Vol. 69, No. 4, 2000, p. 617-638.

JILES, Elena Caffarena de. Un Capítulo en la Historia del Feminismo / Las Sufragistas Inglesas. Santiago: Ediciones del Memch, 1952.

QIAOMU, Hu. PO-TA, Chen. História da Revolução Chinesa. Edições Nova Cultura. 1ª Edição, 2018.

SAID, Edward W. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente / Edward W. Said, tradução Rosaura Eichenberg. – 1ª ed. – São Paulo: Companhia de Letras, 2007.

SCHMIDT, Brian. The Political Discourse of Anarchy. State University of New York Press, Albany. 1998.

WHITWORTH, Sandra. Feminism and International Relations / Towards a Political Economy of Gender in Interstate and Non-Governmental Institutions. Nova Iorque: San Martin Press, 1994.

13 comentários:

  1. Caroline e Teodora, que tema incrível! Gostei muito de ler o texto de vocês, trazendo essa perspectiva que poucos conhecem sobre os movimentos sufragistas.
    Minha pergunta é como foi pesquisar sobre essas 3 ondas sufragistas, tinha informação que confesso que não sabia, e gostei de saber que começou bem antes que achava. Foi difícil essa procura? No mais, é só parabenização pela escolha do tema!

    - Eduarda Christine Souza Pucci

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    1. Boa tarde, Eduarda! Primeiramente, agradecemos seu interesse pelo nosso texto e o comentário. Nós realizamos a pesquisa inicialmente para uma disciplina de teorias feministas de relações internacionais e por ambas termos interesse no extremo oriente asiático, decidimos nos aprofundar mais na temática.
      Nós encontramos pouco material a respeito, tendo a autora Louise Edwards como principal fonte para a pesquisa. Também, não encontramos material em português sobre o tema, o que dificulta difundir o assunto na academia brasileira. Por isso, acreditamos que nossa pesquisa acaba sendo, de certa forma, unilateral pela pouca quantidade de bibliografia a respeito.

      Atenciosamente,
      Teodora e Caroline

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  2. Gleidson Fernando Rocha dos Santos4 de outubro de 2021 às 17:10

    A visão ocidental preconceituosa em relação ao oriente nos cega para uma história riquíssima, diversa e que abarca a maioria da humanidade. Um novo mundo se abre aos meus olhos com seu artigo, não imaginava que o movimento de mulheres tinha uma história tão longeva na China, mas você saberia me dizer como este movimento está hoje, se desenvolveu ou retrocedeu?

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    1. Olá, Gleidson! Agradecemos imensamente o seu comentário. Nosso artigo para o SimpOriente é apenas uma introdução do vasto movimento feminista chinês, que é tão rico e característico. Atualmente, o movimento feminista expandiu-se bastante, principalmente entre os jovens, como por exemplo o Movimento Me2, apesar disso, ainda é possível reconhecer que a população mais velha, por conta da influência do Confucionismo nos países asiáticos, tem certa relutância em aderir aos feminismos liberais atuais. Todavia, o feminismo na China não retrocedeu desde a chegada do Partido Comunista Chinês ao poder em 1949, somente se desenvolve de forma diferente do Ocidente.

      Atenciosamente,
      Caroline e Teodora

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  3. Boa tarde, primeiramente gostaria de parabenizá-las pelo excelente trabalho, gostei bastante do tema.

    Vocês saberiam me dizer a respeito da relação dos homens chineses diante do movimento sufragista chinês. Há grande repúdio e desaprovação? Movimentos anti-feministas são altos no país?

    Agradeço desde já. Abraços!
    Júlia da Silva Amaral

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    1. Boa tarde, Júlia! Agradecemos pelo seu comentário. Primeiramente, a partir da segunda onda sufragista na China, houve forte incorporação dos homens ao Movimento, visto que a emancipação das mulheres seria visto também como a emancipação do povo chinês. É válido lembrar que na China, as mulheres alcançaram seu sufrágio e possuem direitos políticos iguais aos homens até os dias de hoje. Todavia o que consideramos emancipação feminina no ocidente difere da emancipação chinesa. Atualmente, dentro das camadas mais jovens há um considerável apoio ao Movimento Feminista Contemporâneo, embora ainda haja certa desaprovação à estes devido aos valores confucionistas intrínsecos à sociedade.

      Atenciosamente,
      Teodora e Caroline

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    2. Muito obrigada pela resposta!
      Júlia da Silva Amaral

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  4. Respostas
    1. Olá, prof. Fabian! Agradecemos muito!

      Atenciosamente,

      Teodora e Caroline

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  5. André Silva Pereira de Oliveira Ribeiro6 de outubro de 2021 às 10:34

    Caroline e Teodora, parabéns por trazer à tona a relevância do feminismo na China. Gostaria de saber, qual a percepção de vocês sobre o estado atual do feminismo na China sobre o governo Xi Jinping?

    Há muita repercurssão na mídia sobre a opressão do PCC aos movimentos feministas, e que mereciam um olhar mais aprofundado. Em geral, o que nos chega por aqui, vem clivado pelos modos da discursividade das pautas políticas brasileiras de oposição. Sempre que pesquiso sobre o feminismo, acabo caindo nos portais de notícias partidárias, que tanto iluminam a leitura dos fatos como deixam muita coisa na sombra.

    Qual a leitura vocês dão a esse tema do feminismo chinês atual?

    André Ribeiro

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    1. Boa tarde, André! Agradecemos o comentário, ótima pergunta! Como respondido nos comentários anteriores, houve um crescimento do movimento feminista nos últimos anos, principalmente as camadas mais jovens, mas ainda há um receio do desenvolvimento do mesmo, devido à forte presença do Confucionismo na cultura asiática. Fazendo uma analogia à política brasileira, embora possamos ter uma impressão de que em nossa cultura ocidental as mulheres possuem mais direitos, vemos que mulheres ocupam em nossa política doméstica poucos cargos na área das high politics.
      Na China, as mulheres também possuem poucos assentos nas high poltics, como por exemplo Liu Yandong, primeira mulher a fazer parte do Politburo do PCC, sendo nomeada por Xi Jinping. Pensando nisso, o desenvolvimento do feminismo é dificultoso tanto em países asiáticos quanto ocidentais, mas podemos conceber que, a exemplo da China, as mulheres conquistaram tantos direitos quanto, senão mais.

      Atenciosamente,
      Teodora e Caroline

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  6. Parabéns pelo texto! Compreendi que dentro do recorte temporal nos séculos XIX e XX a história da luta feminista chinesa se mostra vinculada com as pautas nacionais e também se inserem dentro do contexto da luta de classes, sendo fortificado dentro das particularidades chinesas.
    1. Vocês acreditam que também é possível associar a continuidade do apagamento da luta feminista chinesa no Ocidente por conta das narrativas políticas contemporâneas?
    2. Seria correto afirmar que atualmente há “feminismos” (no sentido plural da palavra)?

    Att.
    Carlos Germano Gomes Gonçalves

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    Respostas
    1. Olá Carlos! Agradecemos o comentário. Para a primeira pergunta, acreditamos que sim, é possível associarmos o apagamento de um movimento que teve êxito ainda no século passado por o Movimento ter sido vinculado à luta de classes, por ter ocorrido num meio de mulheres não-brancas e não-ocidentais, além de podermos vincular à ascensão chinesa no mercado Ocidental, visando a construção, por meio da mídia ocidental, de uma China autoritária e não-liberal.
      Para tua segunda pergunta, compreendemos que sim, existem feminismos na China. Existem movimentos ligados ao PCC, bem como existem Movimentos de outras correntes, como o Me2, forte entre os jovens.

      Atenciosamente,
      Caroline e Teodora

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