O PAPEL DA LÍNGUA PORTUGUESA NA DIFUSÃO DA FÉ REFORMADA
Introdução
João
Ferreira de Almeida (1628-1691), um português de nascença e devoto do
calvinismo, viu sua trajetória apontada para a Batávia (atual Jakarta,
Indonésia) do século XVII. Longe da contrarreforma e dos embates gerados no
Concílio de Trento, o erudito encabeça um projeto de tradução da Bíblia Sagrada
para o português, tendo como premissa alcançar os povos que tinham o idioma
como língua franca. Antônio Ribeiro dos Santos, bibliógrafo português
responsável por catalogar de forma detalhada os escritos de João Ferreira de
Almeida que foram conhecidos, é tomado pela historiografia como o escritor
pioneiro no estudo do tradutor, e demonstra como o ministro fez uso oportuno de
suas qualidades enquanto letrado:
“[...]
A primeira tradução regular, e que se possa chamar tal, dos livros sagrados do
Testamento Velho em português, de que podemos haver notícia, foi a que no
século XVII trabalhou o erudito português João Ferreira A. de Almeida. [...]
Este homem erudito não estreitou o seu zelo à só trasladação do Antigo
Testamento; empreendeu também a de todos os sacrossantos livros do Testamento
Novo, obra em que pôs grande trabalho, e todo o cabedal de seu saber”. (Santos,
1806, p. 17).
O
tradutor protestante procura, em solo asiático, concentrar seus talentos em uma
literatura que tem por objetivo alcançar aqueles que não detinham conhecimento
de outra língua, exceto o português. Almeida propõe uma valorização do idioma,
embora possamos tomar uma miscelânea linguística como o aparato que move a
realidade, ponto que procuramos abordar no presente trabalho. Em um documento
importantíssimo para a compreensão dos objetivos do tradutor, intitulado Differença d’a Christandade, é possível
notar comentários feitos por Almeida, que divide a narrativa entre o texto
bíblico que orienta a moralidade dos cristãos reformados e pensamentos
particulares acerca da vida pessoal, embora com menos frequência. Ao abordar
suas motivações, Almeida faz uma retrospectiva de sua conversão, demonstrando
que da mesma forma como foi atingido pelo favor imerecido de Deus, deve também
um favor aos que nenhuma outra língua sabem, exceto o português:
“[...] logo nos primeiros anos de minha
mocidade foi servido trazer-me ao saudável conhecimento de sua Divina Verdade
[a verdade do Pai das Luzes]; no mesmo instante, se serviu logo também, em mim,
um ardente e inextinguível zelo e desejo de, conforme o talento que de sua
paterna [...] mão recebera, o comunicar também aos que ainda de meus irmãos,
segundo a carne, ficavam [...] no lamentável labirinto daquela tão mortífera e
tremenda cegueira, de que esse Senhor a mim tão benignamente me livrara”.
(ALMEIDA, 1668, sem paginação).
A Escritura Sagrada acessível
Até aqui, é possível notar que o tradutor detém grande apreço por sua conversão e a misericórdia de Deus, livrando-o de uma cegueira que o atingia enquanto ainda estava no catolicismo. Da mesma maneira como foi alcançado, quer tornar a Escritura Sagrada acessível para que o conhecimento do que é verdadeiro, segundo sua concepção, também alcance novas pessoas e faça com que devotos acessem o material de forma autônoma, sem a presença de intermediários. O missionário se reconhece como um homem alcançado pela misericórdia de Deus quando, ainda nos primeiros anos de sua mocidade, deparou-se com os dogmas protestantes. A junção do conhecimento do que considera ser verdadeiro, com a forma benigna segundo a qual foi alcançado e o talento, que acredita ser proveniente da mão de Seu Pai, que está no céu, o faz ansiar por encontrar aqueles que têm por irmãos, da mesma forma como foi alcançado.
Quando
João Ferreira de Almeida conhece o documento, ele está em castelhano. O
português, idioma natal, está acessível aos viventes da região em que avançava
o predomínio da Companhia Holandesa das Índias Orientais. O uso do português
feito através do financiamento holandês é resultado, contudo, de questões
enraizadas com a longa presença formal do Império Asiático Português que,
quando decai, não vê todas as questões informais caírem no esquecimento, como o
idioma comum à população. Em outro trecho do documento que Almeida propôs
traduzir, o público alvo é, mais uma vez, abordado:
“A todos os senhores católicos romanos da nação portuguesa, de qualquer Estado, qualidade e condição que sejam; com todos os demais que da língua portuguesa usam, e juntamente deveras desejam e procuram sua salvação. Por este presente livrinho, que agora de novo, com tão sincera afeição e cordial amor de minha alma vos ofereço, haver sido o único instrumento que foi servido tomar para me trazer ao saudável conhecimento de sua Divina Verdade”. (ALMEIDA, 1668, sem paginação).
Objetivamos demonstrar como a língua portuguesa foi necessária para a ampla difusão protestante e a concomitante afirmação política do projeto imperialista difundido pela República Holandesa. Como o tradutor aponta, seu objetivo é alcançar católicos de nação portuguesa, independente do Estado, qualidade ou condição de vida. Em suma, Almeida desejava conectar seus ideais à população que, como ele, eram antes pessoas que professavam a fé católica e compartilham do português como um idioma comum, buscando levar até eles a salvação que também o alcançou. Muito provavelmente Almeida lançou mão dos seus conhecimentos da língua portuguesa por acreditar estar contribuindo, de forma sincera, com o avanço do protestantismo em oposição ao que acreditava ser perpetuado como algo que não gozava de motivações saudáveis ao povo comum.
Há um desenvolvimento ideológico da religião Reformada ao adentrar locais antes dominados pela Coroa portuguesa e pautados no catolicismo. Almeida, somado ao processo, será responsável por nos proporcionar uma dimensão prática do projeto religioso que ultrapassou as barreiras europeias e alcançou, também, regiões asiáticas. É importante salientar que nem sempre o Império português deteve a soberania no continente, dando margem ao hibridismo cultural, ou seja, ao resultado da troca. Podemos sintetizar o pensamento fazendo uso da fala do historiador Peter Burke, quando diz que “a troca é uma consequência dos encontros: mas quais são as consequências da troca?”. (Burke, 2006, p. 71). Podemos avaliar, assim, que a presença do protestantismo na Ásia foi marcada pela troca exercida com demais forças, como o idioma português, já enraizado.
Quando o protestantismo alcança o continente asiático, juntamente com a empreitada holandesa, não foi possível traçar um plano que abrigasse o sincretismo, apagando todo o legado construído pelos portugueses. A presença portuguesa deixou traços marcantes que permaneceram após o declínio do Império Asiático Português, como o idioma. Em outras palavras, podemos atestar que o avanço holandês, concentrado no interesse em possessões outrora lusitanas, não foi capaz de negligenciar o legado português em território asiático, caracterizando um hibridismo cultural de muitas facetas, ponto que gostaríamos de explorar.
Conseguimos
apontar a língua portuguesa como um traço marcante da presença lusitana em
possessões que, através de uma conquista futura, abrigaram holandeses e novas
características em um cenário onde traços lusitanos já estavam há muito
intrínsecos. Quando os Impérios europeus competem pela dominação de regiões
orientais, que veem o surgimento do embate entre católicos e protestantes, há
situações oportunas formadas, na Batávia, para a prática missionária
protestante. A historiadora Jakeline Pereira Nunes, ao abordar o tema, salienta
que o protestantismo em língua portuguesa foi privilegiado, pois a troca de
poder imperial não foi um facilitador para a Companhia Holandesa das Índias Orientais.
Nas palavras da historiadora,
“A
perda da força imperial por Portugal na região [Batávia] já no curso do século
XVII não impede que a língua portuguesa continue presente nas Índias, já que o
português era a língua de comunicação dos europeus em si e com os povos com
quem estavam em relações”. (Nunes, 2016, p. 51).
Conseguimos
compreender, então, como a Batávia, tornada sede do governo da República
Holandesa em terras orientais, apresentou idiomas diversos como circulares na
região. De tal maneira, entendemos que a manifestação de culturas múltiplas não
pode ser apagada pela ideia de supremacia total de um ou outro Império e suas
respectivas especificidades. Há variações manifestas, inclusive, na
configuração linguística da região. O período que Almeida toma para a primeira
tradução integral da Bíblia para o português é marcado pela vã tentativa de
suprimir o legado deixado por outra sociedade, vendo a religiosidade ser tomada
como exemplo prático de tal configuração. Nunes afirma que “o catolicismo [...]
é substituído pelo protestantismo, que se aproveita da difusão dessa língua
europeia na região, para ser alastrado pelas Índias Orientais [...]”. (Nunes,
2016, p. 52).
Pensamos que a linguagem seja um fator chave para a compreensão dos caminhos desenhados pelo hibridismo cultural presente na sociedade que tomamos como referência de análise, e a tradução de Almeida permite entender o português presente na região da Batávia. Quando aborda a construção do português enquanto idioma, através das diversas ramificações possíveis, o letrado Joaquim Teófilo Braga aponta que a tradução do missionário é “[...] o maior e mais importante documento para se estudar o estado da língua portuguesa no século XVII”. (Braga, 1875, p. 350). Para o autor, Almeida foi responsável por tornar o português vulgar, de uma maneira que não foi adotada por “nenhum escritor cultista do seu tempo”. (Ibiden).
Assim, Almeida apresenta uma riqueza de vocabulário mesmo quando não adere à retórica comum ao período seiscentista, por procurar palavras que sejam equivalentes às utilizadas usualmente por conta de sua origem comum e o contato com o povo no ambiente cotidiano. Portanto, a técnica utilizada por João Ferreira de Almeida é entendida pelo letrado como uma forma de popularizar a língua portuguesa, com expressões próprias do período e que carregam, contudo, práticas doutrinárias que deveriam ser acessíveis aos povos. A ideia religiosa é difundida através dos escritos do missionário português em idioma vulgar, com expressões corriqueiras que facilitam a internalização por fácil assimilação do conteúdo religioso. Para além da forma como é escrito, precisamos ressaltar que é uma literatura religiosa, algo que comove, toca as pessoas e oferece as respostas necessárias para a vivência diária.
Acerca
do uso do português, o autor Hugo Cardoso aponta que:
“Com
efeito, a língua portuguesa enraizou-se na região asiática ao ponto de se
converter em importante língua franca de comércio e diplomacia, sobretudo para
comunicação com e entre as demais potências europeias (britânicos, franceses,
neerlandeses, dinamarqueses) que se começaram a estabelecer na Ásia a partir de
finais do século XVI”. (Cardoso, 2016, p. 71).
Para o
autor, por conta do grande tempo de permanência do Império Asiático Português
no centro dos domínios comerciais da região, o idioma foi convertido em língua
franca. Cardoso destaca que o português era utilizado como balizador entre as
diversas companhias representadas no comércio oriental. As zonas costeiras,
assim, adquiriram extrema influência do português, aderido ao continente
asiático em um panorama que dá conta de influências mútuas. Para Cardoso, a
dimensão do alcance da língua portuguesa na Ásia pode não ser muito bem
delimitada, contando com uma variação que alcança a casa das centenas,
sobretudo por conta do múltiplo contato linguístico. Sintetizando o assunto, o
especialista diz que “a partir do século XVI, a língua portuguesa teve grande
difusão [...] por toda a Ásia e o Pacífico, sobretudo em consequência de
dinâmicas de expansão colonial, mas também por outras vias, tais como a
imigração”. (Cardoso, 2016, p. 68).
Ao
tratar sobre o fenômeno chamado “orientação cultural portuguesa”, uma espécie
de direcionamento cultural que tangia para a adesão de elementos que
acompanhavam a expansão do Império Asiático Português, Cardoso afirma que,
embora a presença institucional não fosse assegurada em alguns casos, ao menos
uma presença mínima foi observada. É o caso da Batávia, região em que temos
concentrado nossa análise por conta da presença neerlandesa ali firmada, cujo
objetivo consistia no avanço do domínio comercial e a consequente substituição
do catolicismo pelo protestantismo.
Entre os séculos XVII e XX, a região da Batávia, caracterizou-se como o centro dos domínios ultramarinos holandeses no oriente. A atual Jakarta, capital da Indonésia, recebeu muitos oriundos do sul da Índia, Ceilão (hoje Sri Lanka), Malaca e algumas outras ilhas que fazem parte do sudeste asiático. Como consequência da concentração de pessoas que tinham o português como idioma nativo e de outras que faziam a língua de mediador social, a Batávia foi o centro de uma comunidade de fala portuguesa, sendo referência até para a escrita de documentação estrangeira, com resquícios que alcançam o século XIX. Conforme a diversidade de povos que tiveram a região como centro comercial e cultural, inferimos que houve uma variedade reestruturada do idioma.
Há o uso da língua feita sobretudo para fins comerciais, resultado do contato entre falantes do inglês, francês, espanhol e português, por exemplo, ocasionando o que a linguística chama de pidgin, uma adaptação do idioma, mesclando variações funcionais para os falantes. Notamos, então, segundo Cardoso, uma circulação de pidgin que tem o português como base comum, embora não necessariamente o português estruturado de maneira formal, favorecendo um meio de comunicação intercomunitária. A grande difusão do português na Ásia ocorre, sobretudo, por conta da possibilidade que o idioma encontrou nas variações linguísticas proporcionadas pelo contato de falantes de outras línguas, adaptando o idioma conforme a conveniência, muitas vezes necessária diante do comércio entre os diferentes povos.
Para
além das questões lexicais, é possível perceber como a região foi favorável
para o avanço e consolidação do português como idioma, fazendo com que o
tradutor calvinista João Ferreira de Almeida fosse capaz de usar sua própria
língua nativa como ferramenta para a difusão e afirmação das práticas embasadas
pelos ideais reformadores. Objetivando alcançar os que não conhecem outra
língua além do português, Almeida faz uso do idioma para que seus escritos
sejam propagados. Luís Henrique Menezes, ao fazer uma síntese das traduções do
missionário, enfatiza que houve tentativas falhas de suprimir o português em
regiões asiáticas, fazendo com que não fosse possível ao avanço holandês
negligenciar o que já fora estabelecido pela presença lusitana. De acordo com o
historiador:
“A posição do idioma português como ‘língua
franca’ [...] foi atestada por diversos observadores do período, inclusive
pelas próprias autoridades civis da Companhia das Índias Orientais, que
demonstraram em várias ocasiões, sempre em vão, o intento de substituí-la pelo
holandês”. (Menezes, 2016, p. 139).
A presença holandesa, de forma contrariada, encontra a necessidade de utilizar o português como estratégia missionária quando regiões asiáticas, como a supracitada Batávia, visualizam a circulação de populações heterogêneas, cada qual com interesses diversos e fazendo o uso da língua de acordo com a necessidade. Como a população cotidiana, a Companhia Holandesa das Índias Orientais presenciou, em suas pretensões comerciais, a língua portuguesa como algo recorrente, mesmo com a troca de governo Imperial. João Ferreira de Almeida procura, assim, alcançar uma população que tem o português como língua franca, dentro ou fora de regiões asiáticas, atendendo aos interesses comerciais da Companhia e, aparentemente, aos próprios interesses pessoais que têm por premissa levar a mesma salvação pela qual foi agraciado. De tal maneira, os dispositivos que Almeida têm por intento acabam por corroborar com a intenção da Companhia, ao fazer uso da religião como meio de governo capaz de assegurar a perpetuação comercial.
O
chamado “português oriental” é, portanto, dotado de influência asiática,
alternando conforme a variação oferecida pelos empréstimos linguísticos que
abraçam cada região do continente e o idioma que cada nativo carrega. A escrita
em português era incentivada, algo que se deu inclusive pelo ensino da língua
até finais do século XX, muito valorizado pelas práticas missionárias. Para
além das questões lexicais, é possível perceber como a região foi favorável
para o avanço e consolidação do português como idioma, fazendo com que João
Ferreira de Almeida fosse capaz de usar sua própria língua nativa como
ferramenta para a difusão e afirmação das práticas embasadas pelos ideais
reformadores.
Conclusão
Propusemos trazer, aqui, um breve relato acerca do avanço protestante na Ásia Moderna, tendo o idioma português como facilitador do acesso ao conhecimento particular das Escrituras Sagradas. O calvinista João Ferreira de Almeida, assim, atua como uma vertente catalisadora do movimento reformador ao aproveitar da troca entre a população local e usar a língua franca, funcional por conta dos inúmeros usos cotidianos, para tornar os ensinamentos protestantes acessíveis aos que detém o português como língua de uso comum.
O
cristianismo protestante será, então, acordado como favorável à difusão em
língua portuguesa, possibilitado pela tradução do protestante Ferreira de
Almeida, que encontra na Ásia um ambiente favorável ao desenvolvimento do
protestantismo em sua própria língua. Será possível notar que até mesmo as
autoridades locais, ordenadas pela Companhia das Índias Orientais, reconhecem
que há variações linguísticas que abragem as categorias formais e informais,
recorrendo ao método de apresentar em língua franca aquilo que deveria ser
visto como acessível e de conhecimento íntimo. Assim, tem-se por concepção que
o íntimo iria perpassar as demais barreiras e alcançar o irmão próximo, da
mesma maneira como Almeida foi alcançado em seu íntimo e empenhou-se numa
grande empreitada religiosa.
Referências
Carlos Aldlen Torres de Souza é mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e bolsista CAPES.
Differença d’a christandade: em que claramente se manifesta, I. A
grande disconformidade entre a verdadeira e antiga doctrina de Deus [...]
traduzido e acrecentado tudo, agora de novo, pelo P. Ioaõ Ferreira A. d’ Almeida, ministro pregador d’o S.
Evangelho ‘na India Oriental. Nova Batavia: com privilegio d’o supremo Conselho
d’a India, e aprovaçaõ d’o Consistorio ecclesiastico: Por Henrique Brando, e Joao Bruyningo, 1668.
(Universitätsbibliothek Basel, fb 661.
Disponível em: <https://doi.org/10.3931/e- rara-28970>).
BRAGA, Joaquim Teófilo. Manual de História da Literatura Portuguesa:
desde as suas origens até o presente. Porto: Imprensa Litterario-Commercial,
1875.
BURKE, Peter. Hibridismo cultural. São Leopoldo, Ed: Unisinos, 2006.
CARDOSO, Hugo C. O
português em contacto na Ásia e no Pacífico. Berlim: Mouton de Gruyter, 2016.
FERNANDES, Luís Henrique Menezes. Diferença da Cristandade: a
controvérsia religiosa nas Índias Orientais holandesas e o significado
histórico da primeira tradução da Bíblia em português (1642-1694). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas: Catálogo USP, São Paulo, 2016.
NUNES, Jakeline
Pereira. Em busca do mais valioso e precioso tesouro, historiografia da
tradução da Bíblia de João Ferreira de Almeida. 2016. 220f. Tese – Curso de
Pós-Graduação em Estudos da Tradução, Universidade de Brasília, Brasília, 2016.
Saudo o autor Carlos Aldlen Torres de Souza, pelo artigo que se denomina “o papel da língua portuguesa na difusão da fé reformada”, que afirmou que João Ferreira de Almeida (1628-1691), um português de nascença e devoto do calvinismo, viu sua trajetória apontada para a Batávia (atual Jakarta, Indonésia) do século XVII. Longe da contrarreforma e dos embates gerados no Concílio de Trento, o erudito encabeça um projeto de tradução da Bíblia Sagrada para o português, tendo como premissa alcançar os povos que tinham o idioma como língua franca. Antônio Ribeiro dos Santos, bibliógrafo português responsável por catalogar de forma detalhada os escritos de João Ferreira de Almeida que foram conhecidos, é tomado pela historiografia como o escritor pioneiro no estudo do tradutor, e demonstra como o ministro fez uso oportuno de suas qualidades enquanto letrado. Assina Francielcio Silva da Costa.
ResponderExcluirQual a importância de João Ferreira de Almeida, na difusão da fé reformada na Ásia?
De que forma o idioma português, facilitou o avanço protestante na Ásia Moderna?
Oi, Francielcio. Muito obrigado pela atenção com meu texto e pelas perguntas tão pertinentes!
ExcluirTenho buscado conhecer um pouco mais sobre o João Ferreira de Almeida, e consigo entender o tradutor como um erudito, preocupado em levar aos portugueses a Bíblia Sagrada em língua franca. Respondo a primeira pergunta fazendo um paralelo com a segunda, já que o português estava enraizado em regiões que recebiam uma enorme troca cultural por conta do comércio, tendo o português papel primordial por ser uma língua comum aos comerciantes. Assim, Almeida se aproveitou de seu intelecto e conhecimento religioso e linguístico para oferecer aos povos falantes da língua portuguesa um material eclesiástico acessível, contrariando os preceitos de Roma.
Espero ter conseguido responder bem.
Com meus melhores cumprimentos,
Carlos Aldlen Torres de Souza.