André Bueno

A DIFÍCIL ARTE DA SÍNTESE NA HISTORIOGRAFIA CHINESA ANTIGA


Disse Mêncio: “Ao estudar extensamente, e ao discutir minuciosamente o que estuda, o objetivo do Educado é capacitar-se para resumir e explicar com brevidade o essencial”.

 

A questão

Todo estudante preguiçoso, quando começa a escrever seus primeiros trabalhos, costuma afirmar que seus sucintos e rudimentares ensaios são curtos porque são ‘muito sintéticos’. A ideia da síntese é usada como desculpa para um trabalho fraco e malfeito. Quando há pouco para dizer, também há pouco para escrever. Os estudantes com mais vontade, que se desenvolvem e aprofundam seus estudos, trocam a síntese pela loquacidade e pelo prolixismo. Gostam de redigir grandes volumes, parágrafos intermináveis, períodos longos. No desejo de esmiuçar, desdobram-se em aspectos diversos, que muitas vezes escapam do tema central. Com o intuito de afirmar uma ideia, repetem-na constantemente no texto, e reproduzem um nome ou uma assertiva que a complete tantas vezes quanto for necessário. É a vontade de estar certo e de provar um ponto de vista que justifica, assim, a produção de um extenso escrito, cujo peso supostamente manifesta, de forma física e palpável, uma pretensa quantidade de estudo.

Contudo, todo esse processo leva, por fim, à síntese. No ajuste ideal entre a ausência e o excesso, a medida certa é o uso acertado das palavras – em quantidade e qualidade. A arte de escrever exige exercício e paixão, e a habilidade de dizer muito com muito pouco é resultado de anos de treino. Na síntese, se expressa o domínio das expressões e dos sentidos, e dominá-la denota uma compreensão profunda das coisas. Liu Zhiji 劉知幾 [661-721ec] dizia que o mais difícil, justamente, é atingir a síntese. Em seu manual de história, o Shitong史通, ele comentava sobre a economia das palavras nas narrativas:

 

“Se as frases forem supérfluas e as palavras repetitivas, isso dará origem a uma complexidade desnecessária e a uma escrita caótica. (...) na narração dos eventos, uma pessoa hábil em somar palavras desnecessárias, ou liberal com a descrição dos acontecimentos, só faz perder tempo com coisas irrelevantes. Mas se alguém busca extrair o essencial, ele sintetizará tudo numa frase ou sentença. (...) Somente assim podemos separar o supérfluo das narrativas, alcançando seu sentido profundo e central” [Shitong, in Bueno, 2011:24].

 

Liu Zhiji buscava retomar a ideia de captar o essencial dos textos, por meio de uma gramática histórica razoavelmente estabelecida, de acordo com o projeto iniciado desde o século 6aec por Confúcio 孔夫子 no Chunqiu 春秋 [Primaveras e Outonos] [Hong, 2001]. Para ele, os escritos dos sábios deveriam ser sucintos, e estimular a reflexão, dentro de uma tradição consagrada em textos sapienciais [Zhong, 2020]. Confúcio foi austero e econômico nas suas crônicas, e seu modelo foi imitado por vários outros autores posteriores [Schaberg, 2002: 207-9]. As Conversas [Lunyu 論語] também são fragmentadas em aforismos breves e curtos; e Laozi  老子 [século 6aec], contemporâneo de  Confúcio, fundou o Daoísmo 道家com apenas oitenta e um poemas no Daodejing 道德經. Os clássicos antigos [Shijing 詩經, Shujing 書經, Yijing 易經 e Liji 禮記] eram longos - mas Confúcio não os escreveu, e ainda os editou, reduzindo seu tamanho; no século 1aec, a revolucionária escrita histórica do Shiji史記 de Sima Qian司馬遷 [Hardy, 1999] estava longe de ser parcimoniosa; e muitos outros escritores, desejando dar sentido aos sábios, usaram milhares de palavras para explicar algumas poucas. Portanto, esse é o problema: como escrever pouco, e dizer muito? Como fazer uma história sintética, moral e profunda, sem perder em informação e conteúdo?

A história se pretende ser científica, e por isso preza sumamente as fontes. Longas teias narrativas são baseadas nos documentos, e as citações extraídas dos mesmos abundam. Isso é importante: afinal, um autor não deveria sair por aí afirmando, dogmaticamente, que seus livros são válidos, e que se deve acreditar neles, apenas porque ele 'supostamente' sabe. Por outro lado, quem escolhe as fontes? Quem retira delas apenas o que lhe interessa? O desejo de referendar uma hipótese com provas é correto, mas seu uso é sumamente deturpado. Nas humanidades, a manipulação das fontes é constante. Raro são os escritores que reformam seu espírito após lê-las. A coletânea de fragmentos que precede a redação do texto histórico é uma recolha pessoal. Ela é movida tanto pela ciência quanto pela paixão, pela vontade de comprovar uma hipótese pessoal; e por isso, justamente, muitos dos trabalhos históricos nascem com vícios de origem, mais dispostos a demonstrar uma convicção do que necessariamente indicar ou provar uma ideia haurida do estudo. Liu Zhiji, ao comentar sobre o Shiji de Sima Qian – e as histórias modelos que começaram a ser feitas a partir dela – fez uma análise [bastante atual ainda] sobre essa questão:

 

“[Investigando os limites do Shiji], descobrimos que [ele] é vasto e extenso, alcançando tempos distantes. É dividido em biografias e anais, e distribuído em genealogias. Suas discussões sobre a política dos estados são separadas por uma grande distância, e quando descreve os funcionários e governantes de um período, eles não são unificados em um espaço. Esta é a fraqueza desta forma de escrita. Além disso, reunindo todos os seus registros, grande parte provém de memórias antigas e, ocasionalmente, reúne-se de relatos diversos, o que faz com que sua leitura tenha poucos fatos e muitos rumores, mas com muitas explicações sendo fornecidas. Isso é o que incomoda nesse texto. [...] os relatos têm sido misturados e confusos, mas os estudiosos estudaram calmamente este livro, e foram negligentes na leitura de novas memórias. Eles compilam inúmeros eventos, mas a maioria se perde. Pode-se dizer que eles trabalham sem mérito e, portanto, os compiladores devem tomar isso como um aviso” [Liu Zhiji, Shitong: Neipian 內篇, cap.1]

 

Ou seja: desde aquela época, os historiadores já acumulavam milhares de dados, usando-os conforme um conjunto de intenções particulares ou institucionais - desafio que o próprio Liu Zhiji enfrentou, quando trabalhou na secretaria de História do governo [Pulleyblanck, 1961:141]. O quanto isso não afasta, pois, a compreensão dos próprios documentos? Como analisar essas questões?

 

A visão de Conjunto

A leitura das fontes dá a visão do conjunto a que somente o autor poderá acessar diretamente. Qualquer redação é a projeção de suas ideias sobre a leitura desse conjunto. Não há imparcialidade. Por isso, novamente a questão: são necessários textos enormes para recontar uma história da qual se 'sabe o fim' (ou, sobre a qual já se criou uma impressão)? O resumo de uma fonte já é, em si, uma apreciação crítica e sucinta de seu texto.

Isso ocorre porque as crônicas que se utilizam são, em geral, extensas e pesadas. É uma tradição histórica. Os livros se dedicam a milhares de detalhes, e muitos deles caem em discussões intermináveis sobre seus sentidos. Podemos perguntar se essa é uma reflexão importante ou vã. O debate sobre o superficial dificilmente leva ao profundo.

Segundo a premissa levantada por Confúcio, os sábios escolhiam as palavras para que elas expressassem o que eles pretendiam: ‘Com uma palavra, um educado revela sua sabedoria; com uma palavra, ele trai sua ignorância - e é por isso que ele pondera suas palavras cuidadosamente’ [Lunyu, 19:25]. Elas deviam lançar o leitor na contemplação do problema apresentado, que necessitava do pensamento - e não do palavreado - para o seu discernimento [Lunyu, 15:41]; ele próprio afirmava que nada inventava, mas que apenas buscava transmitir o passado [Lunyu, 7:1]. É possível, pois, pensar uma escrita sintética para a história? É plausível uma síntese histórica, cuja reduzida quantidade de palavras corresponda à apropriada qualidade das ideias?

 

Quantas ideias?

As ideias, sentidos ou hipóteses da narrativa histórica podem ser reduzidas, quase sempre, a um número limitado de proposições. Se elas podem resumir o que será detalhado e analisado, porque a própria análise (o discernimento, o 'dissecamento') deve ser tão maior que a afirmação inicial? A 'não-análise' torna uma hipótese, automaticamente, num dogma - o que não é o ideal em história; por outro lado, muitas vezes o aprofundamento de uma hipótese visa torná-la uma 'verdade' - por conseguinte, um 'quase-dogma'. Não será função do ensaio histórico ser mais propositivo do que afirmativo?

Por isso, um ensaio adequado deveria propor as ideias para a reflexão, deixando-as em aberto, com as indicações de prova, abrindo um caminho para a reflexão. Esse é um aspecto dicotômico, mas aceito dentro da concepção de oposição complementar do pensamento chinês [Bueno, 2004] Se a história não for para refletir, para que servirá ela então? Fechar uma análise histórica é dogmatizá-la numa versão superficial. Então, talvez, é melhor que a deixe ligeiramente em aberto, flexível, pronta à crítica. Pois, o ensaio histórico é um olhar sobre um momento, um evento, sobre algo que foi. Como tal, será sempre passível de mudança e contestação.

 

Quantas palavras?

Se as ideias à serem propostas não devem ser muitas, do mesmo modo, as palavras devem buscar expressá-las do modo mais direto possível. Confúcio falava de 'retificar os nomes' [Lunyu, 13:3], e de atrelar sentidos específicos às palavras. É claro que Confúcio não apreciava polissemias. Por exemplo: quando evitava explicar o Ren , talvez não quisesse usar muitas palavras, abrindo margem a ponderação e a dúvida [Lunyu, 9:1 e 12:1]. Hanyu 韩愈, porém, explicou o Ren em poucas palavras [Bueno, 2011:20]. Hanyu estaria errado?

Confúcio escreveu as Primaveras e Outonos com frases lacônicas, e suas palavras já diziam tudo; mas foram necessários três comentários para explicá-los [o Zuo Zhuan 左傳, Guliang Zhuan 穀梁傳 e Gongyang Zhuan 公羊傳.], dada a distância temporal e histórica que os afastava dos sentidos originais. Muitos séculos depois, Sima Guang 司马光 escreveu o Zizhi Tongjian 资治通鉴[Espelho Completo para o Governo] para explicar e criticar as já longas Memórias Históricas de Sima Qian [Wu, 1988:22-24]. Zhuxi 朱熹, no Tongjian Gangmu 通鑒綱目 [Esboços e Apontamentos do Espelho Completo], dedicou-se a dar sua visão dessas mesmas coisas, estendendo sua análise para outras épocas, mas criticando Sima Guang [Liu, 2017: 25-30] e empregando o método de Confúcio nas Primaveras e Outonos para realizar sua obra [Zhuang, 2017]. Estavam eles errados, ou apenas interpretando uma ideia?

Ao fim, todo esse processo mostra que a raiz era Confúcio, que disse muito pouco; os que se seguiram, tentaram explicá-lo; e hoje, escrevem-se milhares de páginas para compreendê-los.

Parece-nos, pois, que quanto mais distantes no tempo, mais longe ficamos dos sentidos – questão já aventada no Wenxin Diaolong文心雕龍 de Liu Xie 劉勰[?-522ec]: ‘Mas se passaram muitos anos e é difícil distinguir o que é idêntico e o que difere da realidade atual; quando os acontecimentos se amontoam é fácil confundir origem e fim. Precisamente esta é a dificuldade de lograr uma síntese’ [cap.16 in Bueno, 2012: 27]. O que nos aproximaria deles? A interpretação secundária ou a leitura direta do original? Talvez, seja a reflexão que nos transporte ao contexto, ou a ideia central. Esta mesma reflexão é a imaginação, tão cara aos chineses, e tão necessária à construção da história [como propôs Luji 陸機 (261-303ec) no Wenfu 文賦, nos cap. 2 e 3; Cheng Qianfan [1982] e Cheng Wenbiao [2004] argumentam que Liu Zhiji se inspirara diretamente em Liu Xie e Luji para escrever o Shitong, buscando não apenas classificar os conteúdos, mas também os estilos de escrita.]. Tal 'imaginar' só pode advir da reflexão fundada na leitura da fonte; do contrário, tornamos um hábito emprestar conceitos dos intérpretes, e acabamos repetindo-os, sem pensar por nós mesmos. Por isso, é crucial ler o original, e tentar captar o sentido. Assim, fazemos o 'caminho correto', e acessamos os princípios contidos nos textos. Quando isso ocorre, temos a mesma sensação de quando um jovem estudante aborda o mestre, ou um filho pequeno aborda os pais, com uma daquelas perguntas para a qual já sabemos a resposta [É justamente o que representam os ideogramas Xue (Aprender) e Jiao (Educar): ambos são construídos pela imagem de mãos que conduzem uma criança. Ver o dicionário Shuowen jiezi 說文解字, ref.2065 [xue]  e ref.2026 [jiao]. No entanto, foram necessários tantos anos de experiência para saber as respostas, que precisaríamos de milhares de palavras para explicá-las - e tal esforço pode redundar inútil. Então, o que fazemos? Indicamos o caminho, e respondemos com a simplicidade mais direta, sintética e autêntica possível à questão. Ele deverá seguir o trajeto - o aprendizado, o estudo e a reflexão - para encontrar-se com a resposta. Não seria esse o mesmo roteiro que seguimos?

 

Será a escrita da história o mesmo?

Quem sabe ou consegue repetir um parágrafo inteiro, de cor, de um livro erudito? Uma poesia ou uma música são muito mais eficazes nesse sentido. Com poucas ideias, e poucas palavras, elas lançam à reflexão. Não deveria a narrativa histórica, então, fazer o mesmo? Reduzir, sintetizar, propor e deixar refletir? Huang Zongxi黃宗羲[1610-1695] comentava que esses excessos são os ‘lugares- comuns’ do texto, que valem ser suprimidos:

 

"Por ‘lugares-comuns’ entendemos os nunca ausentes pontos de convergência em cada texto, onde se concentra o pensamento de quem carece de ideias próprias. São como ervas daninhas emaranhadas nos textos, e é preciso eliminá-las antes de chegar a captar o essencial. É como a técnica para obter o jade oculto dentro da pedra. Precisamos perfurar a pedra dura para alcançar e ver o jade lá dentro, e não tomar por jade toda a pedra bruta" [apud Feng, 1986:163-4].

 

Tomemos os contos e as piadas; o que elas conseguem, que os escritos maiores não alcançam? O que é extenso torna-se difícil de apreender no todo. Nos contos e anedotas, os detalhes da narrativa revelam o conjunto, e lançam à compreensão do sentido. A narrativa curta e as poucas palavras tornam-na de fácil apreensão. Não serão elas bons modelos, se soubermos utilizá-las?

Liu Xiang 刘向 [77-6aec] escreveu pequenas narrativas sobre sua época e sobre o período dos Estados Combatentes. Faltou-lhe precisar o contexto, mas essa não era sua preocupação central, pois as informações cronológicas eram dadas pelas crônicas. Contudo, ele captou tão bem o sentido dos acontecimentos, que foi equiparado a Sima Qian. Para alguns, é irritante pensar o quanto se pode contestar os vastos escritos do Shiji a partir do Shuoyuan 說苑 [Jardim das Histórias] ou do Zhanguoce 戰國策 [Anedotas dos Estados Combatentes].

Mas um bom historiador deveria se perguntar: porque as pessoas preferem as narrativas mais simples, ao invés das mais complexas? Este é um bom exemplo sobre como a economia na narrativa, se bem feita, é capaz de prender a atenção do leitor. Não se trata apenas de chamá-lo; é de como, ao sintetizar as ideias e palavras, prendemo-lhes a atenção ao sentido.

 

O sentido da proposta

Por esta razão, a proposta desse ensaio é, justamente, sobre a arte de escrever ensaios históricos e filosóficos. A prolixidade parece ser a régua da prova: mas palavras amontoadas só 'provam' pelo cansaço. Um bom ensaio pode ser sucinto e direto. Liu Zhiji afirmou que ‘o mundo muda com o tempo, e perdeu-se a simplicidade original [Qu, 1982:26]; resgatar essa austeridade nas narrativas, e expressar as ideias com precisão, esse é o ponto.

Pode-se perguntar se isso não desmereceria as grandes coletâneas de informações, ou as enciclopédias do saber. Contudo, as coisas devem ser colocadas em seus devidos lugares; fontes de informação são o mesmo que fontes de reflexão? Voltamos ao início desse ensaio; palavras demais não levam à reflexão. As coletâneas de informação são fundamentais; mas sem a síntese, elas são como grandes dicionários de palavras não consultados. A síntese dá-lhes sentido, e encaminha à reflexão. Todo o autor é, portanto, um tradutor de um tema. De sua habilidade e profundidade, decorre a paixão daqueles que o leem e o seguem.

 

Por uma conclusão

Um ensaio sobre síntese que não fosse sintético seria uma contradição. Por isso, devemos pensar no quanto escrevemos para propor algo de fato. Se compreendemos que alcançamos um sentido - e é isso que desejamos expressar - não nos resta muito senão informar, dizer, e deixar refletir. Um ensaio sobre síntese deve ser sintético o suficiente para dizer o necessário e se fazer compreender. Quem entendê-lo, captou o sentido. Quem não, precisa estudar mais. Como disse Confúcio: um sábio não maltrata nem as pessoas, nem as palavras [Lunyu, 15:8]

 

Referências

André Bueno é prof. Adj. em História Oriental da UERJ.

Bueno, André. A História e seus comentários (cap.16 do Wenxin Diaolong). Escritos de História Sìnica. Ebook/Proj. Orientalismo, 2012, p.19-28. Disponível em: http://sinografia.blogspot.com/p/livros.html Acessado em 08 jan. 2021.

Bueno, André. Cem textos de história chinesa. União da Vitória: Unespar/ Kaygang, 2011.

Bueno, André. Não invento, apenas transmito; reinterpretando a escrita historiográfica de Confúcio. Rio de Janeiro: Anais da X Semana de História Política da UERJ, 2015, p.251-260.

Bueno, André. A estrutura do pensar chinês. Crítica na rede, 20 de novembro de 2004. Disponível em: https://criticanarede.com/his_chines.html

Cheng, Qianfan. 《史通》读法《文史知识》5, 1982: 24-28

Cheng, Wenbiao 从《文心雕龙·史传》到《史通》——简评刘知几对刘勰史学批评理论的继承和发展.《沙洋师范高等专科学校学报》n.2, 2004: 71-73.

Durrant, Stephen. The Cloudy Mirror: Tension and Conflict in the Writings of Sima Qian. Albany: State University of New York, 1995.

Feng, Tianyu, 中国思想家论智力 Zhonguo sixiang jialun zhili (La inteligencia a los ojos de los pensadores chinos). Shanghai: Ediciones en Lenguas Estranjeras, 1986.

Hardy, Grant. Worlds of Bronze and Bamboo: Sima Qian’s conquest of History. Nova Iorque: Columbia University Press, 1999.

Hong, Zhiyuan《史通》叙事尚简论初探《温州师范学院学报》n.2, 2001: 22-27

Liu, Rong. 道德史观的强化——从《资治通鉴》到《资治通鉴纲目》.《江南大学学报人文社会科学版》5, 2017: 25-30.

Liu, Zhiji. Traité de l'historien parfait. Chapitres intérieurs. Damien Chassede [trad.] Paris: Belles Lettres, 2014.

Lunyu 論語: Confúcio. Os Analectos. Simon Leys (trad.) São Paulo: Martins Fontes, 2005.

Meyer, Andrew. The Frontier between Chen and Cai: Anecdote, Narrative, and Philosophical Argumentation in Early China in Queen, Sarah e Van Els, Paul [orgs.] Between History and Philosophy: Anecdotes in Early China. Albany: State University of New York Press, 2017: 63-98.

Pines, Yuri. Zhou History and Historiography: Introducing the Bamboo manuscript Xinian. T’oung Pao, 100, n.4 v.5, 2014: 287-324.

Pulleyblank, Edwin. ‘Chinese Historical Criticism: Liu Chihchi and Ssu-Ma Kuang’ in Beasley, W. e Pulleyblank, E. [orgs.] Historians of China and Japan. London: Oxford University Press, 1961: 135-166.

Queen, Sarah e Van Els, Paul. Anecdotes in Early China in Queen, Sarah e Van Els, Paul [orgs.] Between History and Philosophy: Anecdotes in Early China. Albany: State University of New York Press, 2017: 1-40.

Qu, Lindong. 读《史通》札记《史学史研究》n.2, 1982: 26-31

Schaberg, David. A Patterned Past: Form and Thought in Early Chinese Historiography. Harvard: Harvard East Asian Monographs series, 2002.

Wang, Shouzheng 论《史通》的史学比较.《河北学刊》n.3, 1997: 96-100

Wu, Huaiqi. 《资治通鉴》的价值和司马光的历史观. 《史学史研究》n.2, 1988: 22-32

Wu, Wenzhi 刘知几《史通》的史传文学理论《江汉论坛》n.2, 1982: 62-66.

Zhong, Yuewen《史通》:中国第一部系统的史学理论著作《月读》n.6, 2020:36-44

Zhuang, Dan. 朱熹春秋学思想与其《资治通鉴纲目》新论《漳州职业技术学院学报》1, 2017: 15-19

11 comentários:

  1. Olá, professor. O senhor considera que as grades curriculares de História deveriam dar mais atenção a essa dimensão, da linguagem e da escrita? Essa dificuldade de síntese, entre outras carências dos historiadores ao escrever, seria um fator para que o mercado editorial, tantas vezes, optasse por obras pretensamente “historiográficas” assinadas por profissionais do Jornalismo, Direito, Ciência Política, Artes, etc.?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Bruno, tudo bem? Obrigado pela pergunta =)
      Sim, eu tenho certeza que a atenção a escrita é algo fundamental nos cursos. Em geral, as disciplinas que propõe aspectos técnicos [projeto, monografia] dão atenção ao formato, mas não a articulação entre eles e a produção escrita. Em geral, todos nós começamos escrevendo muito mal na faculdade. Isso vem desde a época da escola, onde aprendemos a dar respostas diretas e específicas, sem aprender a dissertar, ou mesmo, só usamos termos isolados, sem treinar a arte de exprimir-se. As famosas 'aulas de redação' com certeza podem ser melhor exploradas de forma interdisciplinar. Mas... chegamos na faculdade sem aparato, somos lançados na escrita de trabalhos acadêmicos com pouca orientação, e o resultado são ensaios fracos, com dificuldade de expor ideias, sejam eles grandes ou pequenos.
      Bruno, você chamou a atenção para um detalhe muito importante, que enriquece ainda mais essa nossa conversa: concordo plenamente, um livro de história chato e demasiado cientificizado afasta as pessoas. Obviamente, quando se trata de literatura especializada, não nos preocupamos em atingir largo público; mas o abismo que existe hoje entre a população e o curso de história é esse afastamento, essa lacuna, entre uma escrita bem feita e o interesse literário. Ou seja: os historiadores tem dificuldade de se expressar em linguagem acessível. É claro, as vezes eles tem um cuidado com as ideias que pode complicar a escrita, mas supor que apenas um bom tema tornará um livro famoso é um equívoco sério, que tem feito com que as estantes de história estejam abarrotadas de livros feitos por não historiadores. Eles escrevem bem, sabem traduzir o material científico feito por especialistas e por vezes, imprimem algum particularismo na narrativa [o que pode ser ruim ou não, depende sempre do tom e da intensidade]. Alguns desses livros podem conter erros sérios, mas eles são muito eficazes em convocar os historiadores a repensar seu papel na vulgarização dos saberes. =) Grande abraço!

      Excluir
  2. Texto excelente e que deveria circular entre os mestrandos e doutorandos, mas também entre quem os orienta... É importante para todos os que escrevem, mas considero que pode ser de grande utilidade para quem está fazendo o grande esforço que é apresentar os resultados de suas pesquisas em dissertações ou teses que vão ser analisadas por uma banca. Sugiro que os colegas que dão as disciplinas de projeto, monografia, etc. o incluam na sua bibliografia!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Cara Prof. Palazzo, agradeço por suas gentis palavras e pela sua apreciação, que muito valorizam o texto! Obrigado =)
      André Bueno

      Excluir
  3. André Silva Pereira de Oliveira Ribeiro7 de outubro de 2021 às 08:18

    Excelente texto! Muito pertinente. Norteador em diversos sentidos.
    Obrigado.

    ResponderExcluir
  4. Boa tarde! Além da síntese, o senhor acha que o uso de uma linguagem menos "rebuscada" nos textos, livros e artigos usados em História poderia ajudar a aprender a prender a atenção e o interesse?
    Atenciosamente,
    Iuri Biagioni Rodrigues

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Iuri, obrigado pela pergunta.
      Tenho certeza! Estou ciente da necessidade de uma linguagem científica/estruturada, mas a questão é que os textos acadêmicos não circulam por serem ilegíveis a maior parte do público; além disso, muitas vezes são mal escritos mesmo, confundindo palavrório com conteúdo e estilo... o exercício de escrever para o público em geral aperfeiçoa nossa sensibilidade e artesania no ofício da escrita, e penso que é sumamente necessário. Liu Zhiji pensava nisso, pois afinal, se as pessoas lembram de poemas e músicas, porque não conseguem guardar escritos em prosa? Se não conseguimos passar as ideias, o texto perde sentido de existir. =)
      grande abraço!
      André Bueno

      Excluir
  5. Olá professor André! Parabéns pelo excelente texto!
    Gostaria de levantar duas questões para sua reflexão:
    Primeiro, até que ponto a busca pela síntese nos textos de história podem empobrecer o debate público sobre determinado tema de estudo? O que fazer para que a síntese não caia numa simplificação e generalização, principalmente em temas complexos e espinhosos?
    Segundo, o senhor acredita que sintetizar os mais importantes temas da história chinesa pode ser a chave para conseguirmos colocar o estudo de história da China nos currículos da educação básica brasileira a fim de trabalharmos com maior dignidade e qualidade este tão interessante e ainda pouco explorado campo historiográfico?
    Desde já agradeço.

    Oscar Martins Ribeiro dos Santos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Oscar, obrigado pela leitura e pelas perguntas!
      Acho que os autores chineses que discutimos aqui tinham essa mesma preocupação: se a questão é propor poucas ideias para apreenderemos melhor o conteúdo e sermos levados a reflexão, como fazer isso em poucas palavras sem perder algum desses lados? Como dito no inicio, o problema justamente é que muita gente confunde síntese com texto mal feito; ou transforma síntese em um resumo de ideias dogmáticas a serem repetidas. Por outro lado, como fazer um texto do qual as pessoas se lembrem? Ainda hoje, é mais fácil lembrarmos de um conto de que um capítulo de um livro de história.
      Por isso que acredito firmemente que, por mais erudito ou acadêmico que alguém se pretenda, deve sempre se exercitar em escrever ao grande público. É fundamental! Esse abismo que existe entre os livros didáticos e a produção acadêmica está nisso: uns escrevem pra poucos lerem, outros escrevem pouco pra muitos lerem - mas poucos deles fazem bem esse serviço!
      abraço!

      Excluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.